Ações caem e valor de mercado encosta no Unibanco
O mercado financeiro tem demonstrado descontentamento com a estratégia agressiva de incorporações do Banco do Brasil. O resultado acaba se refletindo nos papéis da instituição, que amargam uma queda da ordem de 47% nos últimos 12 meses, de longe a maior entre os maiores bancos brasileiros. Com a redução no valor de mercado, o BB passou a ter uma avaliação próxima à do Unibanco, que antes da fusão com o Itaú possuía menos da metade dos ativos do banco estatal, de acordo com dados da consultoria Economatica. No pregão desta quinta-feira, enquanto o Ibovespa subiu 2,87%, as ações do BB fecharam em queda de 2,28%.A principal preocupação do mercado é com o valor que o banco tem pago nas operações. Na assembléia que aprovou a aquisição da Nossa Caixa, que custou R$ 7,6 bilhões, os fundos estrangeiros que são acionistas minoritários do BB votaram contra a operação. De acordo com Rodrigo Dantas, diretor da consultoria Roland Berger, fica difícil fazer uma avaliação sobre qual seria o valor justo a ser pago pelo Banco Votorantim no atual momento de mercado sem realizar uma análise aprofundada sobre as operações da instituição.Do ponto de vista estratégico, porém, o especialista considera que o negócio faz sentido. “Se o negócio for confirmado, o BB complementa o seu portfólio de negócios”, afirma, ao lembrar que a instituição havia ficado para trás em relação aos concorrentes privados em áreas como o financiamento de veículos.Sobre o modelo de negócios proposto, no qual o banco estatal seria sócio da família Ermírio de Moraes sem deter uma posição majoritária, Dantas ressalta o fato de o BB já atuar de forma similar nas parcerias que possui na área de seguros, o que deve facilitar a operação.O negócio também é considerado positivo para a Votorantim. “O grupo precisa se capitalizar, fazer caixa por conta das perdas com operações de derivativos e a venda de uma participação minoritária para o BB resolveria o problema”, comenta Carlos Daniel Coradi, presidente da EFC Engenheiros Financeiros & Consultores. Independentemente da necessidade de caixa do Votorantim, analistas consideram o momento bastante oportuno para o fechamento da negociação. “Não podemos esquecer que o mercado de veículos já atingiu seu auge e tende a cair, enfraquecer em 2009. Na prática, o Votorantim pode fazer uma venda melhor hoje do que, em tese, faria daqui a alguns meses”, diz Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating.Do ponto de vista do comprador, o BB tenta recuperar o terreno perdido para a concorrência. O analista João Augusto Salles, economista da Lopes Filho Consultoria, lembra que a instituição chegou a anunciar em 2008 uma parceria com o FirstRand Bank, da África do Sul, para atuar no financiamento de veículos. “O acordo não vingou e agora o BB pode atingir seus planos comprando o Votorantim.”
Fonte: Gazeta Mercantil