Fator fará seguro garantia de R$ 2 bi da Petrobras
Fator Seguradora, ligada ao Banco Fator e que acaba de completar um ano, conseguiu ganhar seu primeiro megacontrato. Ela foi a vencedora de uma concorrência da Petrobras para fazer o seguro garantia judicial da produtora de petróleo, com volume de garantias de R$ 2 bilhões.
A concorrência foi das mais disputadas e contou com a participação de quase todas as seguradoras do mercado. A Fator se aliou à suíça Zurich e a mais seis resseguradoras. Os prêmios anuais superam R$ 30 milhões.
A Zurich participou da operação por meio do cosseguro – quando duas seguradoras dividem os riscos e os prêmios. Toda a operação terá resseguro (que é um espécie de seguro do seguro, usado para diluir os riscos entre os participantes). O IRB-Brasil Re e a alemã Hannover Re lideraram o pool de resseguradoras.
O seguro garantia judicial é uma modalidade nova no Brasil. A partir de 2006, a Justiça resolveu aceitar uma apólice de seguro garantia como uma substituta de dinheiro ou fiança bancária no caso de ações judiciais (como causas trabalhistas ou tributárias) que exijam depósito prévio de recursos.
A Fator Seguradora começou a operar em um dos piores momentos da crise, em setembro do ano passado. O cenário desfavorável acabou ajudando a empresa a fechar suas primeiras apólices. Com o aumento da aversão ao risco e o cenário incerto, os bancos pararam de emprestar e aumentaram os juros. Com isso, a fiança bancária, concorrente direta do seguro garantia, teve forte aumento de preços. Alguns bancos pararam até de oferecer o produto. Assim, as empresas que precisavam de garantias resolveram procurar as seguradoras. Além do garantia judicial, há diversas modalidades de seguro garantia. A apólice garante, por exemplo, que uma obra será concluída no prazo previsto no contrato.
André Marino Gregori, diretor da Fator, conta que a seguradora conseguiu superar as metas propostas para o primeiro ano de operação. A estimativa era ter prêmios de R$ 7 milhões nas apólices de garantias. Nos 12 primeiros meses, os prêmios já estão em R$ 15 milhões. A sinistralidade foi zero. Mesmo sendo uma empresa nova, a seguradora teve lucro em seu primeiro ano. O ganho líquido foi de R$ 1 milhão.
A Fator Seguradora foi criada para operar com as chamadas linhas financeiras, que incluem apólices de crédito e garantia. Por conta da crise, Gregori optou por não trabalhar mais com seguro de crédito, que cobre inadimplência. “Esse produto terá que sofrer alguma reformulação. A inadimplência no mercado quadruplicou”, diz ele. Mesmo no seguro garantia, a Fator chegou a recusar apólices quase que diariamente, conta o executivo Nicolás Di Salvo.
A meta da Fator é dobrar de tamanho a cada ano. Gregori acha factível conseguir cumprir essa meta por conta de novos projetos de infraestrutura e dos novos negócios previstos. Entre eles, o executivo cita as obras para a Copa de 2014, novos empreendimentos de construção civil e projetos de energia limpa.
A Fator não está sozinha na disputa desse mercado crescente, que vem registrando aumento anual de prêmios sempre acima de 50%. Além das tradicionais JMalucelli, Cesce, UBF e Itaú Unibanco, outras companhias, como Zurich e Allianz, resolveram apostar nesse nicho.
Uma das últimas cartadas da Fator foi entrar no segmento de D&O (Directors&Officers, em inglês). Essas apólices cobrem, por exemplo, custos com advogados e outros gastos do processo de defesa do executivo por conta de ações judiciais que sofra no comando da empresa. A procura chegou a crescer mais de 40% por causa da crise.
Para entrar nesse mercado, a Fator fez um acordo de exclusividade com a HCC Reinsurance Company, empresa americana especializada nesse tipo de apólice. A capacidade oferecida ao mercado brasileiro será de R$ 50 milhões por contrato. Em menos de 15 dias do início das operações, já foram fechados contratos com prêmios de R$ 500 mil.
Fonte: Seguro em Pauta