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Mercado segurador registra resultado melhor que bancos

O final da temporada de balanços semestrais mostrou que o mercado segurador apresentou desempenho melhor se comparado ao setor bancário. O somatório dos resultados das seguradoras de Banco do Brasil (BB), Itaú Unibanco e Bradesco mostrou que o lucro líquido recuou 3,5% nos seis primeiros meses deste ano, enquanto o lucro dos respectivos conglomerados financeiros caiu 7,8% ante o primeiro semestre de 2008. Mas, na opinião de especialistas, esse cenário verificado até junho deve sofrer uma alteração nos próximos meses.
“A lucratividade do mercado segurador foi impactada pela elevação da sinistralidade. Por ser mais resiliente a períodos de instabilidade, porém, o segmento sentiu menos os efeitos da crise se comparado ao setor bancário”, afirmou João Augusto Frota Salles, economista da Lopes Filho.
Ele explicou que as carteiras de automóvel e saúde foram as principais responsáveis pelo aumento da sinistralidade no período. “A questão concorrencial fez com que as seguradoras reduzissem o preço do prêmio do seguro de automóveis sem analisar corretamente o risco. A carteira de saúde foi afetada por um maior controle da ANS [Agência Nacional de Saúde] em apólices grupais e pela gripe suína”, ressaltou Salles.
O professor de Economia Otto Nogami, do Insper (ex-Ibmec SP), acredita que a questão seja cultural. “Sabemos que seguros não são algo que está enraizado na cultura do brasileiro: quem contrata uma apólice de seguro é uma pessoa mais esclarecida, com uma renda maior, o que minimiza os impactos da crise.”
As seguradoras lucraram R$ 2,74 bilhões no primeiro semestre deste ano, ante R$ 2,84 bilhões registrados em igual período do ano passado – para efeito de análise, os resultados do primeiro semestre de 2008 do Itaú e do Unibanco foram somados, já que a instituição não tem o resultado pro forma do período.
Os conglomerados financeiros registraram lucro líquido de R$ 12,6 bilhões, ante R$ 13,67 bilhões apresentados entre janeiro e junho do ano passado. A queda da lucratividade dos bancos é explicada pela elevação do provisionamento, uma vez que a inadimplência vem crescendo consistentemente há oito meses.
Dados do BC referentes a julho mostraram que o saldo das provisões constituídas pelas instituições financeiras alcançou R$ 95,1 bilhões em julho, com crescimento mensal de 4,1%. Esse montante representa 7,3% da carteira total de crédito.
Mas essa pequena vantagem para o mercado segurador deve ser invertida nos próximos meses. “As receitas financeiras, que sofreram impacto com a redução da Selic, terão de ser compensadas com maior eficiência operacional. Mas isso não é visto da noite para o dia: é um processo para começar a ser visto em meados de 2010. Já os bancos se prepararam para a elevação da inadimplência com o aumento do provisionamento. Ou seja, o cenário para os próximos meses está mais consolidado para o setor bancário do que para o segurador”, disse o economista da consultoria Lopes Filho.
O professor de Economia do Insper ponderou que a inadimplência ainda não está controlada, principalmente por conta da redução das taxas de juros em bancos como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. “Por conta da capilaridade de ambos os bancos, outras instituições financeiras terão de reduzir suas taxas de juros a fim de manter a competitividade. Isso vunerabiliza o sistema financeiro como um todo, porque as taxas praticadas pelas instituições públicas não são factíveis”, completou.

Fonte: DCI OnLine

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