BC mantém juros básico em 6,5% pela nona vez consecutiva
O Estadão informa que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu ontem, por unanimidade, manter a Selic (a taxa básica de juros da economia) em 6,50% ao ano, a mais baixa da história. Essa foi a nona manutenção consecutiva da taxa nesse nível.
Apesar da decisão – que era amplamente esperada pelo mercado – o BC aumentou o tom de preocupação com o ritmo de recuperação da economia brasileira.
Para alguns analistas, o fraco desempenho da atividade pode levar o Copom a reduzir os juros no futuro, mas o colegiado mais uma vez pregou “cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária, inclusive diante de cenários voláteis”.
No comunicado divulgado logo após a decisão, no começo da noite, o Copom destacou que o risco de uma inflação menor devido ao fraco desempenho econômico se elevou desde a última reunião, em março.
O Comitê também avaliou que os indicadores recentes da atividade econômica sugerem que a perda de dinamismo observada no final de 2018 teve continuidade no início deste ano.
No último Relatório Focus, publicado na segunda-feira, os economistas ouvidos semanalmente pelo BC reduziram a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 1,70% para apenas 1,49%. Já são dez semanas consecutivas de redução das estimativas dos analistas para o desempenho Patricia Pereira da atividade em 2019.
Ainda assim, o BC voltou a avaliar ser importante observar o comportamento da economia brasileira ao longo do tempo, livre dos efeitos remanescentes dos diversos choques a que foi submetida no ano passado, como a greve dos caminhoneiros, as incertezas do período eleitoral e a crise na Argentina.
Mas, diferentemente das comunicações anteriores, o BC desta vez destacou que deve esperar a “redução do grau de incerteza a que a economia brasileira continua exposta”. “O Copom considera que esta avaliação demanda tempo e não deverá ser concluída a curto prazo”, completou o documento.
Neutralidade. Para a gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimentos, Patricia Pereira, o Copom optou pela “neutralidade” ao manter a Selic em 6,50% ao ano. “Prefiro pensar que o Copom se manteve o mais neutro possível em relação à Selic, porque precisa de mais tempo para julgar os efeitos dos choques do ano passado na economia”, avaliou.
Segundo o economista-chefe do Haitong Banco de Investimentos Brasil, Flávio Serrano, o que impede o BC de cortar juros no momento são as incertezas em relação à reforma da Previdência. “E esse risco se acentua num cenário adverso das economias emergentes se lá fora as coisas piorarem”, lembrou.
O BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário de mercado – que utiliza expectativas para câmbio e juros do mercado financeiro –, o BC alterou sua projeção para o IPCA em 2019 de 3,9% para 4,1%. No caso de 2020, a expectativa continuou em 3,8%.
No cenário de referência, em que o BC utilizou nos cálculos uma Selic fixa a 6,50% e um dólar a R$ 3,95, a projeção para o IPCA em 2019 passou de 4,1% para 4,3%. No caso de 2020, o índice projetado seguiu em 4,0%.
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