Pesquisa da Aon Consulting alerta empresas sobre o correto gerenciamento do benefício saúd
A empresa que não gerenciar corretamente o programa de saúde de seus funcionários sofrerá grande impacto em médio e longo prazos. E correrá o mesmo risco das montadoras norte-americanas, que enfrentam atualmente dificuldades financeiras em decorrência do alto custo dos planos de saúde.
Essa é a constatação de uma pesquisa realizada pela Aon Consulting empresa especializada no desenvolvimento, análise e administração de programas de benefícios, após a publicação dos artigos 30 e 31 da Lei 9656/98 que estabelece que `up grade` ou contribuição fixa gera o direito dos participantes a permanecerem no plano de saúde.
Segundo Humberto Torloni Filho, diretor-técnico de Saúde e Previdência da Aon Consulting, a recomendação fundamental é que as empresas atentem ao fato de que ao oferecer possibilidade de `up grade` ou contribuição fixa aos empregados, deverão mantê-los no plano de saúde proporcionalmente ao seu tempo de contribuição. E, por isso, é importante que as empresas façam estudos para medir o impacto da manutenção dos empregados e de seus dependentes no programa de saúde e façam uma provisão de reservas para este fim:
A manutenção dos aposentados no programa de saúde da corporação é factível. No entanto, um planejamento a longo prazo é necessário, bem como a constituição de reservas. O envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida são fatores importantes que tendem a continuar crescendo no futuro, e que precisam ser considerados desde já nas políticas de RH e financeira das empresas`, alerta Torloni.
Além disso, é fundamental que tenham provisão destes passivos em seus balanços, ou seja, façam previsão dos valores adicionais que, em médio e longo prazos, deverão ser contabilizados para este fim.
Sabe-se que o custo anual de um funcionário ativo no plano de saúde é de R$ 1.000,00. Enquanto, o custo com um funcionário aposentado pode ser de quatro a cinco vezes maior. Sem contar que para cada ano de contribuição fixa ou `up grade` do funcionário (aposentado ou demitido) ele terá direito a um ano adicional no plano de saúde e, após 10 anos de contribuição, a permanência no plano é vitalícia.
Isso significa que os custos do programa de saúde para os grupos de aposentados, por exemplo, podem inviabilizar não só o plano de saúde, como também abalar significativamente a competitividade das empresas.
O estudo, que contou com a participação de 49 empresas, nacionais e internacionais, de diversos segmentos de atuação, teve como objetivo detectar o conhecimento do assunto entre as corporações e, principalmente, alertá-las sobre o tema.
A Aon, que é especialista em consultoria de Benefícios, redesenha o plano de saúde da empresa, prevê quanto a empresa gastará com estes passivos no futuro e qual a constituição de reservas que a instituição deverá criar.
Resultado da pesquisa
O estudo mostrou que 52% das empresas pesquisadas ainda adotam um sistema de custeio que gera a obrigatoriedade de oferecer a continuidade do benefício-saúde no desligamento do participante, no caso de demissão ou aposentadoria. De acordo com Torloni, apesar de a súmula normativa n° 8 ter sido editada em 27 de junho de 2005, é importante notar que, no universo das empresas pesquisadas, 19% ainda desconhecem a norma legal. Das empresas que afirmam ter conhecimento da lei, 77% dizem não ter feito nenhum estudo para verificar o impacto da norma em termos contábeis; 23% afirmam ter feito estudos dos impactos; e seis empresas não responderam.
Embora 77% das empresas afirmarem não terem feito estudo, conforme as normas contábeis (FAS 106 / CVM 371 / IAS 19), as sociedades anônimas com ações em bolsas de valores são obrigadas a efetuarem este tipo de provisão em seus balanços. Das 31 empresas que analisaram o assunto, 11 optaram por manter o plano sem alteração, e quatro optaram por mudar o plano.
Com base em uma amostragem de nossa carteira de 53.842 vidas, observada por um período de 36 meses, verificamos que, enquanto a sinistralidade de um empregado ativo foi 75,42%, a sinistralidade do grupo de aposentados e seus dependentes foi 227,90%`, lembra o diretor-técnico de Saúde e Previdência da Aon Consulting. `Esta diferença é um passivo que deve ser contabilizado pelas empresas`, ressalta.
Fonte: Revista Cobertura