América Latina: só 32% das perdas são seguradas
A indústria global de seguros deve se preparar para perdas anuais médias de US$ 152 bilhões decorrentes de catástrofes naturais, segundo o relatório anual de Perdas Modeladas de Catástrofes 2025, divulgado pela Veritas, reguladora de riscos que consolida estudos da Swiss Re e da Aon. O levantamento, que utiliza os modelos de catástrofe da Verisk, indica uma alta de US$ 32 bilhões em relação ao ano passado e reflete um cenário de maior frequência de eventos severos, urbanização acelerada e impactos das mudanças climáticas.
Nos últimos cinco anos, as perdas seguradas anuais médias foram de US$ 132 bilhões, contra US$ 104 bilhões no período anterior. “As perdas de catástrofes naturais deixaram de ser anomalias estatísticas: são o novo normal. Perigos de alta frequência estão sustentando perdas elevadas em várias geografias, e as seguradoras precisam evoluir suas estratégias para enfrentar esse desafio”, afirmou Rob Newbold, presidente da Verisk Extreme Event Solutions.
Principais conclusões do estudo
Crescimento da exposição: entre 2020 e 2024, a exposição segurada em países modelados pela Verisk cresceu 7% ao ano, impulsionada por inflação e construção em áreas de alto risco.
Mudanças climáticas: cerca de 1% do crescimento anual das perdas é atribuído diretamente a efeitos climáticos de longo prazo.
Gap de proteção: enquanto na América do Norte 48% das perdas econômicas são cobertas por seguros, na Ásia esse índice é de apenas 12% e na América Latina, 32%.
Destaques regionais
América do Norte: apesar da alta penetração de seguros, os riscos de incêndios florestais aumentam. Os incêndios de Palisades e Eaton, em 2025, geraram até US$ 65 bilhões em perdas econômicas, das quais 60% a 70% seguradas.
Ásia e América Latina: persistem lacunas significativas de proteção, mesmo com o avanço da urbanização e maior exposição.
Europa e Oceania: inflação e expansão urbana puxaram o crescimento da exposição, com taxas anuais superiores a 8% em alguns países.
Avanços em modelagem e regulação
A Verisk apresentou novos modelos de inundação para Malásia, Indonésia e Irlanda, além de atualizações para incêndios florestais na Austrália, terremotos no México, enchentes no Reino Unido, tempestades severas nos EUA e tufões na Coreia do Sul.
Outro marco regulatório foi a aprovação do Verisk Wildfire Model sob o novo PRID framework da Califórnia, o que deve ampliar a oferta de seguros em áreas suscetíveis a incêndios.
“O relatório reforça a necessidade de seguradoras e resseguradoras adotarem modelos de risco que representem a realidade atual do ambiente construído e das mudanças climáticas”, concluiu Newbold.
Fonte: Sonho Seguro – Denise Bueno