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Fifa bate recorde de arrecadação

Apesar da crise econômica mundial, entidade acumulou fundo de quase R$ 1,8 bilhão
Jamil Chade
Correspondente Genebra
A Fifa prometeu que a Copa de 2010 seria também um impulso para desenvolver o esporte africano e que o evento teria um impacto social. Mas, a seis meses do primeiro Mundial de futebol no continente, o dinheiro usado para esse objetivo é ainda apenas uma pequena parte dos lucros da Fifa. O Estado teve acesso às contas da entidade máxima do futebol e elas revelam que o valor gasto para ajudar o desenvolvimento do esporte na África é equivalente ao pagamento de salários e custos da Fifa em sua luxuosa sede, em Zurique, na Suíça.
Os dados mostram que a Fifa, em pleno ano de crise mundial e com um número cada vez maior de clubes declarando concordata, acumulou um fundo de quase US$ 1 bilhão (R$ 1,8 bilhão) e está mais rica que nunca. Para proteger seu patrimônio, a Fifa tem seu dinheiro espalhado por 15 bancos diferentes, a maioria deles na Suíça.
Mas só em 2008 as reservas aumentaram em 40%. Isso depois da negociação de contratos de marketing avaliados em US$ 3,4 bilhões com multinacionais como a Coca-Cola. O valor dos acordos são 30% superiores ao que a Fifa assinou para a Copa de 2006, na Alemanha.
O dinheiro nas contas da Fifa é o dobro que o Comitê Olímpico Internacional (COI) registra em seu balanço financeiro. Em 2008, a entidade destinou 17% de seu orçamento para o desenvolvimento do futebol, principalmente nos países mais pobres – cerca de US$ 133 milhões. Mas o volume foi 14% inferior aos gastos de 2007.
O volume despendido pela Fifa no futebol foi o mesmo que a entidade destinou para o pagamento de salários de seus funcionários, viagens de primeira classe de seus cartolas, aluguéis de aviões privados e custos operacionais do suntuoso edifício em Zurique. O salário do presidente da Fifa, Joseph Blatter, é guardado a sete chaves.
A Fifa se defende, alegando que vem proliferando ações sociais na África. Uma delas se refere a um reserva de US$ 70 milhões para a construção de campos com gramas artificiais em cada um dos 53 países africanos. Vinte projetos de caridade também são financiados pela Fifa na África.
A entidade explica que o acúmulo de fundos ocorreu desde 2003 e o dinheiro serve, na prática, como um seguro contra eventuais cancelamentos das Copas do Mundo de 2010 e 2014, no Brasil. A entidade alegou ainda que vinha encontrando dificuldades para encontrar uma empresa de seguros disposta a bancar o maior evento esportivo do mundo.
Em 2002, a poucos meses da Copa do Japão e da Coreia do Sul, a empresa Axa anunciou a desistência de ser a seguradora do Mundial. A decisão foi tomada apenas alguns meses depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
A solução foi sair ao mercado e arrecadar fundos – com a emissão de ações ou com a venda de direitos de imagem. Oficialmente, a constituição da Fifa indica que se trata de uma organização sem fins lucrativos.
Para a Copa de 2010 e de 2014, a Fifa acertou um acordo com a seguradora Swiss Re. Em caso de um adiamento de algum dos dois eventos ou a necessidade de levá-lo a um novo país, o seguro pago chegaria a US$ 650 milhões.

Fonte: O Estado de São Paulo

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