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Aos poucos, renda variável torna-se mais atraente

A queda nas taxas de juros vem despertando o interesse de um investidor mais arrojado para o mercado de previdência privada. Tipicamente conservador, o brasileiro vem aos poucos tomando conhecimento de como funcionam essas aplicações de longo prazo com renda variável e quais suas vantagens num novo cenário marcado pela estabilidade econômica.
A participação desse novo tipo de cliente ainda é pequena. Apenas 5% dos aplicadores optam por uma multicarteira, mesmo com as ações limitadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a até 49% do capital aplicado. E nem todas as seguradoras trabalham com esta porcentagem, como é o caso da Caixa Econômica Federal, que limita em até 30% o investimento em renda variável.
A explicação para tanta cautela, segundo o analista do departamento técnico Superintendência de Seguros Privados (Susep), Alexandre Penner, é simples. “O brasileiro ainda não tem maturidade nem conhecimento sobre aplicações e, quando se trata de um recurso de sua aposentadoria, ele é ainda mais conservador.” Na opinião de Penner, isso deve mudar, à medida que o mercado ganhe sofisticação. “O interessado deve optar pela multicarteira aos poucos, assim que for tomando consciência de que esta opção é vantajosa num cenário estável.”
Prevendo a demanda, as seguradoras vêm se preparando, ao longo de dois anos, para esta tendência e apresentam produtos com aportes, aplicações e rentabilidade para os mais diferentes perfis.
Com 2 milhões de clientes e ocupando o primeiro lugar em volume de contribuição neste segmento, a Bradesco Vida e Previdência investe no poder de persuasão de seus funcionários para mostrar as melhores opções de acordo com o perfil do investidor. “Hoje, estamos vivendo mais e precisamos nos preparar também financeiramente para isto”, comenta o diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência, Marco Antônio Rossi. Para ele, é necessário mostrar, de acordo com o perfil de cada um, as vantagens de cada plano, seja ele um PGBL ou VGBL, de renda fixa ou variável.
Com mais de 43% do mercado, a Bradesco responde por um volume de R$ 40 bilhões em reservas. E, de janeiro a setembro deste ano, cresceu 38% em aplicações do VGBL em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o PGBL teve uma elevação de 36% no mesmo período.
Para a Bradesco, o PGBL representou um crescimento bem acima do mercado geral das seguradoras. De acordo com a Associação Nacional da Previdência Privada (Anapp), o volume de novas contribuições no período foi 4,82% maior do que no ano passado, significando um aporte de R$ 3,216 bilhões. E o VGBL cresceu 41,4% no acumulado até setembro, chegando à casa dos R$ 10,2 bilhões.
O Itaú Vida e Previdência, que representa 19% do volume de contribuição e ocupa o segundo lugar no ranking, trabalha com produtos com até 40% em renda variável. O aporte inicial, no entanto, é de, no mínimo R$ 5 mil. A Brasilprev trabalha com o limite de até 49% de renda variável, imposto pela CVM.
Empresas chamadas independentes – que não pertencem a grandes bancos – também buscam nichos de mercado ou venda cruzada de produtos para crescer em meio à concorrência feroz com instituições financeiras tradicionais. Especialistas apostam que o potencial de crescimento da base de clientes ainda é muito grande, o que permite às seguradoras independentes uma projeção de crescimento de dois dígitos ao ano pelos próximos anos. “O mercado é suficientemente grande. Há espaço para todos”, dz Luciano Snel, diretor de vida e previdência da Icatu Hartford, que hoje conta com uma base de 100 mil clientes em previdência. “Tem ficado cada vez mais claro que o PGBL e o VGBL são veículos de investimento de longo prazo mais interessantes do que fundos tradicionais. E há uma conscientização cada vez maior de que quanto mais cedo se começar a poupar, mais fácil será garantir a aposentadoria”, diz Snel.
O diretor da Icatu Hartford diz que a empresa aposta na venda construtiva e especializada para conquistar o cliente. As reservas dos participantes estão hoje em torno de R$ 1,4 bilhão e devem encerrar o ano perto de R$ 1,5 bilhão, fruto de um aumento na captação de recursos de 30% este ano na comparação com 2005.
A Porto Seguro já conta com um time de 2,5 mil corretores no segmento de previdência. Segundo Silas Kasahaya, gerente comercial de vida e previdência, até setembro, as receitas de contribuição de planos de previdência cresceram 1,5% na comparação com igual período em 2005, para R$ 76,8 milhões, e o número de participantes dos planos cresceu 6%, para 91 mil. As reservas médias passaram de R$ 425 milhões nos primeiros nove meses de 2005 para R$ 531,3 milhões em igual período este ano.

Fonte: Valor

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