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A banda acabou, a banda está aqui

Depois de mais de 60 shows na Europa e Estados Unidos, farão em 8 de dezembro uma apresentação no Rio de Janeiro, no Maracanã, 25 anos depois da única visita ao Brasil do trio formado pelo vocalista e baixista Sting, o guitarrista Andy Summers e o baterista Stewart Copeland. Não há uma explicação cabal para a volta do The Police – considerada a maior banda do início dos anos 1980, que misturou ingredientes de rock, jazz e reggae em suas músicas. A banda, criada em 1977, acabou em 1984.
A turnê deverá render mais de R$ 400 milhões com os shows, segundo estimativas da imprensa inglesa – fora o lançamento de livros de Sting e de Summers além da promoção da banda de Joe, filho mais velho de Sting, com voz e jeitão do pai. Sem falar nas inúmeras memorabilias que atraem fanáticos e não tão jovens policemaníacos. Fãs como os de meia idade que se amontoavam no último sábado em filas de duas horas na loja Harrods para colher um cobiçado autógrafo de Sting, assinado em menos de cinco segundos na obra que reúne todas letras de suas músicas.
Dinheiro não parece ser a razão – pelo menos não a única – para a volta do Police. O britânico “The Daily Telegraph” aponta a fortuna de Sting ao redor de 170 milhões de libras esterlinas (R$ 600 milhões). Copeland e Summers vivem bem e, nestes anos todos, continuaram ligados à música. Summers faz exposições de fotografias, outra de suas paixões. Na semana passada, ao lançar na loja da Virgin, em Piccadilly Circus, ponto de encontro da juventude londrina, um livro com 600 fotos do Police selecionadas de 25 mil negativos tirados por ele entre 1980 e 1983, Summers demonstrou grande entusiasmo, num rápido diálogo com o Valor, pela música brasileira. Ele adora bossa nova e tocou inúmeras vezes no Brasil – a última vez no ano passado, com o guitarrista argentino Victor Biglione. Fez até workshop para guitarristas iniciantes.
Sting, maior estrela da banda, que fez carreira solo, certa fase percorrendo o mundo com o índio caiapó Raoni (onde anda?), explicou à imprensa inglesa o estalo que levou à volta do Police. Certo dia, acordou feliz e, simplesmente, decidiu que um modo de surpreender as pessoas era reunir o trio novamente. Empolgado, ligou para os amigos e, pronto, a banda estava refeita – 30 anos depois. Como ele mesmo diz em seu novo livro, não havia muita lógica para o fim do Police. Parece não haver muita para a sua volta.
O trio já sente o peso da idade. Não são mais os moleques de 20, 30 anos de outrora. Uma inflamação na garganta de Sting provocou no início do mês a suspensão de cinco shows da banda na Europa. Na aparência, o cabelo de Sting, de 56 anos, está mais ralo, mas ele continua malhando, comendo guloseimas naturais e propalando as benesses do sexo tântrico. Copeland, de 55 anos, está com cabelos grisalhos e escorridos, mas é tão enérgico e preciso na bateria como no passado. Já Summers, com 64 anos, embora mantenha uma cabeleira loira, revela uma enorme papada em solos de guitarra.
Mas o trio mostra-se tão afinado como nos velhos tempos. No show no Wembley Arena, que pôs fim à turnê européia, no último sábado, em Londres, não há efeitos mirabolantes: o Police não ficou refém das parafernálias das grandes estrelas. Os instrumentos básicos de uma banda de rock – baixo, guitarra e bateria – são os únicos elementos no palco. Telões e painéis eletrônicos vibram a uma platéia britânica de 15 mil pessoas. A iluminação é simples, jogando luzes vermelhas sobre a platéia nas músicas “Roxanne” ou azuis em “Walking on the Moon”. Do começo ao fim, apenas os velhos hits fazem parte do repertório, com as músicas menos conhecidas misturadas aos maiores sucessos. Os arranjos estão mais crus do que nas gravações originais.
Dias antes do Carnaval de 1982, o Police fez dois shows para um vazio ginásio do Maracanãzinho – Herbert Vianna, do Paralamas do Sucesso, que fará a abertura do show no Rio, era um dos presentes. Na apresentação brasileira, a carga de 80 mil ingressos começa a ser vendida nesta sexta-feira, a preços de até R$ 500. Depois de esperar por quase um quarto de século para a volta do Police, fica a sensação para os policemaníacos de que as duas horas do show em Londres recompensam a espera. O velho Police está todo lá, mas a mensagem de Sting, no fim do espetáculo, “nos vemos em breve” faz alimentar a esperança de futuros projetos do trio.

Fonte: Valor

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