Mercado de SegurosNotícias

Rentabilidade dos bancos atesta solidez do sistema

Entre as vinte mais rentáveis instituições financeiras de capital aberto do continente americano, dois bancos brasileiros ocuparam no ano passado os dois primeiros lugares e um terceiro banco nacional dominou a quinta colocação. Segundo esse ranking, elaborado pela consultoria especializada Economatica, o Banco do Brasil (BB) foi a instituição mais rentável do continente na avaliação do índice de retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) alcançando 32,5% nesse índice, bem acima de seus concorrentes. O Bradesco ocupou o segundo lugar com um retorno de 23,6%, acima ainda do American Express, com 23%, o banco norte-americano mais rentável no ano em que o sistema bancário daquele país enfrentou gravíssimos prejuízos pelo estouro da bolha do subprime, a forte crise das hipotecas de alto risco. Vale lembrar que em 2007 o American Express foi o líder nesse mesmo ranking alcançando a espetacular taxa de retorno de 37%, enquanto o BB ficava na sexta (?) posição com um índice de 23%. O banco Itaú ficou em quinto lugar com um índice de retorno sobre o patrimônio líquido de 21,5%.
Há um conjunto de razões que explicam esse excelente resultado dos bancos brasileiros, embora um fato é essencial: a eficiente regulação feita no sistema desde o Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro Nacional (Proer), que promoveu desde 1995 o enxugamento da ordem financeira, eliminando organizações problemáticas por meio de aquisições controladas e fusões estimuladas. É preciso reconhecer que a partir do Proer um sólido sistema de fiscalização foi instalado nos bancos brasileiros impedindo qualquer alavancagem excessiva, cumprindo-se à risca o definido nos acordos de Basileia I e II. Não foi esse o percurso de outros sistemas financeiros, especialmente dos países mais ricos. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) faz questão de apontar, com razão, que a posição dos bancos brasileiros nesse ranking é um indicador que mostra a solidez do sistema financeiro nacional.
Por outro lado, a alta rentabilidade dos bancos brasileiros têm suas raízes no forte crescimento do crédito no País. É preciso lembrar que o bom lucro do BB está vinculado ao fato de que o governo detém cerca de 50% do sistema financeiro por meio dos bancos oficiais. Sem esquecer que a crise chegou ao Brasil só na segunda metade do segundo semestre. Até esse momento o País acumulava recordes sucessivos na expansão do crédito que chegou a atingir mais de 40% do PIB. É fato também que bancos brasileiros exibem alto padrão de eficiência operacional que certamente impacta na rentabilidade.
Porém, mesmo com toda a eficiência acumulada os bancos brasileiros não alcançariam tal lucratividade sem os spreads cobrados. Os dados do BC mostram que em novembro os bancos pagavam em média 13,9% ao ano para captar recursos no mercado e emprestavam esses valores cobrando juros médios de 44% ao ano. A diferença, o que é chamado de spread, alcançava, portanto, 30,1 pontos percentuais. Quando a crise se agravou em dezembro o spread subiu ainda mais: segundo os números do BC o custo médio da captação passou para 12,6% ao ano enquanto o juro médio do empréstimo bateu em valores médios de 43,6%. Resultado: o spread subiu para 30,6 pontos percentuais. A rentabilidade dos bancos brasileiros em 2008 não pode ser destacada desse fato, embora os bancos lembrem que o spread no Brasil é alto por várias razões desde a taxa de juro básica, os compulsórios cobrados, os impostos que incidem sobre todas as operações financeiras e, especialmente, as taxas de inadimplência, que segundo os bancos é a mais alta do mundo. Todos esses fatores, na perspectiva das instituições financeiras, explicam a alta do spread no Brasil.
É provável que neste ano a rentabilidade dos bancos brasileiros recue, seja com a esperada queda no nível de atividade econômica, seja com uma mais fraca demanda por crédito. Os analistas do setor, no entanto, asseveram que nenhum desses fatores impedirá que os bancos no Brasil continuem a exibir fortes índices de retorno sobre o patrimônio líquido.
A avaliação da solidez do sistema bancário nacional, atestada pelo ranking da Economatica, gerou expectativa favorável na ordem internacional. Merece registro que a revista inglesa The Economist, na edição desta semana, afirmou que os bancos brasileiros “são caros, mas pelo menos eles são seguros”, embora também tenha lembrado que nenhum banco do País enfrentou problemas com a crise, talvez “porque seus lucros com as atividades sejam tão altos que eles não precisaram assumir riscos bobos”. O ranking da Economatica provou que essa avaliação era correta. E que os bancos brasileiros trilharam mesmo o caminho certo nos últimos anos.

Fonte: Gazeta Mercantil

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?