Análise climática pode reduzir riscos e sinistralidade
O setor deve investir cada vez mais em questões como as análises climáticas, que podem trazer ganho de produtividade e redução de riscos e da sinistralidade. A afirmação foi feita pelo presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, na abertura do seminário Clima: Monitoramento de Dados e Gestão de Riscos, realizado pela entidade nesta quarta-feira (22). Todos temos a ganhar, salientou Oliveira, citando o exemplo dos produtores rurais que vêm investindo forte em tecnologia e controles específicos.
Ele disse ainda que 86% das empresas do setor de seguros já consideram questões ambientais, sociais e de governança (ESG) nos seus processos de atuação. O clima já é um tema constante em nossa pauta. Recentemente foi, inclusive, tema de uma reportagem em nossa revista que teve bastante repercussão. É fundamental termos informações mais precisas e sofisticadas sobre condições meteorológicas. Creio que o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) tem capacidade para tornar essas informações mais acessíveis para a sociedade e para o mercado de seguros, observou.
Já o presidente do INMET, Paulo Costa, ressaltou, em sua palestra, que o órgão quer ser cada vez útil para a indústria do risco, disponibilizando seus serviços e atuando em sinergia. Esse é nosso propósito. Temos dados, entendimento e visão para isso, assegurou. Costa destacou ainda que há duas formas de aprender: por amor ou com dor. Através da colaboração conosco, será no amor. Apenas cumprindo o que o órgão regulador mandar, será na dor. Então, vamos construir algo. A expectativa é que este namoro vire casamento, pontuou, lembrando ainda que a Susep vai aprovar, em breve, uma regulação para a questão da ESG.
Por sua vez, a presidente da Comissão de Sustentabilidade e Inovação da CNseg, Fatima Lima, acentuou através de participação por vídeo que as mudanças nas condições climáticas estão entre as principais ameaças enfrentadas pelo setor de seguros. Temos que estar preparados. É preciso ter uma carteira mais resistente a volatilidades, antecipar os riscos e oferecer produtos e serviços adaptados a esse cenário, alertou.
Na parte final do evento houve um rápido debate, mediado pela diretora de Sustentabilidade, Relações de Consumo e Eventos da CNseg, Solange Beatriz Palheiro Mendes.
Os debatedores responderam a questões levantadas pelo público.
Veja os principais pontos abordados:
Subvenção no seguro rural (Joaquim Francisco Rodrigues presidente da Comissão de Seguro Rural da FenSeg): O programa de subvenção ao seguro rural do Governo impulsiona muito o mercado. Entre 2000 e 2005, não ultrapassava R$ 50 milhões em prêmios. Já em 2020, chegou a R$ 4,8 bilhões, mas isso representa apenas 15% da área plantada. Em 2021, valor caiu para R$ 1,2 bilhão e, este ano, o valor divulgado, que ainda pode ser cortado, é de R$ 990 milhões. A gente ainda busca, inclusive, uma suplementação de recursos.
Catástrofes: (Isabel Ponce de León Subscritora Senior Agro da Swiss Re): Em 2021, as catástrofes geraram perdas de US$ 270 bilhões, dos quase apenas US$ 111 bilhões estavam segurados.
Chuvas (Samya de Paiva Macedo diretora de Risk Management da Zurich): Pode haver um índice pluviométrico de grande intensidade, sem ter vidas perdidas ou grandes catástrofes, se tivermos tempo maior para ajudar a população. Modelos com maior assertividade e tempo de precisão ajudariam bastante para que possamos atuar nesse sentido.
Parceria (Rodrigo Motroni vice-presidente da NEWE Seguros): Fomos a primeira seguradora a assinar um acordo de cooperação com o INMET. A parceria público-privada é o caminho para o setor no ramo agrícola.
Sustentabilidade (Solange Beatriz Palheiro Mendes diretora de Sustentabilidade, Relações de Consumo e Eventos da CNseg): O regulador é grande parceiro na construção desse caminho da sustentabilidade. Governo e setor privado têm que caminhar juntos.
Fonte: NULL