Bancos de olho no financiamento a franqueados
Com baixa taxa de mortalidade, inadimplência reduzida e capital próprio, redes passam a atrair interesse de instituições
Regiane de Oliveira
Foi-se o tempo em que o negócio de franquias era considerado pelas empresas como uma forma de garantir crescimento sem necessidade de grande capitalização.O setor amadureceu, ganhou credibilidade e agora as franquias estão no alvo do mercado financeiro.
E não se trata só das tradicionais linhas de financiamento para pequenas empresas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil e Caixa. No último ano, instituições como Bradesco, HSBC e Itaú tambémdesenvolveram pacotes de serviços de olho no potencial de crescimento das franquias.
Ricardo Camargo, diretor executivo da Associação Brasileira de Franchising (ABF), afirma que são as baixas taxas de fechamento do setor, inferiores a1%ao ano, aliadas à pouca inadimplência, que tornaram omercado de franquias apetitoso para o setor financeiro.
“Muitas empresas têm buscado financiamento de no máximo 50% do valor de investimento.
Acreditar em crédito de 100% é ilusão porque não interessa ao franqueador”, afirma.
A fundadora da Lavasecco, Maria Alzira Linhares, está animada com a maior oferta de recursos.
A rede de lavanderias tem 11 unidades e nunca utilizou recursos de terceiros para expansão.
Esse cenário tende a mudar, principalmente pelo custo das unidades. “Não dá para começar uma lavanderia com menos de R$ 300mil nomeu setor”, diz. A Lavasecco tem reunião agendada com três bancos para analisar as linhas de crédito e ver se elas se encaixam em seu modelo de negócio. Por enquanto, a empresa continua recomendando que o franqueado tenha 100% de recursos próprios para iniciar o negócio. “Temos de lembrar que as taxas de juros, mesmo sendo menores, ainda são altas”, diz a empresária. A expectativa é que, com o financiamento, os potenciais franqueados possam financiar entre 30%e40%do total.
Não sãopoucas as redesqueoptam por não trabalhar comrecursos de bancos. É o caso da franquia de restaurantes Griletto, que não aconselha os franqueados a buscarem financiamento bancário por conta da burocracia na hora da aprovação. “Trabalhamos comlojas em shoppings, que têm um prazo curto para serem abertas, cerca de 60 dias, e nenhum banco é tão rápido na hora de liberar recursos”, afirma Ricardo José, sócio- diretor da Griletto. Além do mais, os bancos ainda não entenderamadinâmicadonegócio.” Alguns bancos exigemque a empresa que está pedindo o recurso tenha pelo menos seis meses de existência.Eissonãoexiste”, diz.
Outra rede, a Didio Pizza, com nove unidades em São Paulo, também prefere que o franqueado tenha capital próprio. “Acreditamos que ele não pode entrar somente com o sonho do próprio negócio, tem que ter conquistado recursos para realizar este sonho”, afirma o proprietário Elidio Biazini. O empresário afirma que foi procurado pelo Bradesco, mas por enquanto o modelo de financiamento oferecido não atende suas necessidades. “O ideal seria que o franqueado tivesse carência no primeiro ano de operação, com parcelas crescentes, até chegar ao terceiro ano de vida, quando o negócio atinge amaturação”, afirma.
O HSBC entendeu que conquistar este público não é tarefa fácil. “As empresas temem que a saúde financeira de seu franqueado possa ser fragilizada por uma série de motivos. Por isso, temos de ter uma relação equilibrada entre o que é produzido e a capacidade de crédito”, afirma Daniel Zabloski, diretor de pequenas e médias empresas do HSBC. O banco conta com uma área dedicada para o setor de franquias desde 2008 e trabalha para quebrar a barreira que separa os bancos domercado de franquia.
O HSBC tem 20 empresas clientes, entre elas a rede Bobs.
Zabloski afirma que, pela peculiaridade do setor, não existe pacote de serviços pronto. “Buscamos oferecer soluções individualizadas”, explica.
Fonte: Brasil Econômico