Pílula abortiva pode ser nova arma contra o câncer de mama
Uma pílula abortiva pode ser usada para tratar o câncer de mama, segundo pesquisadores norte-americanos. O medicamento neutraliza um hormônio feminino, a progesterona, que facilita a proliferação de células mamárias cancerosas em pessoas que possuem uma mutação genética específica.
A intenção inicial do estudo, publicado na edição desta semana da revista científica americana Science, era entender as mudanças que ocorrem em glândulas mamárias com a mutação genética antes da formação dos tumores. Nossa ênfase na época era avaliar o papel de outro hormônio feminino, o estrogênio, que é o foco da maioria das pesquisas sobre o assunto, explicou ao G1 a autora principal do estudo, Aleksandra Poole. No entanto, não encontramos nada nos receptores de estrogênio. E verificamos um aumento considerável de progesterona, afirma. Isso atraiu minha atenção. E é aí que nossa história começa…, diz ela.
Estudando camundongos geneticamente modificados, Poole e seus colegas descobriram que a progesterona facilita a proliferação das células mamárias, induzindo à formação de tumores, em pessoas com essa mutação. Para a orientadora de Poole, e líder da pesquisa, Eva Lee, é uma descoberta crucial para tratar a doença. Cerca de 50% das portadoras da alteração genética desenvolvem o câncer a partir dos 70 anos, segundo ela.
Com o elo entre o hormônio e o tumor revelado, os cientistas passaram a procurar uma maneira de inibir a progesterona em pessoas com essa mutação. A substância escolhida foi a mifepristona, principal componente de uma pílula abortiva, a RU-486 (que funciona, exatamente por neutralizar a progesterona, o que faz o revestimento do útero se soltar).
Com o medicamento, nenhum dos camundongos desenvolveu o câncer. O grupo de controle, que não recebeu o remédio, no entanto, começou a apresentar a doença em apenas oito meses.
Isso abre uma porta importante para a prevenção e para um possível tratamento contra o câncer de mama, afirma Aleksandra Poole. No entanto, mais estudos ainda precisam ser feitos para saber se essa técnica pode ser usada para outros tipos de tumores mamários, alerta.
Fonte: G1