Brasil volta a cair em ranking global de previdência
Qual é a diferença que separa a Islândia da Tailândia quando se fala em sistemas de previdência? Enquanto o país nórdico lidera um ranking global da consultoria Mercer sobre o tema, a nação asiática ficou em último lugar de uma lista de 44 países.
O Brasil também não está bem colocado: caiu uma posição em relação a 2021 e ficou em 31º lugar.
Na lista, fica atrás de praticamente todos os países latino-americanos analisados: Colômbia, Chile, Uruguai e Peru. Só não perde para a Argentina.
O objetivo do estudo é analisar a previdência como um todo, seja pública ou privada. E, no contexto da previdência complementar, há mudanças em todo o mundo que afetam os futuros aposentados.
Entre os fundos de pensão, por exemplo, os que ofereciam planos de benefício definido (BD), que garantem uma renda vitalícia após a aposentadoria, estão entrando em extinção. No lugar deles, passa a vigorar os planos de contribuição definida (CD), que dependem da poupança feita ao longo da vida. A volatilidade econômica e o aumento da expectativa de vida são variáveis mais sensíveis quando falamos de um plano CD. Um aposentado viverá com a mesma quantidade de dinheiro e terá um desafio maior de rentabilizar esse saldo de previdência para manter seu padrão de vida. Isso exige um planejamento muito grande, afirma o diretor de previdência da Mercer Brasil, Thiago Calçada.
Em dois anos, o Brasil perdeu cinco posições. No levantamento anterior, realizado em 2021, caiu quatro degraus depois da entrada de Islândia, Taiwan, Emirados Árabes Unidos e Uruguai.
Naquela pesquisa, a pontuação do sistema brasileiro havia se mantido. Nessa nova edição, o Brasil caiu mais uma posição, apesar de ter apresentado uma melhora nos três subíndices que compõem o indexador – mas não foi o suficiente para melhorar sua posição na lista.
O resultado também foi afetado pela entrada de Portugal entre as nações que compõem o levantamento. O levantamento da Mercer, chamado de Índice Global de Sistemas Previdenciários, usa a média ponderada dos subíndices de adequação, integridade e sustentabilidade. Na mais recente edição, a nota geral do Brasil subiu, de 54,7, em 2021, para 55,8. Houve melhores resultados nos três indicadores, mas no quesito sustentabilidade deixa a desejar. Essa questão já foi muito discutida durante a reforma da Previdência. A tendência é que o modelo de repartição simples necessite de ajustes futuros, afirma Calçada.
Alguns países fizeram reformas da previdência em que, de uma forma automática, a idade de aposentadoria se ajusta conforme o envelhecimento da população. E, segundo o diretor, neste casos percebe-se uma melhora mais perene do índice de sustentabilidade. A Islândia ficou no topo da lista, com nota geral de 84,7, seguida por Noruega e Dinamarca.
Além de ser sustentável, um sistema robusto tem regras conhecidas, bem definidas e um nível de cobertura adequado. Também reflete, em suas regras, as mudanças esperadas nas populações. Nos países nórdicos, há um sistema de previdência complementar muito estruturado e extremamente difundido, tanto os planos das empresas quanto os individuais, diz o executivo da Mercer. Nestes países, as pessoas sabem que vão precisar e poupam desde cedo. Na lanterna do ranking, a Tailândia alcançou apenas 41,7 pontos.
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