GE cobiça setor imobiliário e aeroportos
A versátil gigante norte-americana General Electric, que atua em setores tão diversos quanto entretenimento, turbinas para geração de energia e equipamentos hospitalares, estuda ingressar em novos negócios no Brasil. O setor imobiliário é um deles. “O país da América Latina em que estamos focados em ´real state´ é o Brasil”, afirma Marcelo Mosci, o novo presidente da GE para a América Latina.
O mineiro Mosci, que substituiu Alexandre Silva, conta que o setor imobiliário desperta o apetite da empresa, principalmente porque a experiência da GE no México foi muito bem-sucedida.
Por enquanto, a empresa ainda está mapeando o segmento para decidir de que formas atuará. As opções vão desde a criação de um fundo para investir em projetos comerciais e ser fornecer de bens em segurança, iluminação e outros em obras até ingressar no financiamento para aquisição de imóveis.
Além do setor imobiliário, pela primeira vez em seus quase 90 anos de Brasil, a empresa pensa em investir em projetos como acionista. “Estamos olhando com carinho a área de infra-estrutura, como portos, aeroportos e setor elétrico”, explica Mosci. De acordo com ele, a empresa não tem intenção de ser operadora em nenhuma dessas áreas, mas um parceiro financeiro.
No Brasil desde 1919, quando abriu uma fábrica de lâmpadas, atualmente a empresa tem seis grandes áreas de atuação, com inúmeras ramificações dentro de cada uma delas, num total de mais de 50 empresas.
Marcelo Mosci assumiu o comando para a região com a missão de, no prazo de três a quatro anos, dobrar o faturamento, que no ano passado foi de US$ 6 bilhões. Se atingir sua meta, o executivo conseguirá ampliar a participação da América Latina no portfólio da GE, que faturou US$ 163 bilhões no ano passado.
O crescimento para a companhia como um todo deve ser mais lento, ao mesmo tempo em que a área internacional ganha cada vez mais importância. Em 2007, pela primeira vez, a GE vai faturar mais em outros países do que dentro de casa.
Mosci é um otimista em relação ao potencial latino-americano e acha que o grande defeito dos países da região é não saber “vender” a sua imagem. “A China sabe se vender, assim como os países do Sudeste Asiático.”
O executivo prevê altas taxas de crescimento regional, que impulsionarão o consumo e ampliarão a demanda por projetos de infra-estrutura de modo geral. O fornecimento de água, em especial, diz ele, vai exigir investimentos. “Essa é uma preocupação mundial e quando você exporta soja, está exportando água, por exemplo.”
Para sustentar suas previsões, ele cita um estudo feito a partir de dados da revista britânica “The Economist”. “Na América Latina inteira, de 2002 a 2006, 65 milhões de pessoas que recebiam até US$ 4 dólares por dia ascenderam a uma faixa de renda entre US$ 4 e US$ 35.” O Brasil, diz, respondeu por quase metade desse número. A previsão é que até 2010, na região, o número de pessoas quase dobre, alcançando 106 milhões .
“O portfólio de produtos da GE segue o que essa nova camada de consumo vem pedindo: TV, geladeira, energia, água, transporte, assistência médica, segurança e entretenimento”, diz Mosci. Segundo ele, não há um país sequer onde não seja preciso fazer nada.
Conforme diz o executivo, que ocupa cargos na companhia americana desde 1999, assim como a região – onde a GE cresce ao ritmo de 17% ao ano -, “o Brasil vive um momento bastante favorável. Esse foi um dos motivos da decisão de mudar a sede da GE na América Latina da Cidade do México para São Paulo.
O faturamento no Brasil foi de US$ 1,9 bilhão no ano passado e a previsão para 2007 é de um crescimento de 10%. O México ainda tem o maior peso regional, com metade d o total de US$ 6 bilhões.
Além de infra-estrutura, Mosci mira também os setores de óleo e gás – a GE comprou neste ano a Vetco, que atua em perfuração de poços – e o de biodiesel. A empresa já desenvolve uma turbina para gerar energia movida a etanol.
Fonte: Valor
