Desafios para as seguradoras: a mudança climática
Não é novidade para ninguém que o planeta está mudando a passos largos e chuvas violentas e ondas de calor têm sido os principais reflexos disso. Mas o impacto econômico dos efeitos da mudança climática refletirá muito antes que as temperaturas ou o nível do mar cheguem a níveis alarmantes. Inclusive, há quem espere um custo entre 2% e 3% do PIB mundial para amenizar ou reparar danos por causas naturais. Afinal, mais de 80% da atividade empresarial e consequentemente seus benefícios – dependem do clima. A mudança climática tornou-se um tema altamente relevante para as empresas de seguros. Estima-se que 20% dos danos provocados por catástrofes naturais sejam cobertos por seguradoras, sendo que seis mil dessas empresas têm contrato de resseguro. Em 2005, o setor teve perdas de US$ 60 bilhões por conta de catástrofes naturais. Diante do novo panorama, como devem comportar-se as seguradoras? Em primeiro lugar, é preciso considerar os novos índices de frequência e intensidade que os desastres extremos apresentam, tanto na medição dos riscos como nos cálculos para determinar alguns preços de acordo com os riscos e, assim, garantir a capacidade de resseguro. Também é necessário desenvolver novos modelos de simulação de riscos que complementem os antigos, baseados em análises retrospectivas. Os recentes estudos climatológicos indicam que a exposição ao risco de catástrofes naturais já não pode ser descrita em valores a médio e longo prazo, mas que deve ser calculada sobre uma base prospectiva. Será preciso recorrer à transferência de riscos nos mercados de capitais para abrandar os efeitos dessas mudanças. A primeira possibilidade será por meio dos derivados do clima, o que implica pagamentos de acordo com certos parâmetros climáticos que podem ser medidos objetivamente como a temperatura, as chuvas ou o vento. A segunda seriam os títulos de risco, técnica de financiamento mediante a qual se transforma um ativo imobilizado em um negociável. A mudança climática representa um desafio de adaptação às novas ameaças e também às novas oportunidades para as seguradoras, já que é um setor que pode ajudar a sociedade a administrar o problema do aquecimento global, incentivando condutas mais responsáveis com o meio ambiente. Muitas empresas do mercado já estão se movimentando e adaptando seu portfólio de produto e serviços. Algumas têm investido em pesquisa sobre o comportamento humano e como ele contribui para fomentar catástrofes e, assim, sugerir como as seguradoras podem mitigar esses riscos. Há empresas que têm feito investimentos em pesquisas sobre tecnologias limpas e fontes renováveis de energia, além de patrocinar eventos ligados ao tema, entre outras ações de incentivo. Ou ainda, adotando práticas internas de redução de impacto ambiental, por exemplo, a emissão de documentos eletrônicos de contratos para corretoras e seguros. Em 2008, deslizamentos e enchentes em Santa Catarina causaram a morte de centenas de pessoas e deixaram outras tantas desabrigadas. Catástrofes como essa e as recentes tragédias no Norte do País, especialmente no Maranhão e no Amazonas, são exemplos de que a discussão faz-se necessária no Brasil
Fonte: AIDA