Resseguradoras estrangeiras vêem maior potencial no País
Resseguradores internacionais vêem o Brasil como um grande potencial de investimentos diante da crise financeira. Segundo Maria Elena Bidino, diretora de Assuntos Institucionais e de Resseguro da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), o setor vai continuar em crescimento em 2009 com a entrada de produtos inovadores no País. “O mercado vai crescer por conta da quebra de monopólio e o IRB-Brasil Re será favorecido porque tem mais conhecimento do que as próprias empresas estrangeiras.” Para ela, a crise também deve equilibrar os preços do mercado de resseguro brasileiro no próximo ano. “A recente abertura do mercado, que poderia trazer uma concorrência de preços predatória, deve ser amenizada com os preços mais elevados devido à escassez de crédito gerada pela crise.”
Maria Elena afirma que os resseguradores internacionais vão analisar o universo do mercado e trazer produtos que realmente se adaptem ao perfil do consumidor de seguro brasileiro. “Não é simplesmente importar um produto, mas avaliar se é necessário aqui.” Para ela, ainda existem riscos que não estão cadastrados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), como resseguro para plataformas de petróleo de alto valor, satélite e nuclear, mas o órgão está estudando formas de neutralizar estes problemas, “que são mínimos em face a mudança após a quebra do monopólio”.
Segundo Alexis Cavichini, professor de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o mercado de resseguro tem um potencial interessante no seguro de pessoas, já que depois da abertura do mercado, grandes players internacionais tendem a oferecer um número maior de novos produtos. “O seguro depende de expertise, banco de dados desenvolvidos e criatividade, e isso era muito restrito antes da abertura.” Segundo Cavichini, no exterior há seguradoras que casam seguro de vida com renda vitalícia e fazem combinações financeiras, como, por exemplo, um plano em grupo associado ao ramo de vida com 60% das aplicações em renda variável e 40% em renda fixa, e o segurado passa a receber as contribuições na aposentadoria. “Acredito que comecem a oferecer esses produtos aqui e que a Susep pouco a pouco ganhe flexibilidade para aceitar essas inovações.”
Segundo Ronald Kaufmann, diretor da Scor Global Life U.S. Reinsurance Company, no Brasil o resseguro de vida ocupa um percentual muito pequeno no conjunto de negócios globais. Ao todo, a participação do País no mercado de resseguro de vida é estimado em cerca de US$ 60 milhões, enquanto o mercado total de resseguro neste setor representa mais de US$ 1 bilhão.
Para Kaufmann, a abertura do mercado possibilita um futuro promissor para as seguradoras aprimorarem o gerenciamento de riscos na área de seguro de vida. “Será muito parecido com o mercado de resseguro internacional, os resseguradores são parceiros competitivos na capitalização das seguradoras de forma que elas possam obter mais capital para seu crescimento”.
Segundo Kaufmann, a abertura é a única forma de as resseguradoras com expertise internacional passarem a contribuir com o seguro brasileiro em um processo de muito longo prazo. “É evidente que as resseguradoras de vida terão muito sucesso aqui, pois a demanda ainda é e será muito grande.” Para ele, antes da abertura, o resseguro de vida era focado para atender necessidades básicas das seguradoras. “As resseguradoras internacionais vêem o Brasil como uma grande oportunidade de aumentar seus negócios em uma economia de grande futuro. Após a abertura, a maioria dos grandes players se instalou no País.”
Dados da Susep apontam de que o mercado de seguro arrecadou em prêmios, até outubro deste ano, R$ 55,371 bilhões, um crescimento de 17,38% ante os R$ 47,173 bilhões arrecadados no mesmo período de 2007.
Fonte: DCI OnLine
