Da insegurança à autoconfiança
Recentemente, ouvi uma frase em uma palestra: “Nós não temos pacto com o erro.” Considerando o tema abordado (transição de carreira), isso fez muito sentido para mim. Ao longo da minha trajetória corporativa, percebi que muitos têm medo de mudar, e isso muitas vezes acontece por receio de tentar e não dar certo, além do medo do julgamento das outras pessoas. O fato é que a transição de carreira é um dos desafios mais enriquecedores da vida profissional. Às vezes, somos levados a mudanças por paixão, necessidade ou visão de futuro. A primeira vez que trilhei um caminho diverso foi por paixão, enquanto a segunda foi por necessidade, mas sempre guiada pelo desejo de evolução e propósito.
Minha jornada começou na dança. Como bailarina, vivi a disciplina, a entrega e a sensibilidade que essa arte exige. No entanto, percebi que, além da expressão corporal, eu poderia expandir meus horizontes, e a profissão de Comissária de Bordo agregava à disciplina que eu já tinha a possibilidade de ampliar os horizontes que tanto desejava.
Mas foi depois de uma grande decepção nesta área que o Direito se apresentou como uma oportunidade de entender mais sobre as leis que regem a sociedade e, com isso, ter maior autonomia sobre os meus direitos.
Passados 10 anos intensos nesta carreira, senti a necessidade de ter mais qualidade de vida. Foi neste momento que encontrei o empreendedorismo em tempo parcial. Por 2 anos, atuei em paralelo com a minha profissão até que os resultados começaram a se destacar. Isso exigiu que eu saísse completamente da minha zona de conforto e colocasse em prática a disciplina e o foco que a Dança me ensinou.
Coisas como falar em público e vender algo me faziam literalmente tremer na base. Mas eu desejei tanto que desse certo, tudo para que eu pudesse ter mais qualidade de vida e tempo de qualidade com a minha família, que estava disposta a sair da zona de conforto, a pagar o preço e aprender essas novas e desafiadoras habilidades. Empreender tem sido, para mim, uma escola de negócios onde, comunicação, venda e negociação caminham lado a lado.
Reaprender e, muitas vezes, recomeçar não é nada fácil, mas é também uma oportunidade de reinvenção. Hoje, atuo em duas áreas distintas, mas que se completam: a saúde física e a saúde financeira. Compreendi que ambas caminham juntas e impactam diretamente o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas.
Mudar de área profissional não significa abandonar tudo o que foi construído, mas sim agregar experiências e habilidades para criar um novo caminho. A dança me ensinou disciplina e resiliência; a profissão de Comissária me trouxe mais conhecimento sobre como lidar com pessoas; o Direito me proporcionou raciocínio crítico e análise; e o empreendedorismo me fez desenvolver visão estratégica e adaptabilidade. Cada fase da minha trajetória contribuiu para o que sou hoje.
Para aqueles que pensam em mudar de carreira, o primeiro passo é compreender seus objetivos e interesses. O que realmente te motiva? Qual impacto você deseja causar no mundo? Depois, é essencial buscar conhecimento, seja por meio de cursos, mentorias ou experiências práticas. Além disso, o networking se torna um grande aliado, pois conexões certas podem abrir portas e acelerar a transição. Inspire-se em pessoas que já chegaram onde você deseja estar. Cerque-se de pessoas que buscam e almejam crescer.
Campinas tem sido meu lar há mais de 20 anos, foi aqui que construí minha nova jornada. Entendi que mudanças são oportunidades e que o sucesso não está em permanecer no mesmo caminho por toda a vida, mas sim em ter coragem para buscar aquilo que faz sentido em cada fase.
A transição de carreira não é sobre começar do zero, mas sobre transformar sua história em uma nova versão, mais alinhada com seus valores e ambições. Se há algo que aprendi ao longo dos anos, é que evoluir é necessário e que cada experiência, por mais distinta que pareça, sempre contribui para o nosso crescimento.