Açaí pode ter relação com alto índice de doença de Chagas
Uma pesquisa do curso de medicina da Universidade Federal do Amapá (Unifap) constatou que a maioria dos casos de doença de Chagas em Macapá é provocada pela contaminação via oral pela ingestão de alimentos. Entre 2011 e 2014, foram confirmados 50 diagnósticos na área urbana e rural da capital amapaense.
O número coloca a cidade acima de média nacional, segundo os pesquisadores, que tem 0,061 registro para cada 100 mil habitantes. Em Macapá, a relação é de 1,7 infectado para a mesma quantidade de pessoas.
Os registros considerados elevados podem ter relação direta com o consumo de açaí, concluiu o estudo da Unifap. A suspeita foi levantada porque 90% das contaminações foram por via oral. O grande consumo do fruto pode ser a explicação para alto índice da doença. A falta de seleção dos caroços possibilita a mistura do “barbeiro”, inseto transmissor da doença de Chagas, ao açaí. Ambos acabam sendo batidos juntos nas amassadeiras.
O açaí é muito consumido na nossa região e é o prato principal. O consumo é bastante intenso e levou a gente a ter essa curiosidade de saber a relação da doença de Chagas com a ingestão desse fruto, comentou o médico e professor da Unifap, Anderson Walter, que orientou os acadêmicos.
De acordo com o estudo, dos últimos quatro anos analisados, 2012 teve a maior incidência, com 16 registros. Em 2013 foram apenas quatro. A faixa etária mais atingida foi a de 35 a 44 anos, com 12 pessoas; e o bairro Marco Zero registrou o maior número de infectados, com 10 casos.
Apesar de não existir relação científica comprovada, a pesquisa descobriu que os altos registros da doença ocorreram no período de safra do açaí.
As duas formais mais frequentes de contaminação é a vetorial através da picada do mosquito e a oral com a ingestão de algum alimento contaminado. No último boletim, ficou comprovado que a maior incidência de número de contágios acontece no mesmo período da safra do açaí, frisou o acadêmico de medicina Marcelo Gladson.
Transmissão
A doença é transmitida por insetos triatomíneos conhecidos como barbeiros, que no seu intestino abrigam um protozoário denominado Trypanosoma cruzi. Este protozoário, quando eliminado junto com as fezes dos insetos pode contaminar o homem.
Fonte: G1