Anvisa critica resistência de indústrias e farmácias a remédios fracionados
Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília – No Brasil, 28% das intoxicações que ocorreram nos últimos dez anos foram causadas por medicamentos, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na avaliação do governo, o índice poderia ser reduzido caso a compra de remédios fracionados aumentasse, já que esse tipo de medicamento, além de reduzir os custos para a população, evita a armazenagem de remédio em casa.
Na opinião do presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello, é preciso o envolvimento dos conselhos de farmácia e da associação de farmacêuticos para que haja mais divulgação dos fracionados. Em audiência pública hoje (20) no Congresso, ele criticou a resistência de indústrias e farmácias.
“A questão não se configura mais uma discussão técnica e nem sanitária. Está estritamente relacionada à questão de mercado e a saúde não pode ser sobreposta por um interesse comercial. O acesso à população a algo que ela tem direito: o tratamento na dose adequada e na quantidade adequada é o caminho que se busca”, disse o presidente da Anvisa.
“Temos a regulamentação sanitária que julgamos adequada, temos produtos já fracionados à disposição das farmácias, temos indústrias que já produzem os medicamentos fracionados, mas é inequívoca a resistência por uma parte da indústria, principalmente por parte do varejo.”
Dirceu Mello participou hoje de discussão na Câmara dos Deputados sobre o Projeto de Lei 7029/06, que dispõe sobre o registro de medicamento fracionado. O projeto determina a adequação de estabelecimentos e registro de medicamentos, o não repasse do custo da adequação ao consumidor, a não exigência de alteração ou nova licença e autorização de funcionamento para farmácias que comercializarem os fracionados e ainda um prazo para cumprir essas regras.
De acordo com o presidente da Anvisa, apesar da resistência de indústrias e farmácias, a produção de medicamentos fracionados aumentou no último ano. Atualmente, 13 laboratórios produzem 135 remédios de 24 classes terapêuticas diferentes (como analgésicos e antibióticos) apresentados de 507 maneiras.
Fonte: Agência Brasil