Navegando em Novos Mares: Liderança Feminina e o Setor de Seguros
A jornada de uma líder, especialmente no mercado corporativo brasileiro, é muitas vezes marcada por curvas inesperadas e a coragem de abraçar o novo. E minha trajetória não foi diferente. Por 16 anos, dediquei minha paixão e experiência jurídica a uma das marcas mais queridas do Brasil, Havaianas. Essa base sólida me preparou para o que viria a ser o meu próximo grande desafio: o mercado de seguros.
Há pouco mais de dois anos, fiz a transição para este setor dinâmico e fundamental, assumindo inicialmente a Diretoria Executiva Jurídico e Compliance, e, posteriormente, agreguei a área de Controles Internos e Riscos, na Alper Seguros. O movimento de uma área para outra não foi apenas uma mudança de CNPJ, mas um salto de confiança no poder da adaptabilidade e do aprendizado contínuo. É essa capacidade de reinvenção que define, em grande parte, a força da mulher executiva moderna.
Mudar de setor em uma posição de liderança exige mais do que conhecimento técnico: exige resiliência. E ter uma visão voltada para a governança e o risco tornaram essa transição um pouco mais leve, além da disposição de aprender todos os dias!
O mercado de seguros, embora evoluindo, ainda é um campo onde a representatividade feminina, especialmente nos níveis de C-Level e em funções como a minha (que exige uma visão estratégica), precisa crescer. De acordo com estudo realizado pela ENS, publicado em junho de 2025, apesar de a presença feminina ser maioria nas seguradoras – 55% – nos cargos de direção a proporção é de 2,4 diretores para cada diretora. Ressalte-se que já se trata de uma melhora em relação à proporção de dez anos atrás – 4 para 1 – mas ainda há muito o que melhorar.
Os desafios que enfrentamos são muitos: viés Inconsciente (persistência de estereótipos que associam certas posições de alta liderança a perfis predominantemente masculinos, acesso à rede (dificuldade em acessar networks e mentorias que historicamente foram dominadas por homens) e retenção de talentos (saída de mulheres talentosas do mercado após a maternidade devido à falta de estruturas de apoio e flexibilidade). E esses são apenas alguns exemplos.
Além disso, o desafio de conciliar essa jornada intensa com outros papéis, como a maternidade, por exemplo (sou mãe de dois meninos) é uma lembrança diária da nossa capacidade inata de gerenciar o complexo, de balancear a alta performance profissional com a dedicação familiar. De todo modo, não podemos nos iludir: a dupla jornada é real, dura e, para muitas mulheres, é o principal desafio. Mas é também onde forjamos nossas maiores habilidades: gestão de tempo, empatia e foco, que são inestimáveis no mundo corporativo.
Agora a boa notícia: apesar de todos os desafios, vejo uma oportunidade incrível neste setor. O seguro é sobre confiança, cuidado e proteção – valores que ressoam profundamente com a liderança feminina. Mulheres trazem perspectivas diferenciadas para a avaliação de riscos, para a inovação de produtos e para a criação de culturas de compliance mais robustas e éticas.
Se você está na área, ou pensando em fazer uma transição como eu fiz, lembre-se: sua experiência, seja ela qual for, é um ativo inegociável. A profissional que fui em experiências anteriores, foi o que me trouxe até aqui. A mãe que sou é a líder que busca construir um ambiente de trabalho mais humano e justo.
Vamos juntas desafiar o status quo e garantir que a próxima geração de líderes do setor de seguros seja tão diversificada e resiliente quanto a cobertura que oferecemos aos nossos clientes.
Minha mensagem é clara: o setor de seguros precisa da nossa voz, da nossa visão e da nossa liderança. O futuro do mercado de seguros é feminino, e estamos prontas para liderá-lo.
