BC mantém em 14,25% ao ano a taxa básica de juros –
Comunicado reforçou que a Selic seguirá alta para levar inflação a 4,5% em 2016
Depois de sete aumentos consecutivos da taxa básica de juros, o Banco Central decidiu nesta quarta-feira (2) manter a principal referência para o custo do crédito no Brasil em 14,25% ao ano.
O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) também repetiu a afirmação de que sua estratégia será manter a taxa Selic nesse patamar “por período suficientemente prolongado” para colocar a inflação na meta de 4,5% no final de 2016. A decisão desta quarta foi unânime.
Pelas projeções do mercado financeiro, os juros só voltam a cair em abril e devem fechar 2016 em 12% ao ano.
A inflação ao consumidor acumulada nos últimos 12 meses está próxima de 10%. E deve continuar elevada nos próximos meses, pressionada, por exemplo, pela forte alta do dólar.
Em seus últimos comunicados, o BC afirmou que não poderia reduzir os juros com uma inflação em níveis tão elevados. E que parte da retração econômica está ligada a fatores não econômicos, como a crise política e a operação policial da Lava Jato.
O anúncio da manutenção dos juros foi feito poucos dias depois da divulgação do PIB (Produto Interno Bruto), que mostrou que a economia brasileira entrou em recessão.
Na segunda-feira (31), o governo também apresentou a proposta de Orçamento para 2016, que prevê um deficit de R$ 30,5 bilhões, fator que contribui para reduzir os efeitos da política monetária sobre a inflação.
Apesar dos esforços do BC, a inflação corrente e também as projeções para os próximos anos têm piorado. O próprio governo projeta inflação de 5,40% para 2016, acima da meta do BC.
O ciclo de aumento de juros encerrado neste ano começou em 2013, quando a taxa estava no mínimo histórico de 7,25% ao ano.
A Selic está no maior patamar em nove anos. Os juros reais (descontada a inflação projetada para 12 meses), porém, são menores que em 2006: 8,1% atualmente, ante 8,9% naquela época.
ENTERRO
Funcionários do BC promoveram um enterro simbólico da instituição nesta quarta. Eles protestam contra a possibilidade de o presidente da instituição perder o status de ministro de Estado. Também reclamam da redução no número de servidores e de a remuneração dos seus quadros estar abaixo do que é pago a advogados da União e auditores da Receita Federal.
Houve ainda paralisação de 24 horas das atividades. O Sinal (sindicato da categoria) contratou uma funerária para fazer o protesto, com direito a caixão, carro fúnebre e uma atriz no papel de viúva.
O BC está entre as pastas que podem perder o status de ministério com a reforma administrativa anunciada pelo governo na semana passada.
Fonte: Folha de São Paulo