Sem AIG, Unibanco deverá acelerar integração com Itaú
Depois de quase três meses de esforços para desassociar sua imagem da marca AIG, o Unibanco conseguiu desmanchar a sociedade com a seguradora norte-americana, uma das empresas mais afetadas pela crise financeira global, que precisou ser socorrida pelo governo dos Estados Unidos por um plano de US$ 85 bilhões. Por US$ 805 milhões, a instituição financeira brasileira pôs fim a uma parceria de 11 anos e assumiu o controle majoritário da agora Unibanco Seguros e Previdência, quarta maior empresa do mercado segurador do País.
Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista no setor de seguros, Alexis Cavichini, o encerramento da sociedade abrirá o caminho para a integração das áreas de seguros, previdência privada e capitalização de Unibanco e Itaú, que anunciaram fusão no começo deste mês. “Sem a AIG, as seguradoras dos dois bancos têm caminho livre para trabalhar juntas, o que vai resultar num ganho enorme de sinergia no processo de integração”, avalia.
Melhor entrosados e com uma barreira contratual a menos, Unibanco Seguros e Itaú Seguros miram a liderança do setor, hoje nas mãos da Bradesco Seguros, Vida e Previdência. “O Unibanco queria resolver a questão societária com a AIG há algum tempo, mas a decisão também foi estratégica. Os dois bancos vão pressionar o Bradesco, sobretudo nos segmentos pessoas e patrimonial, embora o Bradesco não entregará o posto de graça, pois tem uma área de seguros bem estruturada e boa gestão”, comenta Cavichini, autor do livro A História dos Seguros no Brasil.
O presidente da Unibanco Seguros, Zeca Rudge, lembrou que o pedido de compra da parcela da AIG na sociedade havia sido feito ao Fed (banco central dos EUA) antes do anúncio da fusão dos dois gigantes financeiros, mas não deu detalhes sobre como ficam as operações da seguradora no âmbito Itaú-Unibanco. “A Unibanco Seguros nunca sofreu risco de contaminação por conta de problemas da AIG, nossa decisão foi de retomar o controle que já era nosso antes da associação. Nossa estratégia não muda, continuamos com o objetivo de crescer mais que o mercado, mas com foco em rentabilidade”, ressalva o executivo, reforçando que nada muda para os clientes.
De acordo com uma fonte do mercado de seguros, que preferiu não se identificar, a seguradora brasileira continuará dependente da ex-sócia. “Há vários negócios já feitos que são da carteira ou indicações da AIG. Na renovação desta apólice, a AIG poderá utilizar a estrutura da Unibanco. Ou seja, a relação deixa de ser societária e passa a ser uma parceria de negócios, totalmente operacional”, diz a fonte. Em comunicado divulgado na noite da última quarta-feira, a Unibanco Seguros confirmou que “ambos os grupos continuarão a trabalhar conjuntamente em várias oportunidades de negócios, principalmente nos mercados de grandes riscos e resseguros”. A seguradora norte-americana permanece com seus negócios no País por meio da AIG Brasil Companhia de Seguros..
Fonte: Gazeta Mercantil