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Mulheres seguras se apoiam em outras mulheres – a importância das referências femininas nas tomadas de decisões corporativas

Pergunte a uma mulher quais são as suas referências profissionais. As minhas experiências como mentora me ensinaram que para muitas, esta é uma indagação de difícil resposta e quando ela surge, possivelmente as pessoas indicadas serão (em sua maioria), homens. Com isso, costumo pedir para o encontro seguinte a pesquisa de perfis de mulheres que tenham se destacado em suas carreiras e possam – também – servir de inspiração.

Nesta tarefa, o Sou Segura Summit, maravilhosamente realizado no último mês, facilitou muito a vida da mulher que busca conhecer outras mulheres admiráveis. Na ocasião, em apenas dois dias, foi possível ouvir falas de mais de sessenta mulheres com as atuações, trajetórias e opiniões das mais diversas, mostrando que existem, sim, mulheres habilitadas para falar, ensinar, inspirar e decidir sobre qualquer coisa.

Contudo, ainda que tenhamos mulheres talentosas por todos os lugares, é necessário reconhecer que muitas das posições de alta gestão são majoritariamente ocupadas por homens. Neste contexto, o comportamento mais intuitivo de uma mulher que ambiciona ocupar as mesmas posições é o de se espelhar em quem já está na cadeira (isso mesmo, nos homens). Ter homens como referências na carreira corporativa, por si só, não pode ser visto como um problema – mas saber que existem referências femininas com o mesmo potencial de realização e desconsiderá-las, é no mínimo, pouco estratégico para a carreira. A este respeito, certa vez mencionou a ex-primeira ministra do Reino Unido, Theresa May :    

“Algumas das minhas colegas achavam que deviam se comportar como os homens, ficar na sala de fumantes, beber com eles, este tipo de coisa. Tratando a coisa como se fosse um clube. Eu não achava isso. Quero pensar que sempre encarei tudo de um jeito muito mais profissional e, portanto, sinto que posso fazer as coisas à minha maneira, em vez de ter que me encaixar em um estereótipo. É uma das minhas principais preocupações com as mulheres nos negócios e na política: que as mulheres muitas vezes abordam as coisas de maneira diferente, tão válida quanto a dos homens. Elas farão um trabalho tão bom quanto o deles, porém diferente. Não acho que não pode haver essa diferença, que a mulher tenha que fazer da mesma maneira que os homens.” 

Durante o primeiro dia do Sou Segura Summit, tive a oportunidade de experimentar uma situação muito ilustrativa da ‘maneira diferente’ das mulheres fazerem as coisas: chegando no Teatro B32, entrei no elevador para me direcionar ao auditório junto com mais duas mulheres, quando nós três nos demos conta de que estávamos, ao mesmo tempo, olhando o espelho do elevador e checando o cabelo, a roupa ou o batom, até que uma delas comentou:    

– É tão bom participar desse evento para mulheres, a gente fica até à vontade para se olhar no espelho do elevador.

Momentos depois, revejo essa mesma mulher, espontânea e acessível, no palco do evento como mediadora de um dos painéis, se apresentando como líder de uma importante organização do mercado segurador.

Contar com algumas referências profissionais femininas como inspiração de carreira pode dar a dimensão que é possível ocupar os espaços corporativos de tomada de decisão. Mas a inspiração vinda da existência (e conhecimento) de não só algumas, porém várias referências profissionais femininas para a carreira, permite que as mulheres se sintam mais propensas a ocupar estes espaços à sua própria maneira, com menos necessidade de validação do padrão vigente, com isso tornando as organizações mais suscetíveis à tomada de decisões inovadoras, diversas, sustentáveis e possivelmente, mais lucrativas.

Mulheres seguras apoiam e respaldam outras mulheres, pois cientes do potencial estratégico desta decisão para suas carreiras e para o sucesso das organizações em que atuam.

Fabiana Meira Maia

Diretora Jurídica, de Sinistros e Controles Internos da JNS Seguros. Advogada (UFMG), Especialista em Direito Civil e Empresarial (PUCPR) e LLM em Direito Corporativo (IBMEC). É professora da graduação em Direito, mentora de desenvolvimento de carreira (incluindo o 4º Ciclo de Mentoria da Sou Segura), palestrante, membro das Comissões de Advocacia Corporativa e Direito Securitário da OAB/PR e representante da JNS nos Comitês Técnicos da Federação Nacional das Seguradoras – Fenseg. Mãe do Miguel e do Bernardo.

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