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Bancos e consultorias reduzem as estimativas para o PIB em 2017 e 2018

Nos últimos dias, vários bancos e consultorias promoveram uma rodada de redução das projeções de crescimento para este e para o ano que vem. As incertezas causadas pela crise política e o resultado do PIB do primeiro trimestre, excessivamente concentrado no desempenho da agropecuária, levaram as instituições a cortar as previsões, um movimento também influenciado pelo comportamento pouco animador dos indicadores já divulgados de abril e maio.

O Itaú Unibanco fez cortes expressivos nas suas projeções, reduzindo a previsão deste ano de 1% para 0,3% e a do ano que vem de 4% para 2,7%. “A complexidade do cenário, a incerteza sobre as reformas e a queda menor dos juros constituem um cenário desafiador e devem pesar sobre a atividade”, diz o Itaú Unibanco, em relatório.

Para a instituição, a perspectiva para o PIB no segundo trimestre é de uma queda de 0,2% em relação ao trimestre anterior, feito o ajuste sazonal, depois da alta de 1% registrada nos três primeiros meses do ano.

O Itaú Unibanco destaca ainda a perspectiva de uma retomada mais lenta na segunda metade do ano. “O ritmo prospectivo menor do crescimento é consistente com a complexidade do cenário, a incerteza sobre as reformas e, em menor medida, a mudança no cenário de juros”, diz o banco, acrescentando que esse quadro incorpora os dados correntes ligeiramente mais fracos no primeiro semestre de 2017. O Itaú Unibanco espera uma redução do ritmo de corte da Selic de 1 para 0,75 ponto percentual na reunião de julho do Comitê de Política Monetária (Copom), com baixas de 0,5 ponto nos encontros seguintes, até chegar a 8% ao ano. Hoje, a Selic está em 10,25%.

A projeção para 2018 também sofreu um grande talho, de 4% para 2,7%. De acordo com o relatório, isso se dá pelos mesmos motivos que afetam o segundo semestre deste ano, além de uma herança estatística “sensivelmente menos favorável pela recuperação mais lenta em 2017”.

O Bradesco também ajustou as suas projeções para o PIB, atribuindo a atualização à ” surpresa baixista com o desempenho dos indicadores correntes de atividade econômica”. O banco cortou a estimativa de 2017 de 0,3% para estabilidade e a de 2018 de 2,5% para 2%. “Essa calibragem deriva, em grande medida, do resultado qualitativamente pior do que o esperado para o primeiro trimestre. Apesar do crescimento de 1%, essa alta foi quase totalmente explicada pelo setor agropecuário, com desempenho ainda fraco da indústria e de serviços”, apontam os economistas do banco. Além disso, o relatório “ressalta que os dados correntes apontam para uma contração de 0,4% do PIB no segundo trimestre, aumentando as dúvidas sobre a intensidade da retomada da economia no segundo semestre”. O banco afirma ainda que esperava uma recuperação mais forte do consumo das famílias e dos investidores do que o sugerido pelos indicadores correntes, considerando fatores como a melhora da confiança, a queda dos juros e uma importante tendência de recuo da inflação.

Na linha do Itaú Unibanco, a MCM Consultores Associados fez uma redução expressiva na projeção para 2017, de 1,1% para 0,2%. A de 2018 recuou de 2,2% para 1,8%. Ao explicar o corte significativo na estimativa para este ano, o analista Antonio Madeira, da MCM, diz que a consultoria esperava para o primeiro trimestre um crescimento de 1,5% em relação ao trimestre anterior. Segundo ele, houve dois motivos para a forte revisão promovida pela MCM – a expansão menor que a projetada no primeiro trimestre e os efeitos da atual crise sobre os investimentos das empresas.

O Banco Safra foi outra instituição a baixar as suas estimativas de crescimento na semana passada. A projeção para 2017 caiu de 0,2% para estabilidade, enquanto a de 2018 foi cortada de 2,5% para 2,2%. Nas contas do banco, a nova trajetória esperada para o PIB neste ano deixará uma herança estatística de 0,3% para o ano que vem, e não mais de 0,6%. Isso significa que, se o PIB não crescer nada em relação ao nível do fim de 2017, a expansão da economia em 2018 será de 0,3%.

Fonte: Valor

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