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Americanos compartilham casas de veraneio

Com a economia em turbulência e o boom imobiliário tornando-se uma vaga lembrança, algumas pessoas agora esperam vender suas casas de férias.
Bem, pelo menos partes dela.
A propriedade compartilhada – um conceito que ganhou popularidade durante o auge do mercado imobiliário quando empresas como a Ritz-Carlton e a Fairmont ofereceram aos compradores uma opção que era um avanço da multipropriedade – chegou para os proprietário individuais de imóveis.
Não é novidade associar-se com um amigo para comprar uma casa na praia ou uma cabana num resort de esqui, naturalmente, mas esses proprietários estão tentando reduzir o custo dos pagamentos de hipotecas, seguros, impostos e manutenção, enquanto exploram o valor líquido da casa vendendo participações múltiplas na propriedade.
Os vendedores podem ser motivados por diversos fatores, disse Paula Gold-Nocella, corretora e fundadora da Global Quarters, que se dedica ao marketing e venda de propriedades compartilhadas.
“Eles querem manter a propriedade e ter acesso ao valor líquido, mas o refinanciamento pode não ser uma opção”, ela disse. “Alguns gostariam de reduzir a dívida. Muitas vezes eles não usam tanto a casa como pensam, então por que não ter parte do dinheiro de volta para seus bolsos?”
Quando adotam o modelo de propriedade compartilhada, os proprietários tiram uma página das empresas de hospitalidade, que venderam participações nas casas com acessórios de luxo, semanas múltiplas de uso e – diferentemente de algumas multipropriedades – escrituras.
Em Hermano Beach, Flórida, Jason Felts tem sua casa de quatro dormitórios de frente para um campo de golfe, completa com uma rampa para barcos, à venda no mercado por US$ 849 mil, para a propriedade integral, ou por quase US$ 150 mil cada uma das sete frações. Ele prefere vendê-la como uma propriedade compartilhada, disse.
“Num mundo perfeito, venderíamos seis frações e manteríamos uma”, disse Felts, que possui a casa desde 2005 e a anuncia no seu website, www.gulfowner.com. “Nós gostamos de ir para a casa e adoraríamos ficar com ela, mas nessa economia é difícil justificar isso. Nós gostaríamos de ganhar algum dinheiro da casa.”
Mesmo os proprietários que não estão financeiramente apertados pensam em fazer vendas de frações como opção.
“Eles estão mais interessados no custo de vida”, disse Andy Sirkin, um advogado que divide seu tempo entre São Francisco e Paris, e presta consultoria sobre estruturação do imóvel para propriedade compartilhada por meio de sua consultora, a Sirkin Paul Associates. “Eles podem examinar o orçamento e pensarem: ?R˜Temos de cortar em alguma parte?R™. Isso pode ser relativamente indolor.”
No verão de 2007, Daljit S. Hundal, que mora no norte de Virginia, comprou uma casa de quatro dormitórios completa com quarto de caseiro, a 365 metros acima do Oceano Pacífico em Dominical, na Costa Rica. Sua intenção era visitar a propriedade de seis hectares, adjacente a uma reserva de vida natural, seis ou sete vezes por ano, oferecê-la para a família e os amigos passarem férias, e eventualmente mudar para o país.
Agora Hundal, depois de concluir que não usa tanto a casa como originalmente pretendia, pensa em vender uma participação de 49% na propriedade, dividida em três frações, para compartilhar o uso e o custo de propriedade da casa entre um pequeno grupo de estranhos.
“Certamente os tempos mudaram”, disse Hundal, observando que seu credor hipotecário na Costa Rica não oferece uma linha de crédito imobiliário pela casa.
“Se eu não tivesse perdido tanto dinheiro na Bolsa, não a estaria oferecendo para propriedade compartilhada. Eu só convidaria a família e os amigos para pegarem um avião e se hospedarem nela.”
Dificuldades
A preparação para vender a fração de uma casa não é tão fácil quanto colocar a casa inteira no mercado para venda integral. Por um motivo, pode ser difícil obter o seguro de um fornecedor existente, então os vendedores pode ter de procurar uma nova apólice. Há também leis municipais, estaduais e, no caso de países estrangeiros, nacionais para cumprir quando se fraciona uma propriedade para venda. As regras de associação de proprietários podem afetar a venda, enquanto as leis estaduais que cobrem as multipropriedades podem exigir que um proprietário registre com o estado e inclusive submeta toda a propaganda pela propriedade para aprovação. Como resultado, um proprietário provavelmente vai procurar evitar as regras de multipropriedade limitando o número de frações.
Em Big Island, no Havaí, Brian Cameron dividiu sua casa de férias em Kona em frações de um sexto que inclui um mínimo de 60 dias de uso para evitar cair nas regras de multipropriedade do estado. “Temos de comprar tempos de dois meses, mas na realidade vamos tentar juntar um grupo que pode trocar semanas entre ele”, disse Cameron, que pretende reter uma fração da casa, que ele possui há dez anos.
Além do desejo de extrair liquidez da casa, que está anunciada no endereço www.newwestpropertiesllc.com, há um fator emocional por trás da opção pela propriedade compartilhada, ele disse. “Por mais que cogitamos vender a propriedade inteira, é difícil partir com tantas memórias boas”, disse Cameron, apesar do fato de que nos últimos anos sua família fez cada vez menos viagens para o Havaí da casa deles em Santa Rosa, na Califórnia. “Nós amamos a casa e queremos passar temporadas nela.”
Utilizando os serviços de consultoria de Sirkin, Cameron preparou a casa para ser vendida em frações com preços de US$ 325 mil a US$ 50 mil.
Ele agora tem um documento de 55 páginas que cobre detalhes básicos como serviços de limpeza e quando trocar o sofá por outro até questões maiores como a constituição de um fundo de reserva e regras sobre como os proprietários podem vender suas frações. Além disso, ele optou por oferecer financiamento para os compradores.
Em algumas áreas, os vendedores de frações estão competindo contra desenvolvimentos maiores de propriedades compartilhadas. Bruce Chadbourne construiu uma casa de três dormitórios, com uma casa de hóspedes de um dormitório, em Calistoga, na Califórnia, no extremo norte de Napa Valley. O imóvel está no mercado em frações de 25% que garantem três meses de uso por ano. A casa, que também está disponível para propriedade integral, é também anunciada no website de seu agente imobiliário, www.homesbyjacqueline.com.
As frações, a US$ 675 mil, são mais caras do que as ações de um décimo das casas compartilhadas do vizinho Calistoga Ranch, um resort de luxo, mas as frações de Chadbourne incluem mais uso garantido. Chadbourne admite que não pode oferecer todos os acessórios do resort, naturalmente, mas ele pode oferecer aos compradores confortos similares. “Não tenho um restaurante”, ele disse, “mas posso oferecer serviço de chef e arranjar degustações de vinho”.
Os proprietários de frações em casas individuais insistem que uma participação partilhada pode ser ideal para a propriedade de longo prazo. Ed e Ginger Booker, de Greensboro, na Carolina do Norte, possuem parte de uma casa veraneio em Fort Fisher, de Kure Beach, na Carolina do Norte, há duas décadas. “Construímos uma casa de frente para o oceano em 1988 e a chamamos de cota de participação do capital”, disse Booker. “Trouxemos a família e amigos para comprar frações”. Booker detém duas frações de 1/13 da casa, enquanto sua esposa é proprietária de uma fração de 1/13 do imóvel.
Com o passar dos anos, o uso da casa tem sido regido pelas regras compiladas por Brooker. “Eu redigi um manual operacional que oferece, em excruciantes detalhes, todas as regras e mesmo os detalhes sobre a cor das fibras do tapete”, disse Booker. “É a bíblia, de certa forma.”
Agora os Booker vendem suas três frações por US$ 154,9 no site www.beachfractional.net.

Fonte: Gazeta Mercantil

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