Baixa de juros está perto do fim
O Banco Central deverá reduzir o ritmo de queda da taxa básica de juros
(Selic) nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
A mensagem, contida na ata da última reunião, divulgada ontem, ressalta
a cautela da autoridade monetária diante da necessidade de assegurar a
convergência da inflação para a meta deste ano – 4,5% com variação de
dois pontos para cima ou para baixo.
Na ata, o Copom e disse ver “uma margem residual para flexibilização
monetária”. Para o mercado, isso significa que o corte de juro será bem
menor em julho, para quando está prevista a próxima reunião, e que o
ciclo pode acabar já no mês que vem ou, no máximo, em setembro.
O Copom adverte que, com o juro em nível recorde de baixa, a
preservação da inflação benigna depende de monitoramento cauteloso da
economia.
“A despeito de haver margem residual para um processo de
flexibilização, a política monetária deve manter postura cautelosa,
visando assegurar a convergência da inflação para a trajetória de
metas”, avaliou o BC. “O Copom entende, também, que a preservação de
perspectivas inflacionárias benignas irá requerer que o comportamento
do sistema financeiro e da economia sob um novo patamar de taxas de
juros seja cuidadosamente monitorado ao longo do tempo.” O BC também
disse que o desaquecimento da demanda interna gerou uma importante
margem de ociosidade que não deve ser eliminada rapidamente e que tal
movimento reduziu as pressões inflacionárias.
Mas as previsões da autoridade para a inflação em 2009 e em 2010
aumentaram desde abril, segundo a ata, apesar de continuarem abaixo do
centro da meta de 4,5%.
“O Copom avalia que a probabilidade de que pressões inflacionárias
inicialmente localizadas venham a apresentar riscos para a trajetória
da inflação diminuiu.
De qualquer modo, o Comitê reafirma que continuará conduzindo suas
ações de forma a assegurar que os ganhos obtidos no combate à inflação
em anos recentes sejam permanentes.” Fim de um ciclo Para economistas,
o BC está sinalizando o fim do atual ciclo.
Ainda não há um consenso no mercado sobre exatamente quando, ou em qual
patamar, ele se encerrará, mas a maioria das opiniões colhidas pela
Reuters após a divulgação da ata apontam um corte de 0,5 ponto em julho
e mais um, ainda sem magnitude prevista, em setembro. Na semana
passada, o Copom reduziu a Selic em 1 ponto, a 9,25% – O Copom vê que
está se aproximando do fim do ciclo e vê pouco espaço para mais cortes.
Mas não sinalizou uma parada imediata, um encerramento do ciclo – disse
Silvio Campos Neto, economistachefe do Banco Schahin, que estima
redução de 0,50 ponto percentual em julho e talvez mais um movimento na
reunião seguinte do Copom, em setembro.
Newton Rosa, economistachefe do SulAmérica Investimento, tem um cenário mais conservador, de corte de 0,25 ponto no mês que vem e manutenção em 9% até o fim de 2010.
– O BC julga que esse quadro de atividade fraca tem gerado uma inflação
baixa, então significa que há espaço para flexibilização, mas ele
também chama atenção para os cortes já feitos, o que, junto a um
cenário de que a economia mostrará melhora, sugere cautela – disse Rosa.
Fonte: Jornal do Brasil