Bônus leva à renúncia de executivo da AIG
O vice-presidente da divisão de produtos financeiros da seguradora AIG, Jake DeSantis, que recebeu um bônus de US$ 742 mil da empresa, anunciou sua renúncia ao cargo em uma carta encaminhada ao executivo-chefe da empresa, Edward Liddy, e publicada como artigo no site do diário americano “The New York Times” (“NYT”).
“Tomo essa atitude após 11 anos de serviço dedicado e honrado à AIG. Não consigo mais desempenhar minhas funções com eficiência em um ambiente conturbado”, diz a carta. A AIG, depois de receber US$ 180 bilhões do governo para não quebrar, e de prejuízos bilionários no ano passado – US$ 61,7 bilhões no quarto trimestre e de US$ 99,289 bilhões em 2008 como um todo (ambos recorde) -, pagou US$ 165 milhões em bônus a seus executivos.
“Como a você, me foi solicitado que trabalhasse por um salário anual de US$ 1 e eu aceitei por um senso de dever para com a empresa e com os representantes do governo que vieram ajudar. Desapontado por ambos, não posso mais justificar gastar 10, 12, 14 horas por dia longe de minha família para beneficiar aqueles que me desapontaram.” DeSantis disse que vai doar o bônus a instituições de caridade. A carta ainda critica Liddy por aprovar os pagamentos de bonificações e depois chamá-las de “desagradáveis”, em seu testemunho no Congresso.
“Nós, na divisão de produtos financeiros, fomos traídos pela AIG e estamos sendo injustamente perseguidos”, diz o texto da carta. “Estou orgulhoso de tudo que fiz pelas divisões de commodities e títulos da AIG. Não estive envolvido nem fui responsável pelas transações que abalaram a empresa (…) A maioria dos responsáveis deixou a empresa e escaparam da ira do público.” O presidente do Fed (Federal Reserve, o BC americano), Ben Bernanke, disse terça-feira em audiência no Congresso que quis impedir que a AIG pagasse bonificações a seus executivos.
Ele afirmou que, quando soube das gratificações pagas aos executivos para que eles continuassem trabalhando com a AIG, julgou “muito inadequado dar bônus substanciais aos empregados da divisão que tinha sido causa primordial do colapso” da empresa. “Pedi que fossem impedidos os pagamentos, mas fui informado de que deviam ser cumpridos sob contratos concluídos antes da intervenção do governo”, disse.
Fonte: Valor