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Com caixa, SulAmérica quer comprar área de saúde do BB

Com R$ 1 bilhão em caixa e depois de perder a sociedade na Brasilveículos, a SulAmérica quer ficar com a Brasilsaúde, a seguradora de saúde que tem em sociedade com o Banco do Brasil. O objetivo é comprar a empresa ou a sua carteira de clientes, com 100 mil vidas.
Essa é a primeira ofensiva da SulAmérica, que traçou um plano para tentar recuperar até o final de 2010 as receitas perdidas com o fim da parceria com o BB na área de veículos. A empresa quer usar seu caixa para fazer aquisições, acordos com o varejo, parcerias estratégicas e dar estímulos aos corretores de seguros. Além do R$ 1 bilhão, a SulAmérica deve receber algumas centenas de milhões com a venda dos 30% na Brasilveículos.
Patrick de Larragoiti Lucas, presidente da SulAmérica, recebeu o Valor ontem na sede da seguradora em São Paulo. Ele contou que foi informado formalmente na terça-feira, por carta, que havia perdido a chance de ser parceiro do BB no novo modelo de seguros que o banco desenha. O banco fez uma oferta de compra de 30% da participação que a SulAmérica detinha na Brasilveículos. “Fizemos a melhor proposta do que achávamos que interessaria ao BB e à companhia, mas não ganhamos”, diz o executivo e controlador da empresa. Segundo o BB, seis grandes seguradoras participaram da concorrência.
O que está em negociação agora é o destino final da Brasilsaúde, da qual a SulAmérica tem 50,05% do capital. O BB já avisou que do jeito que está estruturada atualmente, a seguradora não fica. Pessoa ligada ao banco diz que o BB considera tanto a venda de sua fatia quanto a compra da participação da SulAmérica. As negociações, de acordo com essa fonte, vão começar nos próximos dias.
Com relação à aquisição de uma fatia do capital da SulAmérica pelo BB, Larragoiti diz que não houve negociações desse tipo. O que houve, segundo ele, foram conversas para tentar ampliar a presença da seguradora no novo modelo de negócios que o BB está desenhando. O que acabou não acontecendo.
Quem se deu bem até agora foi a Mapfre, que já garantiu participação nas áreas de vida, prestamista (protege contra inadimplência) e ramos elementares (veículos, residências e incêndio). As empresas de saúde, previdência e capitalização ainda serão redesenhadas.
A parceria da SulAmérica com o Banco do Brasil começou em 1994, com a distribuição de produtos de vida e previdência nas agências do banco. Pouco depois evoluiu para acordos acionários mais estruturados. Em 1995, a seguradora fez uma “joint venture” com o banco e criou a Brasilsaúde. Um ano depois foi a vez da Brasilveículos.
Larragoiti admite que seguradora perdeu um canal de vendas “importante”, que são as agências do BB espalhadas por todo o país. Mas minimiza o impacto nas receitas da seguradora. “Nosso principal canal de vendas é o corretor. Sempre foi e sempre será.”. São 26 mil corretores ligados à seguradora que receberam R$ 40 milhões em comissões adicionais (além da corretagem tradicional) nos últimos meses. Os números recentes mostram que os corretores são responsáveis por 90% das vendas da empresa. Ele cita ainda acordos já firmados com 20 bancos para a distribuição de apólices nas agências, que incluem HSBC, Santander e Safra.
O recente movimento da Porto Seguro, que se associou ao Itaú Unibanco, sinaliza a importância cada vez maior do canal bancário para a venda de seguros. As vendas da Porto são quase que 100% feitas via corretores. Após o movimento da Porto, a SulAmérica passou a ser a “noiva” do mercado, por ser a única grande seguradora ainda não ligada a um banco. Por isso, é vista por especialistas como uma parceira em potencial para o Bradesco, que vem perdendo terreno na área, após o acordo da Porto e agora com o movimento do BB.
Quando perguntado sobre o interesse do Bradesco em se associar à seguradora, desconversa. Diz que ser independente, nesse momento, é uma “vantagem competitiva”, pois a SulAmérica tem a possibilidade de fazer acordos com vários outros bancos.

Fonte: Valor

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