Aumento da expectativa de vida mobiliza setor de seguros e previdência
Passada a experiência atípica da pandemia da covid-19, em que o mercado de seguros de vida e previdência privada teve atuação emergencial, pagando mais de R$ 7 bilhões em indenizações por morte decorrentes da doença, as seguradoras agora voltam a uma certa normalidade, mas de olho num desafio futuro importante: o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população.
O tema foi discutido na décima edição do Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência Privada, realizado pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida Fenaprevi no último dia 1º e mobilizou as discussões no painel de abertura.
A crise da covid-19 foi inesperada e mesmo assim o setor atuou de forma incisiva, pagando mais de R$ 7 bilhões em indenizações por mortes decorrentes da doença, o que não era obrigação legal das seguradoras. A pandemia demandou muita adaptação não só para manter as atividades, como também exigiu a tomada de decisões históricas visando proteger os clientes e ainda ajudar a movimentar a economia do País, disse na ocasião o presidente da Fenaprevi, Edson Franco.
A experiência foi importante e, como pontuou o presidente do Conselho de Administração do Banco Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, é por meio dela que se garante previsibilidade do setor. Por isso não se pode apenas olhar para a conjuntura atual para analisar o setor de previdência e poupança de longo prazo, afirmou.
É em nome dessa previsibilidade, portanto, que o setor deve observar o fenômeno da população mais velha. Em 25 anos teremos 60 milhões de pessoas com mais de 65 anos, logo, o pacto intergeracional foi quebrado, lembrou o presidente do Conselho da seguradora MAG, Nilton Molina.
O pacto intergeracional a que Molina se refere pressupõe que as pessoas mais jovens, em tese mais saudáveis, paguem um pouco a mais do que seria indicado pelo seu perfil de uso dos serviços de saúde, ao passo que os beneficiários nas últimas faixas etárias paguem um pouco menos.
Some-se a isso a queda da natalidade no País. Tudo isso exige repensar as formas de sustentação econômica para um futuro onde a maior parte da população economicamente ativa será de idosos, alertou Molina.
Para ele, a importância do setor está também em prover a sociedade economicamente, uma tendência irremediável nesse cenário. Somos nós, profissionais de seguro de pessoas, que vamos prover a sociedade. E essa não é uma esperança, essa é uma certeza, disse. Na mesma linha, Trabuco destacou também a função social do seguro de vida, exemplificando o amparo dado a famílias que perdem o provedor do lar repentinamente. Para que o setor permaneça forte e possa continuar provendo em situações como essa, é importante observar os ciclos econômicos e se preparar para lidar com essas mudanças, finalizou.
Tecnologia com segurança jurídica
Na mesma linha da previsibilidade, o membro do Conselho Curador da Fundação Itaú Unibanco de Educação e Cultura, Osvaldo do Nascimento, destacou os avanços da Lei Complementar 109, que regulamenta as previdências aberta e fechada, sobretudo a transparência nos produtos e a melhora no respeito nas relações com o consumidor.
E chamou a atenção para a necessidade de modernizar a regulamentação junto à Susep e demais órgãos reguladores para que o setor possa se adaptar às novas tecnologias com segurança jurídica. A estabilização das regras tributárias também será importante, visto que após as reformas vindouras, teremos algumas assimetrias, coisa que impacta um setor que trabalha com o longo prazo, como o nosso, concluiu.
Fonte: NULL