A MULHER E O MERCADO DE SEGUROS
Liliana Valle Instituto Catarinense de Pós-Graduação – ICPG Curso de Gestão em Seguros Ernani José Schneider Instituto Catarinense de Pós-Graduação – ICPG Resumo O presente artigo dispõe sobre o crescimento da mulher no mercado de trabalho, enfocando principalmente sua participação no mercado de seguros, bem como sua evolução como compradora de seguros. Destaque-se também a matriarca e “Grande Dama” do setor de seguros, que emprestou charme e competência ao mercado e marcou uma época servindo como referência e exemplo de tenacidade e superação. Por tudo isso, ao apresentar este trabalho, tenho a firme convicção de que a mulher está conseguindo alcançar seu lugar também no mercado segurador, por fazer tudo com muita competência, dedicação, visão, perspicácia e acima de tudo, utilizando-se da sábia intuição feminina. Enfim ao longo deste trabalho constataremos que: A mulher descobre o mercado segurador, e o mercado segurador descobre a Mulher. Palavras-chave: Mulher, mercado de seguros, corretora. 1. INTRODUÇÃO O século 20 trouxe uma nova realidade para a sociedade brasileira. A mulher deixou para trás os tempos em que devia total submissão ao homem e preocupava-se apenas a cuidar da casa e dos filhos. A partir da década de 70 até os dias de hoje, a participação das mulheres no mercado de trabalho tem apresentado uma espantosa progressão. Se em 1970 apenas 18% das mulheres brasileiras trabalhavam, metade delas iniciou o século XXI em atividade. No entanto, o trabalho das mulheres não depende apenas do mercado e das suas qualificações para atendê-lo, mas da importância da família. A presença de filhos que sempre foi decisiva para a mulher ingressar ou permanecer no mercado de trabalho. Se antes havia necessidade de dedicar tempo e atenção física aos filhos, hoje, com o alto custo de vida, a mulher prefere trabalhar para poder atender todas as necessidades deles, já que com a remuneração do homem, quando há esta presença, se tornou insuficiente. Até a década de 70, a maternidade era evidencia pela diminuição das atividades das mulheres quando esta tinha idade próxima aos 25 anos (presumidamente quando tinha filhos pequenos). A partir de meados dos anos 80, entretanto, uma reversão dessa tendência vem se consolidando, indicando que a atividade produtiva fora de casa tornou-se tão importante para as mulheres quanto à maternidade e o cuidado dos filhos. A força de trabalho feminina no Brasil tem persistência em crescer, principalmente no último quarto de século. Estudo realizado pela Fundação Carlos Chagas (apud CQCS – Centro Qualificação do Corretor, 2005, p. 1) afirma que “com um acréscimo de 25 milhões de trabalhadoras entre 1976 e 2002, as mulheres desempenharam um papel muito mais relevante do que os homens no crescimento da população economicamente ativa”. Enquanto as taxas de atividade masculina mantiveram-se estagnadas, ente 73 e 76% em praticamente todo o período, as das mulheres se ampliaram significativamente. Se em 1976, 28 em 100 mulheres trabalhavam, adentramos o novo milênio com a metade do número de mulheres trabalhando ou procurando trabalho”. Neste estudo procura-se demonstrar o crescimento da participação das mulheres no mercado de seguros. Nele se evidencia não só sua participação no mercado de trabalho, mas também sua busca por mais segurança, através de seguros dos mais variados tipos, inclusive o seguro de vida. Demonstra-se também o quanto o Mercado Segurador se preocupa em criar produtos que atendam as necessidades específicas do público feminino. Enfoca-se a participação das mulheres na formação e no desenvolvimento do Brasil, dando destaque à – dama de ferro do mercado de seguros – Sra. Beatriz de Larragoitti Lucas, conhecida pelo mercado segurador como uma mulher determinada, forte e de grande bom senso. 2. MERCADO SEGURADOR – UM LUGAR TAMBÉM DE MULHER O crescimento da presença da mulher no mercado de trabalho se dá em todas as áreas, e em especial no setor de seguros. As mulheres estão tão atuantes que já existe inclusive o “Clube das Luluzinhas”, um grupo formado em setembro de 2003, e que desenvolve um trabalho de integração das mulheres que atuam no mercado de seguros, com o intuito de promover a troca de experiências e estudo de temas de interesse do mundo do seguro e do universo feminino. São personagens muitas vezes anônimas que com firmeza e dedicação constroem um mercado mais humano, mais justo e equilibrado. Em 2004 o Clube realizou dois eventos formais: Assédio e Preconceito no Ambiente de Trabalho e O Caminho do Meio. Hoje, o Clube das Luluzinhas conta com a participação de cerca de 350 profissionais, do Rio de Janeiro e São Paulo, ligadas aos mais diversos segmentos do mercado de seguros. As luluzinhas também estão presentes na rede de relacionamentos Orkut, que traz várias comunidades sobre seguros. A comunidade intitulada Luluzinhas do Seguro é definida por: comunidade criada para reunir todas as mulheres que contribuem para o desenvolvimento do setor de seguros no Brasil. O Orkut é uma rede fechada, onde, portanto, só podem se cadastrar e acessar seu conteúdo pessoas que foram convidadas. Em 31 de Maio de 2005, o Clube das Luluzinhas de São Paulo reuniu 60 participantes para ouvirem a palestra: A mulher e a tecnologia do século XXI, ministrada pelo especialista Manuel Matos, e ainda acompanharam o lançamento do Portal do Clube. A era da informação pode ser bem aproveitada pelas mulheres que ainda hoje se ressentem da falta de tempo para conciliar a vida pessoal e profissional. Esse foi o recado de Manuel Matos, na palestra realizada no Auditório do Sindicato das Seguradoras em São Paulo. Após a apresentação de Matos que tratou da assinatura digital e das oportunidades que esta pode oferecer, as Lulus puderam esclarecer suas dúvidas e conferir que as portas de um novo período estão abertas. Mais do que apenas participar da Rede de Bem Estar Social, que vem sendo amplamente divulgada por Matos, as mulheres aprenderam que, muito em breve, poderão atuar profissionalmente sem a obrigatoriedade da presença física. Esta prática, aliás, surgiu após a Revolução Industrial, que criou o ambiente de trabalho. Antes disso, os artesões, comerciantes, etc. trabalhavam em suas próprias residências. De certa forma, estamos encerrando um ciclo e iniciando outro. Em 13 de Maio de 2005, no Hotel Samuara em Caxias do Sul aconteceu o 3º Encontro Estadual Feminino de Corretoras de Seguros, no qual participaram, mais de 350 mulheres. O evento foi exclusivo para mulheres tanto participantes como palestrantes. A ginecologista e obstetra Luciane Poletto falou sobre Câncer de Mama na atualidade; a comunicadora Lisete Albereci Oselame falou sobre Visão da Mulher Empresária/Executiva, a consultora de Marketing Carla Galo proferiu a palestra Sonhe, Acredite e Realize. Houve apenas duas intervenções masculinas: o presidente do SINCOR-RS, Sindicato dos Corretores e de Capitalização do Estado do Rio Grande do Sul, Sérgio Patzhold, e o presidente da FENACOR- Federação Nacional dos Corretores de Seguros de Capitalização e de Previdência Privada , Sr. Armando Vergílio dos Santos Júnior. De acordo com a Sra. Berenice M.G. Areias, integrante do Clube das Luluzinhas do Rio de Janeiro, da qual faz parte, disse que os clubes do Rio de Janeiro e São Paulo, tem intenção num futuro próximo de promover uma reunião, tipo convenção, de todas as mulheres profissionais de seguros. Tem ainda, como objetivo estabelecer o networking entre mulheres profissionais de seguros, visando contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional das mesmas, independente de serem ou não associadas. Com esse objetivo, o clube implementa as seguintes atividades: • Organização/realização de eventos, sociais e/ou técnicos, abertos a todas as profissionais do mercado; • Veiculação de matérias, técnicas ou não, de autoria de mulheres profissionais de seguros. As matérias são veiculadas a cada quinzena no site do CQCS e no site do próprio clube; • Apoio informal às associadas em questões técnicas de seguros e/ou oportunidades de colocação. Além de discutirem assuntos polêmicos e atuais e de interesse de toda a classe, o Clube das Luluzinhas também ajuda a criar possibilidades de trabalho para a mulher. O Clube tem como objetivo tirar as mulheres de dentro dos escritórios e traze-las para o mercado, para a efetiva participação social. Ao longo desses quase três anos de atuação, o Clube das Luluzinhas, conseguiu uma integração grande entre as mulheres de todos os segmentos envolvidos no seguro, ou seja corretagem, ressegurador, segurador e prestadores de serviços. 2.1. Mulheres corretoras As últimas estatísticas divulgadas pela FENACOR mostram que os homens ainda são maioria, mas o que se percebe no dia-a-dia é que as mulheres estão conquistando seu lugar no segmento segurador. Ainda de acordo com dados da Fenacor, o número de corretores homens, é de 29960, sendo que as mulheres correspondem a 16199 corretoras pessoas físicas. De acordo com Absalão (2005, p.12): Apenas o o estado do Maranhão, Tocantins e Amapá tem mais mulheres do que homens na atividade, sendo 17 homens e 26 mulheres no Amapá (todos os ramos), 30 x 41 no Tocantins e 131 x 168 no Maranhão. No Rio de Janeiro e em São Paulo a relação é de uma mulher para cada 2 homens corretores. A pior relação homens x mulheres corretores está no estado de Santa Catarina, onde há UMA mulher para cada 3 corretores. Com relação a este percentual eu me lembro que em 1974 quando iniciava na área de seguros esta relação era infinitamente inferior. Em 1987 participava do evento de posse do primeiro Presidente da ACTS – Associação Catarinense de Técnicos em Seguros, Sr. Ari Leandro Gonçalves, que ocorreu no Hotel Plaza Hering, em Blumenau-SC, onde estavam presentes várias personalidades do mercado segurador. Na hora do discurso do representante da APTS – Associação Paulista de Técnicos em Seguros, o Sr Luis López Vázquez (1987) mencionou “meus senhores e minha senhora, aqui presente” lá estava mais de 100 homens e apenas uma mulher (eu). Ao chegar no local e me deparar com tal quadro desejei ir embora, mas então Sr. Elviro de Zutter colega de trabalho sorriu e disse “sonho todos os dias em chegar num local com mais de 100 mulheres e somente eu de homem”, achei graça e fiquei… Em 1991 quando ao assumir pela primeira vez a Presidência da ACTS, incluí como uma das metas da Diretoria trazer mais mulheres a participar de eventos, inclusive fazendo parte da Diretoria. Sem dúvida este objetivo foi alcançado, pois nos meus três mandatos como Presidente da ACTS sempre tivemos mulheres na Diretoria e também a participação de muitas securitárias e corretoras, participando dos eventos. Em 1999, quando esteve em Blumenau o Sr. Osmar Bertacini Presidente da Humana Seguros Pessoais, para proferir uma palestra sobre Seguros de Vida, no Teatro Carlos Gomes este mencionou sua satisfação em ver no auditório um número expressivo de mulheres. Em maio de 2004 a revista Mapfre Seguros, fez uma homenagem a corretoras de seguros de diversas partes do país, e deu destaque ao fato de eu estar a frente da ACTS, aliás Santa Catarina até então era o único estado a ter uma mulher na Presidência da Associação. Gostaria de demonstrar estatisticamente a evolução do percentual de mulheres corretoras de seguros ao longo dos últimos 3 anos, porém consultando diversos órgãos do mercado e inclusive o SINCOR-SC – Sindicato dos Corretores do Estado de Santa Catarina, o mesmo dispõe tal informação, somente a partir de 2004 . As estatísticas que encontrei mencionam tão somente atuação por ramo de seguro, e aí então se percebe bem a atuação forte das mulheres nos ramos de seguros de Benefícios (Vida, Saúde e Previdência Privada). Tabela 1 – Percentual de Corretores por sexo Ano Feminino Masculino 2004 35,09% 64,91% 2005 Até Agosto 34,86% 65,14% Fonte: CQSC – http://www.segs.com.br// – 2004 Fonte: Sincor – Até Agosto 2005. Ainda de acordo com o Sr. Jaime Hort, do SINCOR-SC (2005): Na região de Blumenau o percentual de mulheres corretoras é de 23,05%. O grande problema, para se conseguir estatísticas concretas está, nas seguradoras de bancos, pois, contratam mulheres para comercializarem seguro de vida e previdência e depois demitem e não dão a devida baixa no Sincor,. Quando ocorre um recadastramento as mesmas deixam de ser recadastradas e o Sincor acaba perdendo o controle de quantas mulheres atuam no mercado de seguros. Se no ramo da corretagem elas estão cada dia mais presentes, com certeza este número não é diferente nas seguradoras, onde se verifica uma grande atuação e crescimento da participação feminina 2.2 – Mulheres securitárias Em 2002 o mercado segurador brasileiro empregou diretamente 43.863. Sendo que deste total, 28.412 empregados tinham o curso superior completo e 1902 profissionais tinham habilitação em mestrado, doutorado ou pós-graduação. As mulheres 21.206 representavam cerca de 48,3%. Em 2003 a maioria absoluta da força de trabalho do mercado segurador 71,5%, tinha curso superior completo ou achava-se em vias de completá-lo. Dentro desse quadro de profissionais de elevada escolarização, as mulheres representaram a maioria 51%, cabendo aos homens o complemento de 49%; em termos absolutos, 20.352 eram mulheres e 19.620 homens. O Balanço Social de 2004 ainda não está publicado, em pesquisa informal em mais de 30 seguradoras, o resultado foi de 53% a participação das mulheres no mercado segurador. Porém este percentual se altera substancialmente quando se trata de seguradoras que trabalham exclusivamente com seguro de pessoas, seguros de vida em grupo, previdência privada e capitalização. É o caso da Humana Seguros que possuí 73%, de mulheres em seu quadro funcional. Tabela 2 – Percentual de Funcionários que atuam em Seguradoras por sexo Ano Feminino Masculino 2002 48,3% 51,7% 2003 50,9% 49,1% 2004 53,8% 46,2% Fonte: FENASEG Balanço Social – Seguros Previdência e Capitalização 2002 FENASEG Balanço Social – Seguros Previdência e Capitalização 2003 2004 – Pesquisa feita por e-mail para 30 Seguradoras. No IRB Brasil RE, do total de 100 cargos de chefia, 46 são ocupados por mulheres. Esse é o principal dado dos indicadores do corpo funcional da resseguradora. O mesmo percentual é apurado quando se trata relação entre a soma dos postos de trabalho gerados pela empresa que tem 539 funcionários e o número de mulheres que lá trabalham. Outra informação relevante é que, apesar do concurso público realizado no ano passado, a idade média do corpo técnico do IRB é bastante elevada: 74% dos funcionários da resseguradora têm mais de 45 anos. Vale ressaltar que, no final de 2003, esse percentual era bem maior, atingindo o patamar de 93,6%. Também na FUNENSEG – Fundação Escola Nacional de Seguros, de acordo com informações obtidas através da responsável pelo núcleo do estado de Santa Catarina, Sra. Marizele Boldo (2005) as mulheres representam 76%, do quadro de funcionários da mesma. a nível Brasil. Se até agora foi enfocado a participação das mulheres de uma maneira geral, não poderia deixar de dar destaque especial a uma mulher que teve uma atuação extraordinária no mercado de seguros. 2.3. A dama dos seguros O livro Dicionário Mulheres do Brasil, de 1500 até a atualidade, é fruto do Projeto Mulher – 500 anos atrás dos panos, que nasceu com a proposta de resgatar e divulgar a participação das mulheres na formação e no desenvolvimento do Brasil. Desde 1500 a 1890 a mulher indígena, de fato, foi o marco inicial da história das mulheres no Brasil se recuássemos até a sociedade indígena antes da chegada dos portugueses; desvendaríamos a condição da mulher índia no seio de sua própria cultura. De 1890 a 1975, considerando-se que o século XX foi, sem dúvida, o século das conquistas femininas – obtidas pelo esforço de inúmeras mulheres que se engajaram em movimentos de afirmação de direitos, foram definidos critérios específicos que refletissem as transformações que se descontinuaram a partir do momento em que as mulheres conquistaram espaços públicos. O movimento pelo acesso a educação, pelo voto, a luta por ideais políticos, a afirmação da mulher pelas letras e pelas artes, a conquista do poder político, todas essas lutas foram contempladas no processo de seleção de nomes do século XX. Entre algumas das mulheres que se destacaram temos: Anita Garibaldi – Heroína; Carlota Joaquina de Bourbon – Princesa do Brasil, Rainha de Portugal; Chiquinha Gonzaga – Compositora, maestrina e abolicionista; Helenira Resende de Souza Nazareth – Ativista, política vítima da ditadura militar; Irmã Dulce – Religiosa; Ivete Vargas – Política; Maria Bonita – Cangaceira; Maria Luiza Fontenelle – Primeira Prefeita de Capital; Marta Suplicy – Sexólogo, política e feminista; Olga Benário – Ativista política; Princesa Izabel – Princesa Imperial, única mulher brasileira a governar o país; Potira – Índia tamoio; Raquel de Queirós – Escritora, primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Com certeza se este livro se estendesse até os dias de hoje não ficaria de fora a mulher que marcou a história do mercado de seguros brasileiro, Beatriz de Larragoiti Lucas. Ela assumiu o leme do Grupo SulAmérica em 1982 , e, com apenas sete anos de atuação no mundo dos negócios, revelou-se uma estrategista de primeira linha. Foi sob seu comando que a SulAmérica retomou a liderança do mercado segurador brasileiro e redesenhou seus novos caminhos. Aos cinqüenta anos, toda a experiência profissional de D. Beatriz se resumia às atividades de intérprete em reuniões patrocinadas pela Unesco, na França, onde vivia com seu marido. Mas, diante da doença do pai, retornou ao Brasil para dar continuidade, ao lado de sua irmã, ao processo de sucessão da família Lorraigotti à frente da SulAmérica. Ela gostava de conhecer todos os processos e procurava saber tudo o que acontecia na companhia. Além das conversas constantes com os principais executivos, também apreciava muito o contato com os demais funcionários. Com seu jeito doce, mas firme, sempre foi muito querida não só por sua amabilidade, mas também em função da política constante de bem-estar proporcionada pela SulAmérica aos seus colaboradores, aliada à grande preocupação com as questões sociais do país. Foi a Sra. Beatriz Larragoiti Lucas que deu o tom para a postura extremamente leal adotada pela SulAmérica no relacionamento com os corretores de seguros, que vêm, ao longo dos anos, merecendo tratamento privilegiado e digno por parte da seguradora. Essa iniciativa ficará para sempre guardada na memória da nossa categoria econômica Vejamos alguns depoimentos de pessoas que tinham grande admiração, pela postura profissional e carinhosa da Sra. Beatriz. Diz João Elisio Ferraz (2004,p.2) – Presidente da FENASEG – Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização que: No dicionário da atividade seguradora do Brasil, Larragoiti é sinônimo de credibilidade, pioneirismo, determinação e imaginação criativa. O grupo Sul América Seguros tem uma história centenária do exercício dessas virtudes. Beatriz de Larragoiti Lucas acrescenta a essa história a nota pessoal do trabalho feminino para a preservação dos valores que fizeram a grandeza do mercado segurador brasileiro. Minas Mardirossian (2004,p.15) – Vice-Presidente de Produção fala que: […] A alegria contagiante, o respeito e atenção que ela sempre dispensava a todos sem nenhuma distinção, além de sua habilidade e carisma, marcaram uma época na SulAmérica. D. Beatriz participava ativamente de todos os eventos de nossa companhia e, com seu sorriso, encantava a todos. Esse sorriso, aliás, permanecerá sempre como uma homenagem á alegria, ao amor e à vida. Não só os executivos da Sul América e Líderes do Mercado tinham grande estima e admiração pela dama dos seguros, mas também os corretores e funcionários com cargos operacionais da Sul América. Vejamos mais alguns depoimentos: Roberto Naquenberg (2004,p.8) – Sócio da Corretora Miral Seguros, e ex funcionário da SulAmérica reforça: D. Beatriz e meus pais sempre tiveram um relacionamento de extremo carinho, razão pela qual eu via nela a figura de uma tia querida. Era extremamente divertida, com um apuradíssimo senso de humor. Em contrapartida, profissionalmente era muito séria e firme, conduzindo a organização sempre com muita visão e competência. José Ricardo de Almeida Lima (2004,p.17) – Auxiliar de Serviços da SulAmérica há 17 anos fala da empresária: Uma excelente chefe, D. Beatriz me ajudou em vários momentos difíceis de minha vida. Ela era muito preocupada com o bem estar dos que a cercavam, sempre atenciosa não só comigo mas também com minha família. Todos os que trabalhavam com ela ficaram muito tristes quando souberam de seu falecimento. Ela deixará muita saudade. Se a participação das mulheres vem crescendo vertiginosamente, como executivas, auxiliares administrativas e vendedoras de seguros, não é diferente a posição das mesmas, quando estão do outro lado do balcão, como compradoras de seguros. 3. PARTICIPAÇÃO DA MULHER E AS OPORTUNIDADES PARA O MERCADO SEGURADOR A crescente importância feminina na economia. Segundo o IBGE, o número de famílias brasileiras com mulheres ocupando o lugar de chefe de casa cresceu quase 30% entre 1993 e 2003. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) para 2003 indicam que esses casos passaram de 22,3% para 28,8%, nesses 10 anos. De acordo com a Fundação Carlos Chagas, em 2000, elas representavam 54% das matrículas de Ensino Médio e 56% no Ensino Superior. Conforme pesquisa da consultoria Deloitte, elas já ocupam 12,43% dos cargos de direção nas empresas brasileiras e o mais importante de acordo, com Márcia Alves (2004, p.8) “Não foi preciso se organizar em movimentos sociais, nem queimar sutiãs em praça publica para que a mulher brasileira conquistasse seu espaço no mercado de trabalho.” O avanço das mulheres no mercado fez com que elas se tornassem elo de grandes investidas comerciais por parte de empresas. O mercado segurador não fica atrás e está cada vez mais preparado para atender ás necessidades específicas do público feminino. Em geral, as clientes têm idade acima de 30 anos, exercem algum tipo de atividade e a grande maioria possui fonte de renda própria. Os requisitos para conquistar este mercado são: oferecer serviços para a mulher e para sua família. A Indiana Seguros divulgou em Maio de 2005 um levantamento no qual aponta que as mulheres se envolvem menos em acidentes de trânsito. Os dados são de 2004 e mostram o comportamento do público feminino em diferentes faixas etárias, comparados aos do universo masculino. Segundo o estudo, as mulheres mais jovens são mais prudentes ao volante que o sexo oposto na mesma faixa etária. Por exemplo, mulheres de 24 anos batem o automóvel 20% menos do que homens da mesma idade, com danos 15% menores. O número de batidas é menor ainda quando a faixa etária feminina sobe para os 33 anos. Nessa fase as mulheres batem 5% menos do que homens da mesma idade e os prejuízos são 15% menores comparados aos provocados pelo sexo oposto. As mulheres só são superadas pelos homens quando atingem a faixa dos 42 anos, quando batem o carro 8% a mais do que o sexo masculino da mesma idade, mesmo assim com danos 20% menores. O diretor comercial da Indiana, Marcos Machini (2005, p.2), afirma que: Comparada ao homem da mesma idade, a mulher jovem é um risco muito melhor para a seguradora. À medida que aumenta a idade da mulher, o perigo começa ficar próximo ao do homem. Porém, essa constatação depende do estado civil da mulher e se possui filhos ou não em idade entre 17 e 24 anos, completa o executivo. A pesquisa demonstrou também que o homem arrisca mais. No quesito atitude de risco no trânsito, o estudo apontou que 89% dos homens são mais audaciosos enquanto dirigem, contra apenas 10,8% de mulheres com a mesma atitude. A idade do motorista é um fator significativo para análise desse comportamento, que é maior entre os jovens de até 27 anos. Entretanto é preciso considerar que o contingente feminino no Estado de São Paulo é quase seis vezes menor em relação ao masculino, o que representa apenas 15% do total de condutores. São quase 311 mil mulheres habilitadas contra cerca de 1 milhão e 800 mil homens, conforme dados do Detran-SP. No Rio de Janeiro um levantamento feito pelo Detran-RJ comprova que o público masculino lidera o ranking de infrações por excesso de velocidade. Forma 100.960 multas para homens, contra 28.798 para mulher, o que equivale a 2,8 homens para cada mulher multada. Em relação às punições por avançar sinal vermelho, os homens também foram mais impudentes, com 100.290 multas, enquanto as mulheres receberam 32.399 multas. Com base em dados de 2004 a Indiana Seguros revela que a ala feminina se envolve menos em acidentes automobilísticos que os homens. Os dados divulgados em relação ao comportamento de seus clientes revelou que por serem mais prudentes, as mulheres acabam pagando menos pelo seguro de automóvel. Como o público feminino tem um currículo mais “limpo”, existem descontos para a categoria na hora de fechar a apólice do seguro. A diferença nos custos varia entre as empresas, a fidelidade à corretora e o histórico da motorista. Apenas dentro da Indiana Seguros a procura pelo seguro de autos por mulheres cresceu 5% em comparação a 2004. As mulheres têm participação no mix da carteira da companhia de 52%, e já formam a maioria entre os segurados. Para 2005, seguindo a tendência dos últimos anos, a empresa estima que esta fatia cresça em pelo menos, 10% no total da carteira. O aumento na emissão do seguro auto no segmento feminino deve-se ao fato de que a participação das mulheres é cada vez maior no mercado automotivo. Segundo pesquisa encomendada pela WebMotors no segundo semestre de 2004 para o IBOPE/Ratings, o sexo feminino representa 31% dos compradores de carro no país. Em relação aos veículos novos, as mulheres lideram as compras, com 55% contra 35% dos homens. Na WebMotors (2005) empresa do Grupo ABN AMRO, site de compra e venda de automóveis novos e usados na internet, cerca de 36% dos internautas cadastrados são mulheres, contra 64% da presença masculina, que visitam o portal para pesquisar preço e comparar modelos de carros, participar das promoções e saber novidades do setor. Já em relação ao total de anunciantes no site, as mulheres representam 10,6%. Os dados do ASE – Instituto Nacional para Excelência de Serviço Automotivo, (2005) – Portal Nacional dos Corretores de Seguros – confirmam o interesse das mulheres por seus carros e a adesão à manutenção preventiva. Segundo a entidade, hoje em dia as mulheres representam 46% do público atendido em oficinas. Segundo levantamento da WebMotors, (2005), os modelos novos e usados mais procurados pelas mulheres são: 1º Peugeot 206 (15,27%); 2º Ford Fiesta (13,89%); 3º Fiat Palio (12,50%; Ford EcoSport (11,11%); 5º VW Gol (8,33%). Aproveitando esta fatia de mercado as seguradoras cada dia mais, lançam produtos de Seguros, voltados exclusivamente para as mulheres. Elas criam produtos que atendem essa parcela da população cada vez mais preocupada com a saúde e que, hoje, possui maior poder de decisão na hora de contratar um seguro para si e sua família. • Icatu Hartford lançou o Invida Mulher, um seguro sob medida, com benefícios especiais para a mulher de sucesso, que quer garantir no futuro o mesmo padrão de vida que proporciona hoje a seus dependentes. • Mapfre Vida Mulher – Um seguro especial que, além de contar com as coberturas dos planos de vida convencionais, ainda garante indenização antecipada de 100% para o tratamento de doenças como o câncer de mama ou de útero, entre outras vantagens. • Porto Seguro Vida mais Mulher, é um seguro de vida cuja cobertura é a mesma do seguro tradicional e, além da cobertura de Morte Qualquer Causa, ainda conta com uma série de vantagens como cobertura de diagnóstico de câncer, exceto e de pele, segunda opinião médica, serviços emergenciais à residência, descontos em farmácias e clínicas de estética. • Real Vida Mulher – Em caso de Diagnóstico de Câncer de Mama ou Colo de Útero, a segurada recebe 10% da cobertura contratada para o seguro de vida, até o valor de R$ 50 mil. • Unibanco Seguradora, Seguro Mulher, esse seguro fornece uma proteção em caso de Diagnóstico de Câncer, exceto de pele. Não é um reembolso, e sim, um auxílio financeiro, pago de uma só vez. Garante ainda, indenização em caso de Morte Acidental e Invalidez Permanente Total ou Parcial por Acidente. Inclusive ao contratar o Seguro Mulher, a contratante contribui automaticamente para o IBCC – Instituto Brasileiro de Controle do Câncer. Agora sem dúvida é a hora e a vez das mulheres, um dos mais fortes consensos da modernidade é a crescente participação da mulher em todos os setores da atividade humana. Em muitos deles, é verdade, a mulher não apenas participa, como também tem presença absolutamente majoritária: educação, saúde, entre outros. O mercado de seguros insere-se de modo particularmente intenso neste contexto. A participação feminina na carteira das seguradoras é cada vez maior. A procura por seguros vai desde os seguros para Automóveis, Residência e Educacional, até os seguros de Vida, que possuem, inclusive, produtos planejados exclusivamente para elas. Estudos informais detectaram que as mulheres vêem o seguro como um meio de proteger a família e defender o patrimônio. Como pode ser constatado o setor de seguros não descobriu apenas a força do trabalho feminina. A consumidora de seguros também está na mira das empresas seguradoras, que a cada dia lançam mais e mais produtos que atendem as necessidades e beneficiam as mulheres. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Há tempos as mulheres não pilotam só fogão. Elas estão presentes em todos os segmentos, e no mercado de seguros, só na corretagem elas são 16.212 mil profissionais que dignificam a categoria econômica, atuando com muita garra, dedicação, seriedade, respeito ao consumidor e eficiência na arte de comercializar seguros. Não é por acaso que o Banco de Dados da FENACOR vem, nos últimos anos, detectando um rápido crescimento da presença feminina entre os corretores de seguros em atividade no Brasil, nada mais natural, pois se trata de uma profissão que exige muito dos atributos próprios da mulher. Não há dúvidas também que essa “invasão feminina” contribui decisivamente para a excelente imagem que a classe dos corretores de seguros desfruta entre os diversos segmentos da sociedade brasileira Além de estarem crescendo no mercado de trabalho segurador, elas também possuem um poder de compra muito grande, por essas razões, empresas dos mais variados setores continuam voltando seus investimentos para o desenvolvimento de produtos que atendam as necessidades da mulher. Hoje, não apenas empresas de áreas historicamente mais associadas ao público feminino, mas também cadeias produtivas antes dominadas pelo universo masculino estão buscando a criação de produtos que atendam a este público. Na área de seguros não é diferente. A participação feminina na carteira das seguradoras é cada vez maior. A procura por seguros vai desde os seguros para Automóvel, Residência e Educacional, até os seguros de Vida, que possuem, inclusive, produtos planejados exclusivamente para as mulheres. Pesquisa realizada pelo Profuturo – Programa de Estudos do Futuro, da FIA/USP, descobriu que as mulheres terão um poder de compra semelhante ao dos homens em 2010. Celebramos a garra feminina em conquistar com leveza e intuição seu merecido espaço na comunidade executiva. 5. REFERÊNCIA ABSALÃO Vânia, Mercado de trabalho cada vez mais feminino. CQCS – Centro de Qualificação do Corretor de Seguros. São Paulo, 7 mar. 2005. Disponível em Acesso em 10/03/2005. ALVES, Márcia. Elas têm a força. Revista de Seguros, São Paulo: n. 848 p. 8-15 jan/fev/mar 2004. AVANÇO da Mulher traz Oportunidades. CQCS – Centro de Qualificação do Corretor de Seguros. São Paulo, 18. abr. 2005. BALANÇO Social 2002. 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