Altas das vendas dá novo impulso a seguro de crédito
A explosão do crédito e das vendas no varejo, principalmente para a população de baixa renda, estão levando a reboque os seguros prestamista e de garantia estendida, que assumiram o papel de indutor da popularização dos seguros que o governo pretendia quando regulamentou o seguro popular de carros. O titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), René Garcia, comemora os números. Segundo ele, as seguradoras já estão vendendo uma média de 1,5 milhão de apólices de seguros prestamista por mês, contra apenas 100 mil em média no ano passado e quase zero em 2004.
A modalidade de garantia estendida caminha para vender R$ 1 bilhão em apólices este ano. O garantia estendida só foi regulamentado no ano passado – até então eram registrados como prestação de serviços -, portanto não há estatísticas para comparação.
Já o seguro popular de carro, admitiu, “foi um fracasso”. Idealizado e regulamentado para permitir o seguro para carros com mais de dez anos de uso – hoje recusados pelas seguradoras – o produto nunca passou do “piloto” em uma ou duas seguradoras. O motivo, disse Garcia, foi a falta de um sistema de certificação de peças usadas, que garanta a procedência e a referência de preços para a indenização.
A Susep agora aposta nos seguros de vida para elevar a participação dos do mercado segurador no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro dos atuais 2,5% para 5% nos próximos cinco anos. No Brasil, a área de vida responde por cerca de 17% da produção de seguros, enquanto nos países desenvolvidos, a participação é de 50%. Até na África do Sul os seguro de vida têm peso maior que aqui, respondendo por 56% do setor total.
“O desafio é consolidar a área de vida porque o potencial de crescimento está nas classes C, D e E”, afirmou o superintendente da Susep em entrevista ao Valor. Os seguros populares de vida e auxílio funeral estão fazendo muito sucesso entre as pessoas de renda menor pelo baixo custo mensal e o prestamista é uma mistura de ambos.
São seguros muito baratos, de R$ 3 a 6 por mês, em média, mas há produtos que são vendidos por apenas R$ 1, que cobrem parte ou o total de uma dívida (seja financiamento, seja cartão de crédito, seja conta de luz ou telefone) em caso de falecimento do titular. Alguns contratos dão direito até a uma renda temporária ou uma indenização para a família. O garantia estendida, como o próprio nome diz, alonga de um para dois a três anos a garantia de fábrica de equipamentos eletroeletrônicos. “São produtos importantes para estimular o mercado e criar a cultura do seguro”, explica Garcia frisando que a falta de “cultura” de seguro, somada à deficiência de renda, são os grandes obstáculos ao crescimento do mercado.
Antonio Trindade, diretor da área de Vida e Previdência da Unibanco AIG Seguros, concorda com a análise de Garcia. “Esses produtos levaram a uma enorme quantidade de pessoas o acesso a seguros que antes não tinham”. A Unibanco disputa o mercado de seguros prestamista com a Mapfre e a Panamericana de Seguros, empresa do grupo Silvio Santos.
Segundo Trindade, a Unibanco AIG vendeu R$ 110 milhões em seguros prestamistas no ano passado e caminha para os R$ 900 milhões este ano. O motor dessa expansão, de mais de 36% no período, chama-se crédito ao consumidor. O seguro é contratado junto com os financiamentos produzidos pela área de varejo do Unibanco, que atende mais de 20 milhões de clientes através da Fininvest e as redes Magazine Luiza e Ponto Frio. O seguro quita a dívida em caso de morte ou invalidez permanente do titular e tem uma cobertura acessória para perda de renda em caso de desemprego, em geral o equivalente a quatro parcelas.
Na Mapfre, a comercialização de apólice deste tipo de seguro também aumentou. Bento Aparício Zanzine, vice-presidente de Vida e Previdência da seguradora espanhola, não revela números, alegando que a seguradora está concluindo o balanço do segundo semestre, mas diz que as vendas têm “crescido bastante”.
Para ele, o crédito consignado impulsionou as vendas, mas outros fatores, como o aumento das vendas de produtos financiados também ajudaram. Zanzine acredita que por causa da explosão das vendas nos últimos meses, o seguro prestamista pode estar perto da saturação. “Ainda há espaço para crescimento, mas o mercado está próximo da maturidade”, diz.
A Panamericana de Seguros entrou no mercado de prestamista em 2004. No primeiro semestre de 2006 fechou 56,7 mil contratos com 180 mil segurados, que movimentaram R$ 4,6 milhões em prêmios, um volume 43,7% superior ao equivalente no mesmo período de 2005. A maior parte (88%) são seguros relacionados ao crédito pessoal e ao financiamento de veículos feito pelo Banco Panamericano.
Fonte: Partner Report