Mulheres e a síndrome da impostora
“Às vezes, acordo e não me acho capaz de estar nesta cadeira de presidente, me sinto uma fraude”. Essa frase ouvi de uma cliente minha, uma coachee, sobre a fragilidade do seu sucesso. Por que muitas mulheres, apesar de todas as conquistas na vida, se sentem desvalorizadas e desenvolvem a chamada “síndrome de impostora”?
A semana passou e a questão ficou me martelando a cabeça até que, coincidentemente, uma amiga, diretora de RH de uma grande empresa, me ligou. Logo perguntei sobre o que se tratava – ela sempre com a agenda cheia e sem tempo – e me surpreendi com a resposta: confessou que não se sentia verdadeira diante de sua equipe, parecia que estava enganando alguém, que não tinha a força que pensavam que ela tinha. Havia se tornado outra vítima da síndrome de impostora.
Como surge e como se desenvolve essa síndrome de impostora? Essa síndrome é desenvolvida por pessoas que lidam com a baixa autoestima e uma extrema rigidez e autocrítica em relação ao próprio desempenho. A pessoa cria uma autopercepção, no caso, em que se considera menos qualificada para uma determinada função ou cargo.
O termo foi usado pela primeira vez pelas psicólogas Suzanna Imes e Pauline Rose Clance na década de 1970. Quando o conceito de síndrome de impostora foi introduzido, originalmente se pensava que se aplicava a mulheres de alto desempenho. Desde então, tem sido reconhecido como presente em ambos os sexos e todas as idades. Estima-se que 70% das pessoas experimentem, pelo menos, um episódio desse fenômeno em suas vidas.
Identificando os traços da síndrome de impostora
Se você acha que pode ter síndrome de impostora, sugiro, como Coach, que se faça os seguintes questionamentos:
Você sofre com pequenos erros ou falhas do seu trabalho?
Você atribui seu sucesso à sorte ou a fatores externos?
Você é muito sensível a críticas de todos os tipos?
Você sente que será “descoberto” como uma fraude?
Você minimiza sua própria experiência, mesmo em áreas onde você é genuinamente mais habilidoso do que outros?
O grande problema da síndrome de impostora é que o pensamento negativo, a insegurança e a autossabotagem que, frequentemente, caracterizam a síndrome de impostora, podem ter efeito em muitas áreas da sua vida. Inclusive na sua saúde.
Causas da síndrome de impostora
Sabemos que certos fatores podem contribuir para o surgimento da síndrome do impostor. Por exemplo, você pode ter vindo de uma família que nunca valorizou suas conquistas, uma família muito crítica ou ainda de uma família extremamente simples onde ninguém conseguiu chegar aonde você chegou.
É conhecido também que a inserção de um novo papel – um novo cargo, um novo desafio – pode desencadear a síndrome do impostor.
Como lidar com a síndrome
Para superar a síndrome do impostor, você precisa começar a se questionar alguns pontos importantes como:
Que crenças eu tenho a meu respeito? O que acho de mim?
Acredito que sou digno de amor e de respeito como sou?
Devo ser perfeito para os outros me aprovarem?
O perfeccionismo desempenha um papel significativo na síndrome do impostor. Você pode pensar que existe um “script” perfeito para alguém de sua posição e, provavelmente, tem problemas para pedir ajuda e pode procrastinar devido aos seus próprios altos padrões.
Para superar esses sentimentos, você precisa enfrentar algumas dessas crenças profundamente arraigadas que mantém sobre si mesmo. Isso pode ser um grande desafio porque talvez nem você perceba que existam essas crenças. O que você pode fazer então para lidar com a síndrome?
Questione seus pensamentos. Ao avaliar suas habilidades, se questione se seus pensamentos são racionais. Faz sentido que você seja uma fraude, considerando tudo o que sabe? Anote elogios que recebeu, prêmios, momentos em que foi valorizado. Deixe tudo escrito para ler toda vez que tiver dúvidas a seu respeito.
Pare de comparar. Toda vez que você se comparar com os outros, poderá encontrar erros para justificar o seu sentimento de inferioridade. Lembre-se: ninguém é perfeito.
Compartilhe seus sentimentos. Converse com outras pessoas sobre como você se sente. As crenças irracionais tendem a desaparecer quando são confrontadas.
Concentre-se nos outros. Embora isso possa parecer estranho, ajude outras pessoas na mesma situação que você. Se perceber alguém reagindo de forma semelhante, mostre o seu valor, suas competências. Ao ajudar os outros, você ganhará confiança em suas próprias habilidades.
Avalie suas habilidades. Faça uma avaliação realista sobre suas competências. Anote suas realizações e no que você é bom e compare isso com sua autoavaliação.
Dê um passo de cada vez. Nada nem ninguém é perfeito. A única coisa de que temos certeza é de que vamos errar – só avança quem erra e aprende – e faça o melhor que puder sem se cobrar a perfeição.
Não há mágica para solucionar a síndrome de impostora. É necessário lidar com a angústia que essa síndrome gera e enfrentá-la de frente. É necessário ter foco no lado positivo da sua vida e em suas realizações.
Por isso, convido você a refletir: você conhece bem suas forças? Sabe quais são suas mais importantes competências?
Quando digitar a última palavra, vou fechar o computador e ligar para a minha amiga: vou lembrá-la de tudo que conquistou na vida. Precisamos praticar a sororidade, a empatia e a colaboração, precisamos apoiar outras mulheres neste desafio contínuo de autovalorização.
Eu, daqui do meu home office, agradeço a você pela leitura e espero contribuir para seu sucesso.