Volume global de fusões cai 36% no trimestre
As empresas tomaram emprestado US$ 1,5 trilhão nos mercados de bônus no primeiro trimestre, mas a atividade global de fusões e aquisições caiu 36% no período, em relação aos primeiros três meses de 2008.
Grupos vistos como relativamente seguros – de setores não-cíclicos e com classificações de crédito elevadas – aproveitaram o apetite dos investidores por dívida corporativa, captando um recorde de US$ 825,6 bilhões nos primeiros três meses de 2009, no que pesou um desejo de reduzir a dependência de empréstimos bancários.
Isso foi mais que o dobro dos US$ 390,9 bilhões que elas levantaram no mesmo período do ano passado, segundo dados da Dealogic. No entanto, a soma das fusões e aquisições mundiais foi de apenas US$ 524,9 bilhões, o menor nível de atividade desde o terceiro trimestre de 2004, o que demonstra as dificuldades que as empresas estão tendo para financiar negócios e avaliar seus alvos.
Os governos ajudaram a conter um colapso completo de fusões e aquisições, investindo US$ 145,8 bilhões – 28% do total – em bancos e companhias de seguros, além dos US$ 409,3 bilhões que comprometeram com esses setores no ano passado.
Mark Eichorn, diretor da área de fusões e aquisições do Morgan Stanley para as Américas, diz estar vendo um aumento significativo nas designações de reestruturação e consultoria a estrutura de capital. “Antes, a estrutura de capital e a liquidez eram tópicos a cargo principalmente da equipe financeira de uma companhia, mas hoje elas são parte do vernáculo dos presidentes-executivos e dos conselhos”, afirma ele.
O setor financeiro foi o que mais realizou fusões e aquisições no trimestre, com um volume total de US$ 130,9 bilhões, liderado pelo investimento de US$ 25 bilhões do governo americano no Citigroup. A área de saúde ficou em segundo, com US$ 127,9 bilhões, respondendo por 24% do volume global de fusões e aquisições, com negócios como o takeover da Wyeth pela Pfizer por US$ 68,1 bilhões.
Paul Parker, diretor de fusões e aquisições globais da Barclays Capital, disse que negócios interrompidos no ano passado levarão os conselhos a serem mais cautelosos. “Como membro de um conselho de administração, estarei prestando atenção á certeza do valor e particularmente à certeza do fechamento, que ficaram de lado por um tempo.”
A queda nas fusões e aquisições significa que os bancos geraram apenas US$ 2,4 bilhões em receitas de consultoria – uma queda de 59% em relação ao primeiro trimestre de 2008.
Fonte: Valor