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Apesar de desvantagens, venda de capitalização cresce

Dados da Confederação Nacional de Seguros (CNSeg) mostram que até agosto deste ano a arrecadação dos títulos de capitalização foi de R$ 13,5 bilhões
Em igual período do ano passado esse valor foi de 10,65 bilhões e em 2011 de R$ 9 bilhões. Caso esse crescimento se mantenha, o produto chegará ao final do ano com arrecadação total de R$ 19,84 bilhões.
Muitos especialistas financeiros, no entanto, alertam que esse produto pode ser danoso aos clientes dos bancos. De acordo com o consultor financeiro Valter Police Júnior, o título de capitalização não deve ser uma opção para quem quer realizar um investimento. “Sorteio não é investimento. [Os títulos] são como uma loteria”, afirma Police.
Mas o consultor ressalta que existe um perfil de público para essa modalidade financeira. “Quem gosta de jogar, como apostar na loteria ou em corrida de cavalos, pode se beneficiar da modalidade, pois continuará apostando na sorte e receberá parte do seu dinheiro de volta no final”, explica o consultor.
Normalmente, os bancos vendem esse produto comparando-o com a poupança, que nas condições atuais rende 0,5% ao mês mais taxa referencial (TR). A diferença é que nos títulos de capitalização não é todo o montante pago que renderá como a poupança. Apenas uma parte do que o comprador paga mensalmente é rentabilizado, o resto do valor é destinado à cota de carregamento, espécie de taxa de administração, e à do sorteio que é voltada para custear os prêmios pagos.
Há alguns tipos de títulos de capitalização que funcionam como “poupança programada” que prometem o recurso alocado de volta após o vencimento. No entanto, se esse resgate for feito antes do vencimento é comum que se recupere apenas parte do dinheiro, como uma penalidade.
“Além disso, há um período de carência, geralmente de 12 meses, em que o dinheiro fica realmente preso”, afirmou Police.
Apesar de todas essas desvantagens, o produto continua crescendo de maneira consistente nos últimos anos. Para especialistas, o produto é vantajoso para os bancos que acabam incentivando que os gerentes de suas agências o ofereçam. Dessa forma, as pessoas acabam se interessando pelo produto mesmo que ele não seja tão vantajoso, do ponto de vista de rentabilidade, como uma poupança, por exemplo.
“Para o banco é um ótimo negócio porque, ao contrário da poupança em que parte dos recursos precisa ser destinada para crédito imobiliário, o dinheiro que entra pela capitalização é praticamente de aplicação livre. De quebra ele ainda aumenta a chance de criar uma relação de longo prazo com esse cliente com a possibilidade de vender outros tipos de produtos para ele”, afirmou o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Sílvio Paixão.
Ainda de acordo com o professor, outra vantagem dos títulos de capitalização para os bancos são os custos menores e a possibilidade de aplicar o recurso advindo desse produto de maneira livre, diferentemente de outros tipos de investimento como a poupança, onde as regras do Banco Central (BC) obrigam que parte dos recursos sejam destinados para financiar o crédito imobiliário.
“O banco tem custos operacionais menores e consequentemente uma margem de lucro maior quando vendem títulos de capitalização. Por isso eles continuam oferecendo para seus clientes. Por último o funding para a operação é quase todo dado pelas pessoas que compram os títulos”, analisa o professor.
Do lado do consumidor, o produto atrai pela possibilidade de ganhar o sorteio em algum momento. “Os títulos de capitalização são muito parecidos com produtos financeiros, como poupança, mas oferecem a possibilidade de um ganho fácil, como na loteria. Isso acaba atraindo muitas pessoas, em especial de baixa renda”, afirmou Paixão.
Para o docente, muitas pessoas acabam desconsiderando o baixo rendimento dos títulos por essa possibilidade do sorteio. “Entre ganhar 6%, sem chance de sorteio, ou 3% com a chance de ganhar mais, algumas pessoas acabam escolhendo a segunda opção”, concluiu Sílvio Paixão.

Fonte: Revista Cobertura

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