EconomiaNotícias

BC sinaliza a mercado que evitará nova surpresa

Membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central têm dito a economistas e operadores do mercado financeiro nas últimas semanas que, depois de um surpreendente corte de 0,75 ponto percentual nos juros básicos em janeiro, as chances de uma outra surpresa nas próximas reuniões do colegiado são bem menores.

Segundo relatos de mais de um participante desses encontros, membros do Copom vêm repetindo a argumentação de que o movimento de 0,75 ponto percentual, maior do que o corte de 0,5 ponto esperado pela ampla maioria do colegiado, era consistente com a comunicação de política monetária – que vinculava a decisão à evolução dos novos dados econômicos divulgados.

Mas essas mesmas autoridades do BC tem reconhecido que, embora consistente com a comunicação, ao final a decisão surpreendeu o mercado. No mundo ideal, disseram, o Copom procura sinalizar previamente os seus movimentos seguintes de taxa de juros.

Dirigentes do Banco Central vêm mantendo uma intensa agenda de encontros fechados com membros do mercado financeiro, como costuma ocorrer fora do período de silêncio do Copom. Eles ouviram opiniões de especialistas do setor privado sobre temas como juros e inflação e ofereceram explicações sobre a condução da política monetária para representantes de mais de duas dezenas de instituições.

Nessas conversas, os dirigentes do Banco Central não costumam fazer sinalizações de política monetária além do que já está comunicado nos documentos oficiais, como atas do Copom. Nos mais recentes encontros, enfatizaram que as surpresas são uma exceção na sua atuação de política monetária, e não a regra. E que, logo depois de uma surpresa, como ocorreu, as chances de uma nova surpresa são muito pequenas.

Hoje, a aposta majoritária do mercado financeiro é que o Banco Central vá cortar os juros em doses de 0,75 ponto percentual. A ata da última reunião do colegiado, de janeiro, deixou claro que esse é o novo ritmo de afrouxamento monetário.

Como se trata de um “novo ritmo”, a expectativa majoritária é que ocorram pelo menos dois movimentos de 0,75 ponto percentual. Há analistas que esperam mais três – ou mais – movimentos de 0,75 ponto.

Em virtude da surpresa de janeiro, entretanto, uma parte dos analistas econômicos vinha se perguntando se esse poderia ser um novo padrão de decisão. Alguns não descartavam um corte de um ponto percentual na reunião que ocorre em duas semanas, sobretudo depois de dados econômicos favoráveis, como a queda das expectativas de inflação do mercado financeiro.

Nas conversas com economistas e operadores de mercado, o BC não tem mudado a sinalização de que o 0,75 ponto é o novo ritmo. E tem destacado que, para pisar mais uma vez no acelerador, os requisitos seriam ainda mais altos do que os vigentes em janeiro.

Os membros do Copom têm dito ainda que, na reunião do colegiado de novembro de 2016, um movimento de 0,75 ponto não foi discutido e parecia pouco provável. Mas os dados econômicos, nas semanas seguintes até o encontro de janeiro, teriam evoluído de forma muito mais favorável do que o esperado para a queda dos juros.

Fonte: Valor

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?