Arena Amazônia: Uma dívida de 20 anos
A utilidade da Arena da Amazônia, após a Copa do Mundo de 2014, ainda é incerta. Já o tempo que o Estado vai precisar para pagar, com dinheiro do contribuinte, os R$ 505 milhões que está recebendo de bancos para construir a obra está definido: duas décadas.
Se tudo der certo para a seleção brasileira nas próximas cinco Copas (contanto a de 2014), o Brasil já poderá ter conquistado o decacampeonato mundial de futebol, quando o Estado do Amazonas terminar de pagar o dinheiro que está financiando o estádio.
Vital para a realização do evento em Manaus, a construção da Arena da Amazônia está com custo estimado em R$ 550,7 milhões. Desse total, R$ 400 milhões estão saindo dos cofres do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O financiamento com o BNDES, segundo o gerente da dívida pública da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), Rodolfo Bentes, será pago em 180 meses. Os primeiros recursos liberados pelo banco entraram no cofre do Estado no dia 26 de janeiro de 2011. Foi essa data que serviu de base para estabelecer o 15 de janeiro de 2026 como o dia para o governo estadual encerrar o pagamento da dívida.
Como os R$ 400 milhões do BNDES bancam apenas 75% do valor total do estádio, para erguer o restante da obra, como a fachada e a cobertura, o Governo do Estado precisou correr atrás de um outro financiamento. Dessa vez de R$ 105,1 milhões. A transação foi feita com a Caixa Econômica, com o aval do Governo Federal, segundo o coordenador da Unidade Gestora do Projeto Copa (UGP Copa), Miguel Capobiango.
A cinco meses da data prometida para a obra ser concluída (dezembro), a Caixa ainda não assinou o contrato. E nenhuma moeda dos R$ 105,1 milhões pingou no caixa do Governo do Estado. Mas já há um cronograma de pagamento da dívida, segundo a Sefaz: 20 anos (240 meses). Se o recurso for liberado ainda esse ano, a dada para terminar de pagar a dívida é 2033.
Os R$ 45 milhões restantes dos R$ 550 milhões da obra serão pagos pelo Governo do Estado. Como a Caixa ainda não liberou um centavo para o estádio, Capobiango disse que foi o governo estadual que pagou as estruturas metálicas para cobertura e fachada do estádio que chegaram até agora a Manaus. Faltam pagar mais dois lotes desse material.
Considerando a renda obtida com a venda de ingressos no campeonato amazonense de futebol em 2013, será necessário mais de um milênio (1.2010 anos) para pagar o custo da obra da Arena da Amazônia. Um ingresso dos 45,4 mil vendidos em toda a competição custou R$ 10.
Um dos argumentos que engrossa o coro de quem aponta o estádio como um elefante branco é justamente o de que a arena dificilmente será utilizada com a frequência necessária para pagar as contas para conservá-la. O campeonato amazonense dura quatro meses.
Para se ter ideia, o número de ingressos vendidos ao longo de todo o campeonato amazonense em 2013 foi de 45.448. O novo estádio tem capacidade para 44 mil pessoas. Ou seja, daria para colocar na arena, de uma só vez, todos os torcedores que pagaram para assistir os 59 jogos da competição.
Apesar de ter crescido 89,5% em relação a 2012, a média de público pagante no campeonato amazonense de 2013 foi de apenas 770 torcedores por jogo. Dois dos maiores públicos foram o da estreia, na partida entre Nacional e Rio Negro (4.504 pagantes), e da decisão (Princesa do Solimões e Nacional), que teve 5.800 ingressos vendidos.
Fonte: Surgiu Esporte/Seguro Garantia.net