Surgem mais US$ 10 bilhões de dívida da AIG
A American International Group Inc. deve às maiores firmas de Wall Street mais de US$ 10 bilhões em operações especulativas que deram errado, segundo pessoas a par da situação, ressaltando os desafios que a combalida seguradora enfrenta enquanto busca se recuperar sob um plano de socorro do governo americano.
Essa nova conta de US$ 10 bilhões é particularmente problemática porque os termos do atual socorro de US$ 150 bilhões não cobre essas dívidas.As apostas especulativas parecem ir além do que a AIG explicou a investidores sobre a natureza de suas operações de risco, que quase levaram o banco a quebrar em setembro.
A AIG já tinha dito no passado que suas operações envolviam ajudar parceiros e contrapartes a fazer seguro de seus investimentos.
As operações recém-reveladas, criadas pela divisão de produtos financeiros da seguradora, representam o primeiro indício de que a AIG pode ter jogado com seu próprio capital.
Embora muitos investidores não soubessem da extensão das obrigações, um porta-voz da AIG disse que a exposição da companhia às operações foi totalmente explicitada e constitui menos de US$ 10 bilhões da exposição de US$ 71,6 bilhões que a AIG tinha, em 30 de setembro, a contratos de seguro de aglomerações de títulos de dívida conhecidas como obrigações de dívida colateralizada.A estrutura dos mais de US$ 10 bilhões em apostas fracassadas também levanta questões sobre como a seguradora vai levantar os recursos necessários para pagar suas dívidas. O Federal Reserve, o banco central americano, que emprestou à AIG bilhões de dólares para manter-se viva, não tem planos de ajudar a seguradora a pagar por essas operações especulativas, segundo uma pessoas familiarizada com o pensamento do banco central.
Ao operar mais como uma firma de Wall Street do que como uma seguradora mais conservadora, que vende proteção contra calote em títulos aparentemente de baixo risco, a divisão de produtos financeiros da AIG arriscou bilhões de dólares do dinheiro da empresa apostando na direção que vários agrupamentos de hipotecas tomariam no futuro. A AIG Financial Products Corp., sediada em Wilton, no Estado americano de Connecticut, e em Londres, empregava uma pequena fração do pessoal da AIG, mas agora é responsável pela maioria dos problemas da empresa.
A dívida de US$ 10 bilhões se junta às dezenas de bilhões de dólares em dinheiro do contribuinte que a AIG pagou nos últimos 16 meses em chamadas de margem à Goldman Sachs Group Inc. e outras contrapartes de operações mais tradicionais, chamadas de swaps de crédito. Esses instrumentos exigiam que a AIG segurasse vários parceiros de operações, conhecidos em Wall Street como contrapartes, contra perdas em investimentos delas em títulos atrelados a hipotecas e outros ativos. Quando o valor desses títulos imobiliários começou a cair ano passado, a AIG foi obrigada a obter mais garantias geralmente com pagamentos em dinheiro.
O problema é que o plano de socorro determina que o Fed compre cerca de US$ 65 bilhões em títulos imobiliários problemáticos por trás de complexas operações de derivativos que a AIG realizava como parte de seu tradicional negócio no ramo de seguros. Mas não há títulos reais por trás das operações especulativas com que a seguradora está perdendo dinheiro. Em vez dos títulos, esses investimentos foram criados de um jeito que acompanhasse a movimentação desses conjuntos de ativos imobiliários e títulos de empresas, e agora a AIG se vê na posição de ter de levantar fundos para pagar seus parceiros.
Fonte: Valor