A saúde oral da gestante e do bebê
Maio é o mês em que comemoramos o Dia das Mães. E pensando nelas, vim dar algumas dicas sobre saúde oral que são importantes tanto para o bebê quanto para as futuras mamães.
A gravidez é um momento especial para a mulher pois é quando ela gera uma nova vida. E devido às alterações hormonais, muitas mudanças ocorrem em seu corpo, tanto físicas quanto fisiológicas. Porém, também é especial por ser uma fase em que a mulher está inclinada a ter intercorrências próprias da gravidez, como pré-eclâmpsia, anemia, diabetes mellitus gestacional, entre outras. Por isso, é importante que a mulher faça exames rotineiramente e se consulte regularmente com sua obstetra a fim de garantir um pré-natal saudável.
Entretanto, tão importante quanto a consulta com a obstetra é a consulta com a dentista. Por causa dos hormônios, a região da boca fica mais suscetível a alguns probleminhas que podem ser evitados com os devidos cuidados de uma profissional.
Dentre as principais alterações clínicas que podem acometer a saúde oral de uma gestante, podemos citar:
Cárie: a alteração hormonal propicia a diminuição do fluxo salivar, fazendo com que o ph da saliva fique mais ácido. Esse aumento da acidez da boca inibe a capacidade protetora da saliva (chamada de capacidade tampão). Essa acidez leva à desmineralização do esmalte do dente, formando a cárie.
Gengivite gravídica: é a inflamação da gengiva. A partir do segundo mês de gravidez, há o aumento da progesterona, um hormônio que tem função vasodilatadora, o que pode levar a grávida a ter uma predisposição à inflamação. Por isso, é comum a gengiva sangrar durante a escovação. Esta inflamação pode aumentar se aliada a fatores irritantes como o tártaro.
Doença periodontal (periodontite): infecção dos ossos e ligamentos que sustentam o dente. É a evolução da gengivite, se não tiver sido tratada. A progesterona pode estimular e desestabilizar a flora bacteriana, causando a doença periodontal. Se não tratada corretamente, há risco de contaminação da corrente sanguínea, e aumento na produção de prostaglandinas, um hormônio que provoca contrações do útero. Em outras palavras, uma doença periodontal, em casos muito extremos, pode até provocar partos prematuros.
Como essas, existem outras alterações que podem acontecer e que decorrem da combinação da elevação do nível hormonal com algum fator externo, como tártaro e\ou placa bacteriana. Portanto, é de suma importância que a gestante mantenha as visitas à dentista em dia, e que sua cavidade oral esteja sempre bem higienizada. O ideal é usar uma escova de cerdas macias e o fio dental de forma correta, principalmente antes de dormir, pois, durante o sono há uma diminuição do fluxo salivar.
Quanto à saúde da criança, esta se inicia na vida intrauterina. Nessa fase, a grávida precisa estar atenta ao que ingere para não prejudicar a formação do bebê. No entanto, algumas etapas da gestação merecem uma atenção maior em relação à formação da cavidade oral do bebê:
No segundo mês de gestação, os dentes de leite começam a se formar, por isso, é muito importante que a alimentação da futura mamãe seja rica em cálcio. O cálcio é indispensável para a formação dos dentes e o bebê recebe esse suprimento da alimentação da mãe. Portanto, toda grávida deve privilegiar os alimentos como leite, ovos e outros que contenham cálcio, que sejam recomendados pela obstetra.
Já a partir do quarto mês de gestação, as papilas gustativas se formam e, por isso, é importante a grávida ingerir açúcar de forma moderada, a fim de não influenciar o paladar do bebê.
Muitas grávidas têm dúvidas se podem ou não fazer tratamento odontológico durante a gravidez. Sim, elas podem e devem fazer, porém, tomando algumas precauções.
O tratamento deve ser feito preferencialmente no segundo trimestre (entre o quarto e o sexto mês) de gravidez e a(o) profissional deve evitar o uso de anestésico com vasoconstritor. A anestesia geral não é recomendada.
Quanto ao raio X, a gestante pode tirar radiografias, desde que usando sempre o avental de chumbo e a proteção da tireóide. Além disso, hoje em dia, os aparelhos de raio X, especialmente os digitais, emitem pouca radiação, não apresentando mais tanto perigo quanto antigamente.
E quanto ao flúor, estudos recentes mostraram que a ingestão de flúor durante a gravidez não previne a cárie. Nem na grávida, tampouco na criança, pois o flúor só age quando em contato direto com a superfície do dente. Portanto, manter sempre os dentes limpos mediante escovação com pasta e o uso de fio dental são suficientes para evitar a cárie já que todas as pastas dentais de hoje contêm flúor. E quanto à criança, esta precisa ser condicionada desde cedo a higienizar seus dentes, uma vez que um hábito adquirido na infância permanecerá ao longo da vida.
A saúde oral está atrelada à saúde física. A boca, além de ser a porta de entrada dos alimentos, é parte integrante de um organismo, e não pode ser ignorada, principalmente, durante o período da gravidez.
