A cultura do seguro vai à escola e o mercado cresce
O mercado de seguros mudou bastante nos últimos dez anos e quase quadruplicou de tamanho: passou de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 3,3%. A explicação é que a cultura do seguro – de vida, de saúde, de automóveis – tem sido difundida pelas companhias seguradoras e pelos corretores de seguros nas escolas de ensino médio e universidades.
Atualmente, apenas no Estado de São Paulo, o setor reúne 28 mil corretores, segundo dado do Sindicato dos Corretores de Seguros, Empresas Corretoras de Seguros de Saúde, de Vida, de Capitalização e Previdência Privada no Estado de São Paulo (Sincor-SP).
O seguro de carro é o mais procurado pelas pessoas, com 30% da base de segurados. O seguro de vida também está nessa faixa, próxima dos 30%, seguido por seguro residencial, contra incêndios e outros, com 16%. O restante está espalhado por diversas outras categorias de seguros, como o de previdência privada.
Antes, o empecilho para a previdência privada crescer era a inflação. Agora, o seguro de previdência privada vem crescendo, assim como o seguro saúde, afirma o presidente do Sincor-SP, Leôncio de Arruda.
Automóveis
A Porto Seguro, uma das maiores empresas do ramo, confirma que o seguro mais procurado é o de automóveis. A empresa trabalha por meio de nove mil corretores na Grande São Paulo e oferece uma vasta oferta de serviços adicionais aos segurados: serviço de guincho, convênio com redes de estacionamento, reparos hidráulicos, elétricos e chaveiros. Tem até substituição de telhados. Há uma boa percepção do segurado quanto a esse tipo de serviço, afirma o diretor de produção da Porto Seguro, José Luís Ferreira.
Arruda, do Sincor-SP, afirma que a maior parte dos sinistros (quando o cliente pede indenização) refere-se a seguro saúde (84% do total), seguido pelo sinistro de automóveis (74%) e outros (70%). Atualmente, o presidente do sindicato estima que mais de 30% da frota nacional de veículos faz seguro, dos quais entre 70% e 75% têm até cinco anos de vida útil. Historicamente, um seguro de automóvel custa entre 8% e 9% do valor de um carro 0 Km. Para automóveis com mais de dez anos de vida útil, o custo do seguro fica na faixa entre 16% e 18% do valor total do carro.
O valor do seguro, no caso dos automóveis, é sempre proporcional ao histórico de roubo de carros no município ou região. Na Grande São Paulo, por exemplo, o valor é bem superior a um município do Interior que não tem histórico de roubo de automóveis. Arruda, do sindicato, comemora a queda do roubo de automóveis na região, de 76%-78% para 70%-72%. Essa queda de criminalidade faz com que seja possível baratear o preço final ao usuário e, portanto, ampliar a base de segurados.
Quando o consumidor faz um seguro com o corretor, é desenhado um perfil histórico para se chegar ao preço (prêmio) do seguro. Na Porto Seguro, esse processo é eletrônico. Tudo é calculado de acordo com as informações do cliente: sexo, faixa etária, uso do automóvel (trabalho ou passeio), condições de estacionamento (próprio, na rua). O nível de detalhe é bastante abrangente. Se o motorista for mulher, o seguro pode ser mais barato; em geral, elas são mais cuidadosas ao volante. Há até distinções entre mulheres solteiras e casadas. Se for um jovem com idade entre 23-27 anos, o valor do prêmio é alto, porque essa é uma faixa considerada de risco.
Renda
Em geral, o segurado faz o seguro de vida ou de automóvel de acordo com sua renda. Se melhora a renda do trabalhador, melhora a demanda por seguro. O seguro de vida, por exemplo, que já esteve em baixa, voltou a ocupar posição relevante nas prioridades do consumidor. O seguro de automóveis também. Hoje, invariavelmente, o comprador do carro 0 Km pode sair da concessionária com o carro segurado. O contato do cliente com o corretor de seguro é feito diretamente ou, se o cliente já tem corretor, a transação pode ser feita entre a concessionária e a corretora de seguros. As empresas trocam as informações entre si e o carro 0 Km sai segurado da concessionária.
Fonte: DIÁRIO DO COMÉRCIO SP
