Blogueiro faz previsões sobre a economia e a polítical em 2016
Não tenho bola de cristal, mas, no fim do ano, é sempre divertido deixar registradas algumas previsões para o ano seguinte. Tudo chute, claro mas vai que a bola entra? E quem acha que os bancos e consultorias fazem muito diferente? Basta olhar no boletim Focus, do Banco Central. No começo do ano, achavam que o dólar terminaria 2015 em R$ 2,65, e a inflação, em 6,5%. Diante desse retrospecto, não tenho medo de fazer nem de perder minhas apostas para 2016, sabendo que elas não têm valor nenhum. Não me responsabilizo por nenhuma decisão tomada com base nessas previsões. Começo hoje com o Brasil (amanhã pretendo trazer minhas apostas para o mundo):
Inflação A meta do Banco Central, de 6,5%, é uma piada. O IPCA deverá continuar em dois dígitos. Com a atual equipe econômica, não poderá ser diferente. A dúvida é se a inflação chegará ao dobro da meta, 13%. Fiquemos com o ponto intermediário: 11,5% (mais ou menos 1,5 ponto percentual).
Dólar Depois de estourar, não há muito como o câmbio dar outro salto. Temos um bom colchão de reservas, e a balança comercial é hoje mais favorável ao acúmulo de divisas. O dólar deverá terminar o ano como começou, abaixo de R$ 4. Lá pelos R$ 3,80, ou até um pouco menos, uns R$ 3,50.
Desemprego Esta é fácil. Vai crescer, e muito. Minha aposta é que pode empatar com a inflação, lá pelos 12%, ou até mesmo superá-la.
PIB Esta é mais fácil ainda. Vai cair, e muito. A onda de falências, recuperações judiciais, fusões e aquisições entre empresas será brutal. Pode pôr aí uma queda de pelo menos uns 2%. Daí para mais.
Ajuste fiscal Não há como o governo (este governo que está aí) cumprir a meta de superávit de 0,5% do PIB. Eles gostam demais de gastar e, como este ano comprovou, só sabem mentir sobre a meta fiscal. Não querem saber de cortar gastos e já estão sofrendo uma pressão dos diabos para abrir as torneiras (viram os governadores?). Meu palpite é um novo déficit primário. Se o ano terminar no zero a zero, terá sido lucro.
Nelson Barbosa Enquanto Dilma estiver no governo, ele estará ao lado dela. É, definitivamente, o homem errado no lugar certo.
Japonês da Federal Como eu, ele continuará a trabalhar logo cedo. A Lava Jato ainda guarda surpresas na manga e deverá começar a revelá-las ainda em janeiro. Será tão difícil assim comprovar que a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff recebeu dinheiro do petrolão?
Luiz Inácio Lula da Silva Deixará de ser apenas informante. É quase inevitável que pelo menos uma denúncia da Lava Jato recaia sobre ele ou algum de seus familiares. Extremamente improvável que Marcelo Odebrecht ou Léo Pinheiro façam delação premiada. Não dá para dizer o mesmo de Delcídio Amaral ou José Carlos Bumlai afinal, ele nem é tão amigo assim
Eduardo Cunha Cairá, não tem muito jeito. Nem tanto pela mentira a respeito das contas no exterior, mas porque ele próprio, testando a paciência da nação com suas manobras, não para de se dar corda para a forca. Se o Conselho de Ética da Câmara não fizer seu trabalho, o Supremo Tribunal Federal (STF) se encarregará de tirar Cunha da presidência da Casa. Sua queda, porém, deverá trazer um alívio apenas ilusório para o governo no Congresso.
Renan Calheiros Não cairá. Sua situação poderá ficar complicada com novas denúncias derivadas da Lava Jato. Mas Renan é um mestre da sobrevivência política. Seu estilo sorrateiro e articulador deverá lhe garantir fôlego, como tem feito ao longo de toda a sua carreira.
Dilma Rousseff Esta é a mais difícil. O impeachment deverá andar mais devagar depois da decisão do STF sobre o rito a cumprir. Mas não ficará parado. O fator essencial: Dilma continuará a ser Dilma. Sua inépcia política, sua incapacidade para conduzir a economia e seu talento incomparável para a oratória se encarregarão, por si sós, de mantê-la sob pressão. Com ou sem Cunha, ela não terá apoio do Congresso. O resto é com os deuses e com Michel Temer.
Brasil Diante da crise, algum tipo de articulação política para encaminhar reformas estruturais no Estado terá de ser feita. Quem souber aproveitar essa oportunidade pavimentará seu caminho para a Presidência, exatamente como Fernando Henrique fez com o Plano Real.
Esta é a última que sai da caixa de Pandora hoje. Amanhã tem mais. Não deixem de me enxovalhar aí embaixo, ninguém acerta previsões mesmo
Fonte: G1