Alta sustentável do PIB depende de reformas
A recuperação da economia brasileira tem boas chances de se traduzir numa variação positiva do Produto Interno Bruto (PIB) já no primeiro trimestre deste ano, mas a manutenção das taxas de crescimento num patamar entre 4% e 5% ao ano depende tanto de maior abertura econômica como de mudanças profundas no papel do Estado, acredita o ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni, que fala hoje sobre as perspectivas para o país no seminário “O fim da recessão”. Promovido em conjunto pelo Valor , a Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o evento será realizado na Firjan, das 9h às 13h.
Apesar do cenário político e econômico conturbado, Langoni trabalha com a projeção de um fluxo de investimento estrangeiro direto superior a US$ 75 bilhões para este ano, com base em estimativa do BC. O nível de investimento é similar ao registrado em 2016 e bastante superior ao do período 2011/2015, quando oscilou em torno de US$ 65 bilhões.
“O investidor estratégico tem uma avaliação de risco-país totalmente diferente das agências [de classificação] de risco. Os ´ratings´ refletem de forma exageradamente desproporcional componentes de curto e médio prazo”, explica Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da FGV. O volume de investimento externo direto previsto para este ano seria mais que suficiente para financiar o déficit em conta corrente brasileiro, acrescenta o economista.
Num cenário que leva em consideração a aprovação das reformas, a economia deve crescer 0,5% este ano e 2,5% em 2018. Langoni ressalta também que, para se concretizarem, os prognósticos dependem de relativa estabilidade no cenário externo, sem choques significativos.
“A recessão no seu conceito estrito já acabou”, afirma o economista. Para ele, indicadores como o Índice de Atividade Econômica do BC e o Monitor do PIB-FGV apontam para provável variação positiva do PIB no trimestre móvel terminado em fevereiro, frente aos três meses anteriores. “Outro indicador [do término da recessão] é o comportamento do mercado acionário. Isso é um indicador objetivo da melhora na aversão ao risco. E o mercado brasileiro tem tido o melhor desempenho entre os emergentes”, diz Langoni.
Fonte: Valor