Mercado de Seguros

Tarifaço: impactos ainda não são visíveis no mercado de seguros

Há dois meses, a coluna Mercado & Fomento, aqui no portal CQCS, alertava para os riscos que o tarifaço anunciado por Donald Trump poderia trazer ao mercado de seguros brasileiro. O aumento para 50% nas tarifas de produtos estratégicos, em vigor desde 6 de agosto, foi apontado como um fator de pressão sobre exportadores, capaz de gerar reflexos diretos em seguros de crédito à exportação, transporte internacional e até nas carteiras rurais.

Naquele momento, analistas projetavam alta na inadimplência internacional, instabilidade nas cadeias logísticas e retração nas receitas de setores como carne bovina, café, frutas e calçados, todos relevantes na pauta exportadora para os Estados Unidos. O cenário indicava a possibilidade de maior demanda por seguros de crédito e produtos mais sofisticados de mitigação de riscos.

No entanto, pouco mais de um mês após a entrada em vigor do tarifaço, o quadro observado é de resiliência. O gráfico mais recente de projeções para o PIB de 2025 mostra uma queda mínima nas previsões médias das expectativas de crescimento, em torno de 0,05%, de 2,21% para 2,16%; ou seja, oscilando entre 2,0% e 2,2%.

Segundo Francisco Galiza, consultor da Rating de Seguros e colunista da coluna “Na ponta do lápis”, os efeitos projetados ainda não aparecem nas previsões divulgadas pelo Banco Central:

“As previsões do mercado financeiro ainda não estão mostrando esses efeitos de forma expressiva, ou seja, essas quedas do PIB.”

Ele acrescenta que, por enquanto, as projeções permanecem relativamente preservadas:

“Até agora, não afetou as previsões do mercado financeiro de forma significativa para esse ano, se situando dentro de uma faixa de variação.”

Esse comportamento também se reflete no mercado de seguros. Ao contrário do que se antecipava na coluna Mercado & Fomento, não se registrou até agora retração expressiva na demanda por seguros de crédito ou transporte, nem movimentos de reprecificação em larga escala. O agronegócio e a indústria exportadora seguem atentos, mas a carteira seguradora mantém estabilidade.

Isso não significa, contudo, que o risco esteja superado. A pressão sobre cadeias produtivas permanece, e, no médio prazo, pode reduzir contratações em segmentos ligados ao comércio exterior, exigindo dos corretores e seguradoras atenção redobrada.

Por ora, o mercado de seguros brasileiro demonstra resiliência. Mas, caso as tarifas se prolonguem ou sejam ampliadas, os impactos previstos pela Mercado & Fomento podem voltar ao centro do debate, testando a capacidade de adaptação das seguradoras e o papel consultivo dos corretores diante de um comércio global mais instável.

Fonte: CQCS

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