AIG pode ganhar alívio do Fed
O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, está pensando em relaxar as condições de seu empréstimo de US$ 85 bilhões à American International Group Inc., em resposta às maiores pressões financeiras sobre a seguradora, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
As autoridades ainda têm de chegar a um acordo sobre os detalhes, mas entre as opções que estão sendo examinadas estão a redução da taxa de juro do empréstimo e a extensão de seu prazo, atualmente dois anos, disseram as pessoas. O governo pode divulgar as condições revisadas já nesta segunda-feira, quando a AIG deve anunciar os resultados do terceiro trimestre.
O empréstimo foi feito sob pressão, em meados de setembro, na expectativa de que fosse uma ponte de curto prazo até que a AIG pudesse vender ativos para pagar as dívidas. Mas ocorreu apenas horas depois que a Lehman Brothers Holdings Inc. pediu concordata, o que ajudou a jogar os mercados mundiais numa turbulência, complicando aquele plano.
As pessoas que estão acompanhando as vendas de ativos também estão cientes das novas circunstâncias. O momento em que o tumulto no mercado ocorreu foi um “infortúnio”, disse o superintendente de seguro do Estado de Nova York, Eric Dinallo, ao Wall Street Journal.
A AIG informou que vai pagar o empréstimo com a venda da maioria dos negócios que não se encaixam em suas linhas principais, de seguros gerais. Mas a deterioração do ambiente econômico e ameaças às perspectivas de longo prazo da AIG tornaram mais difícil para a empresa encontrar compradores com dinheiro suficiente.
O caixa para grandes aquisições de empresas também anda escasso ultimamente, causando preocupações até para transações que pareciam inabaláveis, como a compra da Anheuser Busch Cos. pela InBev NV por US$ 52 bilhões.
Compradores potenciais “estão tendo dificuldade para obter financiamento”, disse Dinallo.
A escassez está, por sua vez, dando aos potenciais compradores ainda mais poder de barganha, o que torna mais difícil para a AIG conseguir as somas de que necessita. “A avaliação dos ativos está caindo e eles estão usando mais dinheiro”, disse uma pessoa próxima da seguradora. “Não precisa ser gênio para ver que pode haver alguns problemas aí.”
Até 29 de outubro, a AIG havia tomado US$ 65,5 bilhões emprestados da linha de crédito original de US$ 85 bilhões do Fed. As condições do crédito exigem que a AIG pague uma taxa de juro significativa – 8,5% ao ano – por dinheiro que não está tomando emprestado. Ela paga uma taxa mais alta – a Libor de três meses, que está em 2,39%, mais 8,5 pontos porcentuais – pelo que de fato utiliza. (A Libor, taxa do interbancário de Londres, é um parâmetro comum para os empréstimos de curto prazo.)
Pessoas próximas da seguradora queixam-se de que os termos dos empréstimos à AIG são onerosos em comparação com o juro de 5% que o governo cobra de bancos e outras instituições financeiras no pacote de US$ 700 bilhões de resgate do setor financeiro.
Fonte: Valor