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Carros roubados em Goiás vão para outros Estados e países

Uma parcela significativa também vai para desmanches, mas a principal modalidade criminosa é criar clones, que só são descobertos quando recebem multas de trânsito
Grande parte dos veículos furtados e roubados nas ruas de Goiânia circula, neste momento, livremente por ruas e estradas de outros Estados brasileiros, principalmente nas Regiões Norte e Nordeste, e até por outros países. A Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores não tem estatísticas precisas sobre a destinação dos carros roubados, mas o delegado titular, Antônio Gonçalves dos Santos, assegura que o número de veículos que saem de Goiás nessas condições é maior do que o dos que vão para desmanches, por exemplo.
Parte dos carros vai além: segue para outros países. Os casos recentes são todos relativos à Bolívia. A informação que temos é de que trocam os veículos por drogas, explica o delegado. Para passar despercebidos e enganar até mesmo a polícia e a fiscalização de trânsito, os criminosos, depois do roubo, procuram um carro em situação legal, do mesmo ano, cor e modelo do que foi roubado e então produzem a documentação e falsificam a numeração do chassis.
Clone
Com a placa e a documentação iguais a do carro que foi clonado, é muito difícil para a polícia pegar, explica Antônio Gonçalves. Os casos em que os policiais conseguem recuperar os veículos referem-se, quase exclusivamente, à ocorrência de multas referentes a infrações de trânsito cometidas pelos criminosos. Em abordagens policiais, esclarece o delegado, é praticamente impossível reconhecer que trata-se de um clone. O principal destino dos carros furtados e roubados em Goiânia são os Estados do Pará e do Maranhão. Já entre os países, o mais frequente é a Bolívia, mas a Polícia Civil já teve casos também no Paraguai.
A ousadia dos ladrões é tamanha que muitos desses veículos continuam circulando pelas ruas de Goiânia mesmo. O titular da Delegacia de Furtos cita uma operação recente, batizada de Pinanciauto, em que os policiais apreenderam 52 carros, entre furtados e roubados. Todos estavam com documentação falsificada e eram clones de veículos com documentação legal. Antônio Gonçalves alerta ainda para a ocorrência de fraudes contra seguradoras. É um crime que está crescendo muito no Estado, diz.
A Delegacia de Furtos vem realizando, nos últimos meses, sistemáticas operações na região dos ferros-velhos de Goiânia. A reportagem percorreu o local ontem e constatou que várias das lojas fechadas pela polícia continuam com as portas cerradas. Hoje existem 552 ferros-velhos e lojas que vendem sucatas cadastrados na Polícia Civil só em Goiânia.
Lucro
O POPULAR apurou que o mercado de roubo de carros é lucrativo especialmente para quem revende as peças. O criminoso que pratica o assalto ou furto na rua recebe, em média, R$ 2 mil por uma caminhonete os modelos mais visados são Strada, S-10 e Hyllux , mas por um carro pequeno, como Gol (o mais visado), o valor pode varia entre R$ 300 e R$ 500. As peças não identificáveis de uma S-10 podem render a uma revenda em torno de R$ 10 mil.
Um agente experiente da Polícia Civil, que trabalhou durante vários anos na Delegacia de Furtos e pediu para não ser identificado, avalia que a polícia tem de encontrar formas de combater o crime antes que o carro chegue ao local de desmanche. Não adianta ficar fechando ferro-velho. Os carros são desmanchados é em fazendas no entorno da cidade, em casas alugadas. É preciso agir com inteligência, sugere o policial. Para ele, os policiais da Delegacia de Furtos devem atuar em blitz em pontos estratégicos. Lá existem policiais treinados para reconhecer um veículo adulterado, eles tiveram curso para isso, tem um olhar mais capacitado do que, por exemplo, um militar.
O delegado Antônio Gonçalves garante que seus policiais estão fazendo as abordagens preventivas nos bairros onde acontece o maior número de roubos de carros. Todos os dias temos equipes nesses locais, mas é claro que só são abordados os veículos em situação suspeita. Os dez bairros onde houve o maior número de roubos de veículos, são, respectivamente Jardim América, Bueno, Oeste, Centro, Parque Amazonas, Sul, Campinas, Pedro Ludovico, Universitário e Aeroporto.
São esses os bairros onde se concentra a maior quantidade de escolas, academias, farmácias e supermercados, entre outros estabelecimentos. Os horários preferidos pelos ladrões são o início e o fim do dia. A maioria das abordagens acontece quando a vítima está entrando ou saindo do veículo. A polícia reforça a orientação para que ninguém reaja à abordagem. As estatísticas mostram um crescimento no número de roubos (assaltos, com uso de arma e violência), em relação aos furtos, que até o ano passado eram a maioria.
A tecnologia dos modelos novos de carros, com chaves codificadas, impede que ladrões peguem o veículo na rua e façam ligação direta, como era comum até há pouco tempo. Isso não acontece mais, então eles estão apelando para o roubo, que é um crime mais violento, diz.

Fonte: Seguro em Pauta

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