Após decisão do Reino Unido, BC diz que adotará medidas se necessário
Depois de os britânicos decidirem sair da União Europeia (UE), o Banco Central brasileiro informou que, “caso necessário”, adotará medidas para manter o “funcionamento normal” dos mercados financeiro e cambial. O órgão divulgou um comunicado na manhã desta sexta-feira (24).
Em resultado divulgado por volta das 3h desta sexta, os britânicos decidiram em referendo deixar a União Europeia (UE). A opção de “sair” venceu a de permanecer no bloco europeu por mais de 1,2 milhão de votos de diferença.
No Brasil, o dólar chegou a disparar cerca de 2,7%, voltando a operar acima de R$ 3,40, depois de fechar na véspera a R$ 3,445, menor cotação de fechamento desde 29 de julho de 2015. A expectativa dos mercados, então, era de que o Reino Unido permanecesse na União Europeia.
Às 9h49, a moeda norte-americana subia 1,71%, vendida a R$ 3,4019. Na véspera, a moeda havia fechado em queda de 0,99%, a R$ 3,3445 na venda.
Na nota divulgada nesta sexta, o Banco Central informou que monitora “continuamente” os mercados global e doméstico devido à decisão dos cidadãos britânicos.
A autoridade monetária destacou, ainda, que a economia brasileira tem “fundamentos robustos para enfrentar movimentos decorrentes desse processo” e citou as reservas internacionais, o regime de câmbio flutuante e um “sistema financeiro sólido, com baixa exposição internacional” (leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo BC).
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem reunião agendada na tarde desta sexta-feira com o embaixador do Reino Unido, Alex Ellis.
Decisão
A apuração do plebiscito foi divulgada por áreas de votação e a disputa foi bastante acirrada. O “sair” começou à frente e chegou a ser ultrapassado pelo desejo de continuar na UE, mas logo retomou a liderança e foi abrindo vantagem até vencer com quase 51,9% dos votos. Foram 17.410.742 votos a favor da saída e 16.141.242 votos pela permanência.
A vitória do “Brexit” derrubou as Bolsas na Ásia e os mercados futuros da Europa e dos Estados Unidos antes mesmo do resultado oficial ser divulgado. A libra esterlina, moeda do Reino Unido, despencou e atingiu o menor valor frente ao dólar em 31 anos. No Japão, a Bolsa de Tóquio desabou quase 8%.
O referendo derrubou também o primeiro-ministro britânico, David Cameron. “Os britânicos votaram pela saída e sua vontade deve ser respeitada”, afirmou o premiê, que deve deixar o cargo em outubro. Ele ponderou que o país precisa de uma nova liderança para levar a decisão adiante. “A negociação deve começar com um novo primeiro-ministro”.
Oficialmente, o plebiscito não é “vinculante”, ou seja, ele não torna obrigatória a decisão de sair do bloco europeu. Mas o futuro primeiro-ministro britânico dificilmente será capaz de contrariar a decisão da população. Parlamentares também podem bloquear a saída do Reino Unido, mas analistas consideram que isso seria suicídio político.
O presidente do Banco Central da Inglaterra, Mark Carney, afirmou que levará algum tempo para que o Reino Unido estabeleça novas relações com a Europa e o resto do mundo. Disse também uma volatilidade econômica “deve ser esperada”, mas não vai hesitar em tomar medidas adicionais para levar a economia adiante.
Leia a íntegra do comunicado divulgado pelo Banco Central do Brasil:
“O Banco Central do Brasil está monitorando continuamente os desenvolvimentos nos mercados global e doméstico em razão da decisão manifestada pelos cidadãos britânicos no plebiscito de ontem e, caso necessário, adotará as medidas adequadas para manter o funcionamento normal dos mercados financeiro e cambial.
A economia brasileira tem fundamentos robustos para enfrentar movimentos decorrentes desse processo, especialmente, relevante montante de reservas internacionais, o regime de câmbio flutuante e um sistema financeiro sólido, com baixa exposição internacional.”
Fonte: G1