Seguros para todos: inclusão, longevidade e o papel do setor na proteção de uma nova sociedade
Historicamente, o seguro sempre foi visto como um produto voltado às camadas mais altas da população e uma proteção financeira acessível para poucos. No entanto, esse paradigma vem sendo desafiado por uma realidade cada vez mais complexa, desigual e diversa. Em um país como o Brasil, onde mais de 70 milhões de pessoas ainda vivem em situação de vulnerabilidade financeira, pensar em seguros inclusivos não é apenas uma questão de mercado, é um compromisso social.
O conceito de microsseguro (seguros voltados para a população de baixa renda e adaptados às suas necessidades, tanto em sua forma de distribuição como na cobertura e serviços oferecidos) vem ganhando relevância justamente por sua capacidade de ampliar o alcance da proteção.
Quando bem estruturados, esses produtos são capazes de mitigar riscos cotidianos como acidentes, doenças e perdas patrimoniais, além de promover educação financeira, autonomia e dignidade para um público que até então não era atendido por esse tipo de serviço. O impacto é direto: famílias que antes estavam à mercê do imprevisto passam a ter um mínimo de previsibilidade e segurança.
Outro ponto crítico dessa discussão é a longevidade. O Brasil está envelhecendo. Em menos de duas décadas, o número de pessoas com mais de 60 anos vai duplicar. O envelhecimento da população está redefinindo as estruturas sociais e impondo novos olhares sobre o papel das empresas, como agentes de transformação responsável.
Esse movimento, ainda pouco absorvido por muitas cadeias produtivas, exige respostas concretas do mercado segurador. Nesse contexto, surgem oportunidades reais de inovação, com coberturas adaptadas ao envelhecimento e produtos combinados com serviços de cuidado e bem-estar. Mais do que proteção, o seguro pode ser um instrumento de qualidade de vida e de permanência ativa na sociedade.
Também precisamos falar de acessibilidade em seu sentido mais amplo: linguagem simples, canais digitais e físicos adequados, processos de contratação e sinistro desburocratizados. A lógica da exclusão está, muitas vezes, nos detalhes. Um contrato indecifrável, um aplicativo que não considera idosos, a miopia diante das comunidades periféricas – tudo isso afasta milhões de brasileiros de um direito básico: o da proteção.
Incluir, nesse contexto, é também reconhecer a diversidade de vidas, trajetórias e necessidades. É criar produtos que entendam realidades diferentes, do trabalhador informal à idosa que vive sozinha, da mãe solteira à pequena empreendedora, dona do seu negócio.
O mercado de seguros tem, sim, um papel econômico relevante. Mas seu impacto social pode ser ainda maior. Proteger vidas e patrimônios é, em última instância, construir redes de confiança. É permitir que pessoas (todas elas, não apenas as que sempre tiveram acesso) possam sonhar, planejar e seguir em frente, mesmo diante do inesperado.
