Allianz estuda aquisições para crescer
Marisa Cauduro / Valor
Vicente Tardio, novo presidente do grupo Allianz para América do Sul: “Nosso objetivo é não só cumprir as metas, mas crescer mais que o mercado local”
A Allianz Seguros, novo nome da AGF desde o dia 1º de março, quer deixar de ser uma companhia média no Brasil. O maior grupo segurador da Europa e o segundo do mundo, atrás apenas da americana AIG, não descarta nem mesmo aquisições para aumentar sua fatia no mercado brasileiro. Além disso, a companhia fixou como objetivo crescer a taxas maiores que as do mercado local.
Um dos primeiros passos na nova estratégia do grupo alemão foi a nomeação de um responsável pelas operações na Península Ibérica e América do Sul. Antes, países como Brasil e Argentina estavam subordinados ao escritório de Paris. Agora, passam a reportar à Madri, onde ficará o novo presidente, o espanhol Vicente Tardio.
Tardio passou por São Paulo ontem, para participar dos eventos que marcam a troca da marca, que vão consumir R$ 15 milhões em marketing. “O fato de um grupo tão grande como o Allianz dar sua marca ao Brasil é sinal de que aposta neste mercado, que é estratégico para o grupo”, disse o executivo ao Valor. O Brasil foi o terceiro país do mundo a mudar a marca, depois de Argentina e Bélgica. Nos últimos quatro anos, o Brasil foi um dos que mais cresceu dentro do grupo Allianz, que opera em 70 países. A Allianz ocupa a oitava posição no ranking brasileiro, excluindo as operações de vida.
O principal objetivo de Tardio é aumentar o intercâmbio entre a América do Sul e a Península Ibérica. A Espanha é o quinto maior mercado da Allianz no mundo, com prêmios de 2,6 bilhões de euros ao ano. Também é considerado uma das operações mais eficientes e com melhor tecnologia. O projeto é que o Brasil siga os mesmos passos. Para isso, Tardio quer criar um intercâmbio para incentivar o desenvolvimento de tecnologias e aumentar o treinamento de profissionais, inclusive para operar no mercado aberto de resseguros.
O Brasil está entre as 20 maiores operações do grupo no mundo, que opera em 70 países. Em 2006 o país entrou no grupo dos mercados que faturam mais de 500 milhões de euros. No ano passado, já ultrapassou os 600 milhões de euros.
“Nosso objetivo é não só cumprir as metas, mas crescer mais que o mercado”, diz ele. Para isso, quer aumentar a eficiências das operações aqui, o que inclui a melhora dos equipamentos dos corretores para facilitar as vendas. Além disso, vai analisar as oportunidades de aquisição que aparecerem.
Para o resseguro, o grupo Allianz ainda não definiu que estratégia terá no Brasil. Segundo Tardio, o conselho do grupo, que tem uma das maiores resseguradoras do mundo, a Allianz Re, avalia se vai operar no país como ressegurador admitido (com escritório de representação) ou como local (constituindo empresa aqui).
O grupo Allianz fez uma façanha em 2007 na Alemanha. Lucrou US$ 11,7 bilhões, não só o maior resultado da companhia, como também o maior da história alemã. O faturamento bateu em US$ 151 bilhões. No Brasil, faturou R$ 1,6 bilhão. O lucro líquido foi de R$ 70 milhões.
Ainda com relação à mudança da marca no país, a estratégia para fixar a marca Allianz inclui a Fórmula 1. O grupo é patrocinador mundial do campeonato e trouxe esta semana para São Paulo um simulador do carro original da escuderia Williams, que pode ser pilotado no Shopping Eldorado. Em outro shopping da cidade, o Market Place, montou uma réplica do Allianz Arena, estádio de Munique onde ocorreu a abertura da Copa do Mundo de 2006.
Em 1997, a Allianz adquiriu 57,6% do grupo francês AGF, que já operava há quase 100 anos no Brasil. Em agosto do ano passado, chegou aos 100% do capital e começou o processo de mudança de marca. Dentro dos eventos para anunciar a mudança da marca, executivos das unidades da França, Alemanha, Itália também vieram ao Brasil ontem.
Fonte: Valor