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ACE lucra mais em 2008, com destaque para linhas financeiras

consolidação do mercado aberto de resseguros para ampliar a oferta dos pouco difundidos seguros financeiros no País. Uma das melhores marcas do balanço da companhia em 2008 é o faturamento com apólices de responsabilidade civil para administradores e diretores ou D&O (directors and officers), produto que protege executivos de pagarem do próprio bolso despesas em virtude de casos de negligência ou erros profissionais, além de problemas judiciais às empresas que representam.
Enquanto o ganho da ACE com a venda desse serviço cresceu 16,2% em 2008, atingindo prêmios no valor de R$ 15,7 milhões, o desempenho do mercado foi muito inferior: houve decréscimo de 0,7% no período, com os prêmios caindo de R$ 94,5 milhões para R$ 93,8 milhões. Além do D&O, a seguradora também apresentou bom desempenho com o seguro de responsabilidade civil por práticas trabalhistas indevidas (RC Trabalhista), que oferece a cobertura das despesas da empresa em função de reclamações trabalhistas, incluindo demissões coletivas. O lucro líquido da companhia no ano passado cresceu 3,2%, para R$ 34,6 milhões; o faturamento no mesmo intervalo caiu 0,4%, fechando em R$ 616,4 milhões, de acordo com dados fornecidos pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Segundo Adriano Corleto, gerente de linhas financeiras da ACE, a crise financeira internacional ajudou a incrementar a demanda por esses produtos, apesar da tendência de taxas mais altas por causa da propensão maior a riscos. “Em 2008, o setor se retraiu em prêmios de seguros, mas cresceu em volume de apólices. O mercado ainda desconhece a abrangência da crise e o seu real impacto na economia brasileira, o que têm contribuído com o aumento da procura pelos seguros de D&O e RC Trabalhista, mesmo com as taxas em tendência de alta, principalmente para instituições financeiras”, analisa Corleto.
O executivo explica que o “fenômeno” observado em 2008, quando foram vendidas mais apólices e registrado faturamento mais baixo, pode ser justificado pela concorrência. “Competidores entraram oferecendo as apólices só para dizer que tinham D&O, e o custo era muito baixo. Mas para o serviço dar certo é preciso uma estrutura muito boa, capacidade de retenção local e cobertura focada e ampla.”
Houve ainda, continua Corleto, problemas envolvendo regulação de sinistros com resseguradores. “Este tipo de estrutura pode garantir, até certo ponto, benefícios razoáveis ao segurado. Porém, as apólices não possuem coberturas adequadas e a regulação do sinistro fica a mercê de resseguradores no exterior que, muitas vezes, não compreendem a legislação brasileira. Isso pode comprometer a qualidade do serviço e o recebimento do sinistro”, observa.
Em segunda posição no ranking brasileiro, com participação de 16,73%, a ACE Seguradora já conta com mais de 400 apólices de D&O emitidas, das quais cerca de 85% voltadas a pequenas e médias empresas. “As mudanças no código civil, em 2002, 2003, impactaram esse setor e a procura por nosso serviço começou a aumentar, principalmente a partir de 2005. A gente explorou esse mercado com apólices adequadas e estamos sendo bem recebido por clientes e corretores. A ideia é seguir nesse caminho”, diz Corleto.
ACE X AIG
Rival da AIG no mercado de seguros dos Estados Unidos, a ACE pode se beneficiar com os problemas enfrentados pela concorrente e ganhar participação no país. Em entrevista à rede de televisão “NBC” neste mês, Rob Lutts, presidente da Cabot Money, empresa que gerencia investimentos de longo prazo, listou os percalços enfrentados pela agora seguradora controlada pelo governo norte-americano, entre eles problemas para reter profissionais essenciais e continuar com antigos clientes.
“Há algumas companhias que vão se beneficiar disso. A ACE é uma dessas empresas que deverá adquirir um lote significativo do negócio da vítima. Hoje, o valor de mercado da AIG está em torno de 3% abaixo do declarado em seu balanço. O negócio é de alta qualidade e, por isso, penso que seguramente a ACE vai ganhar com alguns dos problemas da AIG”, avaliou Lutts.

Fonte: Gazeta Mercantil

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