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O seguro cobre? Uma análise sobre o microsseguro

O consultor Francisco Galiza diz que o prognóstico para o microsseguro é o melhor possível, mantido o cenário de crescimento da economia brasileira e do mercado de seguros. Mestre em Economia pela Fundação Getúlio Vargas e autor de livro e dezenas de artigos sobre seguros, previdência complementar aberta e capitalização, Francisco Galiza se dedica também ao estudo de microsseguros há alguns anos e à sua adoção no país. Ele analisa a demanda de seguros privados pela população de baixa renda, com a inclusão de milhões de novos consumidores, cujo ganho social seria muito grande, na sua avaliação.
Existem inúmeros modelos de microsseguros no mundo hoje, mas ainda só atendem a uma fração da necessidade global. É um produto que pode ajudar significativamente os pobres e as populações de baixa renda com o gerenciamento de alguns dos seus riscos (acidentes, doenças, morte na família, prejuízos decorrentes de desastres naturais, etc) em troca do pagamento do prêmio do seguro adaptado às suas necessidades, renda e grau de risco. O mercado segurador brasileiro também está mobilizado para se aproximar das classes sociais de baixo poder aquisitivo.
Em 2004, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) iniciou o processo de “preparação” do mercado para o desenvolvimento de um seguro que atendesse essa população, com orientações baixadas em circulares, resoluções e instruções. Dois anos depois, o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) criou a Comissão Consultiva de Microsseguro, presidida pelo superintendente da Susep e com representantes do mercado, inclusive a Escola Nacional de Seguros (Funenseg).
Ainda em 2008, a Susep instituiu o Grupo de Trabalho de Microsseguros, com a finalidade de assessorar o desenvolvimento da melhor forma possível deste produto no Brasil. Após anos de trabalho e amadurecimento de estudos e pesquisas sobre o assunto, espera-se que o microsseguro possa finalmente começar a ser operado com mais abrangência no país. É sobre a implantação efetiva do microsseguro no Brasil que o consultor Francisco Galiza fala ao Tudo Sobre Seguros.
TSS: Qual é a atual situação de mercado para o microsseguro?
Galiza: No final de 2011 e início deste ano, o mercado começou a ficar mais movimentado. Antes, a Susep e a Escola Nacional de Seguros (Funenseg) realizaram uma série de profundos estudos sobre o microsseguro, por isso ele ficou algum tempo longe dos “holofotes”, apenas sendo maturado. Agora que diversas circulares da Susep estão bem próximas de serem divulgadas, a expectativa é grande e o microsseguro volta a ser destaque no setor. No entanto, é um produto para ser pensado ainda para o médio e longo prazos, como indica, por exemplo, um levantamento divulgado recentemente pela A.M. Best Company, uma das principais classificadoras de riscos especializadas na indústria do seguro. O estudo, chamado “O Potencial do Microsseguro”, só está disponível em inglês. O trabalho fala ainda sobre a necessidade de se criar entre as populações mais carentes uma cultura de poupança e autossuficiência que irá ajudar a incrementar a economia dos seus países.
TSS: Como é a relação deste produto com a economia em geral?
Galiza: O desenvolvimento do microsseguro no Brasil, assim como de muitos outros produtos do setor, está intimamente ligado à situação econômica. Por ser voltado a um público bastante específico, que apresenta como principal característica o baixo poder aquisitivo, mudanças no plano macro, ou seja, renda total e distribuição de renda podem produzir grandes efeitos nos resultados do microsseguro. Há também aspectos regulatórios, de distribuição, fiscais e de “compliance”, que farão muita diferença no sucesso desse produto.
TSS: Qual é a maior preocupação do mercado atualmente? Galiza: A maior preocupação hoje é com os aspectos mais práticos da operação. Aí estão incluídos uma liquidação mais rápida, uma maneira de se chegar ao menor custo de transação, formulação de apólices padronizadas, promover a distribuição contando com o envolvimento das comunidades, enfim, tudo o que pode tornar a comercialização mais barata e prática. TSS: Já existem microsseguros sendo comercializados no mercado?
Galiza: Sim. Já existem algumas seguradoras comercializando, principalmente o seguro de vida, no entanto existem outras interessadas neste nicho. O que acontece é que a maioria delas ainda aguarda um posicionamento final por parte da Susep para tomar decisões estratégicas, como constituir ou não uma empresa para operar exclusivamente com este produto.
TSS: O mercado deve continuar propício para o desenvolvimento do microsseguro?
Galiza: Em princípio, sim. Mas o mais importante é imaginar que o “consumidor de microsseguro hoje é o consumidor do seguro de amanhã”. De um modo geral, o setor de seguros como um todo tem registrado um crescimento nominal de 15% a 20% ao ano, há pelo menos cinco anos, e a própria economia brasileira tem crescido constantemente. Se o cenário se mantiver assim, tudo indica que o prognóstico para o microsseguro é o melhor possível.

Fonte: Tudo sobre Seguros

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